Discurso durante a 58ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Registro da importância da preservação do meio ambiente e do Código Florestal Brasileiro.

Autor
Blairo Maggi (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Blairo Borges Maggi
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MEIO AMBIENTE:
  • Registro da importância da preservação do meio ambiente e do Código Florestal Brasileiro.
Outros:
Publicação
Publicação no DSF de 27/04/2016 - Página 13
Assuntos
Outros > MEIO AMBIENTE
Outros
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, ASSUNTO, RELAÇÃO, MEIO AMBIENTE, ATIVIDADE, PODERES CONSTITUCIONAIS, REGISTRO, IMPORTANCIA, EQUILIBRIO ECOLOGICO, OBJETIVO, CONTINUAÇÃO, PRODUÇÃO, AGRICULTURA, AGRONEGOCIO, PROPOSTA, INCLUSÃO, CODIGO FLORESTAL, COMBATE, DESMATAMENTO, DESTRUIÇÃO, RECURSOS HIDRICOS.

    O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco Moderador/PR - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Presidente Jorge Viana.

    Cumprimento a Mesa, em nome do Ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça; também do Embaixador Mauro Vieira, que é o nosso Ministro de Relações Exteriores; do nosso colega, Senador Cyro Miranda, que está de volta a esta Casa; do Sr. João Ricardo dos Santos, Presidente da AMB; e V. Exª, Presidente, que toca a sessão neste momento.

    Quero cumprimentar todos que participam deste evento e dizer que sou um representante do setor produtivo nesta Casa, assim como vários colegas Senadores que estão aqui.

    Trabalhamos muito no Código Florestal, junto com o Ministro Herman, que foi nosso assessor diário e permanente aqui. Construímos um Código Florestal, à época, como já disse o Senador Cyro na sua fala, que, se não foi o melhor, se não foi o excelente, foi o que de melhor nós pudemos fazer naquele momento. Penso que ele trouxe avanços significativos para a proteção do meio ambiente e também para a consolidação das atividades do agronegócio, da agricultura e da pecuária e da indústria madeireira no Brasil.

    Depois desse evento, nós tivemos um pouco mais de calma entre os vários atores que trabalham nesse setor no Brasil inteiro. Poderia até dizer que trouxemos um pouco de paz, um pouco de harmonia entre setores de fiscalização, setores conservacionistas e produtivos. E falar em produtivos não significa que os produtivos, esses que trabalham na terra, não sejam ambientalistas, também não sejam conservacionistas. Esse setor no qual eu milito tem certeza clara e plena de que sem um meio ambiente equilibrado não há possibilidade de produção.

    Nós já sentimos as diferenças de 20 anos atrás, 30 anos atrás para agora. Eu trabalho, milito no Centro-Oeste, no Estado do Mato Grosso, como no Estado de Goiás, do Senador Cyro, no Estado de Rondônia, do Senador Raupp. E a gente sente as mudanças muito fortes, muito fortes a ponto de se perguntar no dia a dia o que está acontecendo. Na verdade, a gente sabe o que está acontecendo, mas se pergunta: o que está acontecendo? Os regimes de chuvas se alteraram, as ondas de calor são imensas. Eu moro numa cidade que talvez seja uma das mais quentes do Brasil, que é a cidade de Cuiabá.

    Mas mesmo um cuiabano, mesmo eu, que estou há 30 anos lá, tenho reclamado constantemente das ondas de calor que têm atingido aquele Estado, aquela cidade. E isso tem trazido, sim, resultados ruins para os setores produtivos, principalmente para a agricultura, as mudanças climáticas que estão acontecendo.

    Este ano mesmo, no meu Estado, regiões que tradicionalmente nunca tiveram problemas de clima, de seca, como o norte do Araguaia e o médio-norte mato-grossense, tiveram-nos, com quebras substanciais: onde os produtores tinham a possibilidade de colher sessenta, setenta sacos por hectare de soja, acabaram colhendo dez, quinze sacos de soja por hectare. São pontos localizados, mas se isso ainda tem uma tendência de crescer, significa que os problemas na agricultura, os problemas no agronegócio serão cada vez mais fortes e mais evidentes daqui para a frente. E o resultado disso, para um país que é um grande produtor de alimentos... Eu sempre nos comparo com a Arábia Saudita ou com os países da Opep: eles fazem petróleo, fazem combustível para os carros, para os aviões, os navios, e nós fazemos combustível para a vida. Exportamos para mais de 150 países, e dependem...

(Soa a campainha.)

    O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco Moderador/PR - MT) - ... da nossa comida, depende da nossa produção haver paz nesses países.

    Então, senhores, as mudanças estão aí, e o enfrentamento deve ser feito.

    Agora, em relação ao Código Florestal, voltando um pouquinho, eu diria que a nossa legislação é uma legislação boa, que protege bastante o meio ambiente e que põe limites nos setores produtivos. Hoje o Brasil inteiro utiliza 8% do seu Território, apenas 8% de seu Território para fazer agricultura, de todo o Território brasileiro. Mais de 20% desse Território são utilizados para atividades pecuárias, e 68% do Território brasileiro ainda são da forma como foi feito, com algumas degenerações, como disse o Ministro Herman, que são degradações progressivas que temos nas florestas, mas ainda continuam lá.

    Então, a legislação brasileira prevê a manutenção desse status quo. Quando o Senador Valdir Raupp coloca que quer desmatamento zero na Amazônia, eu concordo com o Senador Raupp: eu quero desmatamento líquido zero, porque nós temos várias áreas que foram ocupadas na Amazônia, no meu Estado, que não deveriam ter sido ocupadas. Simplesmente foram ocupadas de forma errada porque, na época de 50, 60 ou 70, a atividade era uma atividade pecuária, e queriam as beiras dos rios, os córregos, para dar água aos animais. A agricultura quer outra situação, quer as áreas mais altas, onde não há água, onde há flora, mas não há fauna.

    Então, o desmatamento líquido, se ele vier a prosseguir... E as empresas, Ministro Herman, e eu também faço parte de um grupo junto com empresas esmagadoras de soja e a Abiove e outras entidades...

(Soa a campainha.)

    O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco Moderador/PR - MT) - ... também defendem isso. Elas não são contra o desmatamento líquido zero. Então, nós devemos avançar nesse caminho, e teremos, no setor produtivo, nas indústrias, nos exportadores e nos consumidores o apoio para levar adiante uma ideia como essa.

    Eu quero saudar a todos e desejar um bom encontro. Sempre é muito importante debatermos esse assunto porque, como eu disse, os problemas já estão aí.

    O tamanho deles pela frente ainda não sabemos, mas temos que aprender a contornar porque alimentos são necessários assim como a gasolina no carro das pessoas. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/04/2016 - Página 13