Discurso durante a 33ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Divulgação de pesquisa do Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria. acerca da situação da segurança pública no país.

Autor
Garibaldi Alves Filho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RN)
Nome completo: Garibaldi Alves Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Divulgação de pesquisa do Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria. acerca da situação da segurança pública no país.
Aparteantes
José Maranhão.
Publicação
Publicação no DSF de 30/03/2017 - Página 31
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Indexação
  • REGISTRO, PESQUISA, AUTORIA, INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PUBLICA E ESTATISTICA (IBOPE), CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDUSTRIA (CNI), ASSUNTO, CRISE, SEGURANÇA PUBLICA.

    O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Senador Paulo Paim, hoje eu não vou falar sobre previdência. Hoje o meu tema é outro.

    Aliás, eu sucedo nesta tribuna à Senadora Lídice da Mata, que, com muita satisfação, estava anunciando investimentos na sua cidade de Salvador, da qual foi Prefeita. Eu também fui Prefeito de Natal, sendo que há uns 500 anos.

    Hoje estou nesta tribuna, infelizmente, para falar sobre a preocupação com a segurança, que está mexendo com os hábitos e pesando no bolso dos brasileiros. Trata-se de uma pesquisa do Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria.

    Segundo os pesquisadores – foi o que eles ouviram –, quando o dia termina e as ruas ficam mais escuras, o semáforo fecha em lugar perigoso ou alguém aparece com atitude suspeita, o medo fica ainda maior para quem já viveu a experiência de um assalto.

    Segundo essa pesquisa do Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria, pasmem, Srªs e Srs. Senadores, quatro em cada dez brasileiros já passaram por isso.

    É impressionante, Sr. Presidente: quatro em dez brasileiros já passaram por isso, pelo problema do assalto, pela ameaça, pelo medo, pelo terror! É a situação, o cenário, hoje, principalmente das nossas capitais. Mas não tenhamos dúvida: no interior, nós também temos essa mesma situação de insegurança.

    "Roubaram todos os objetos que tinha dentro do carro, me estrangularam, me deram murro, me golpearam." Senador José Maranhão, parece até novela da Globo, no que toca pelo menos à lição do amor. Mas eu estou achando que é do ódio.

    "Mas, na verdade, meu vidro estava um pouco abaixado. Ele veio com um caco de vidro e pediu para que eu passasse tudo. E queria que eu abrisse o carro para ele entrar", disse Daniela Moraes, também corretora de seguros.

    "Ao estacionar o meu carro, fui abordado por uma moto e, quando menos esperei, estava com uma arma apontada na minha cabeça", disse o consultor financeiro César Cosme.

    Prossegue o relato do Ibope a respeito da pesquisa: "Além de ser uma companheira indesejada e constante, a sensação de insegurança provoca mudanças de comportamento e mexe até com as finanças das pessoas."

    A pesquisa do Ibope revela que 82% dos brasileiros mantiveram ou aumentaram os cuidados com a segurança nos últimos três anos, e isso significou, para muitos, aproveitar menos a sua cidade e a vida.

    Sr. Presidente, isso é muito grave, mas isso é o dia a dia que nós estamos experimentando. Eu venho a esta tribuna, e não venho trazer novidade nenhuma, porque as pessoas estão dizendo isso, as pessoas estão atemorizadas. E, mesmo se não existisse essa pesquisa do Ibope... E estou me utilizando do Ibope dado o conceito desse instituto de pesquisa, o trabalho que foi realizado, Senador José Maranhão, mas eu poderia estar falando do sentimento daqueles que moram em Natal, daqueles que moram em João Pessoa, daqueles que moram em Recife, das menores capitais às grandes capitais. A população começa a perder o acesso dentro da sua cidade.

    O Sr. José Maranhão (PMDB - PB) – V. Exª me permitiria um aparte?

    O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) – Pois não, Senador José Maranhão. Com o maior prazer.

    O Sr. José Maranhão (PMDB - PB) – O aparte representa o sentimento que, como V. Exª diz muito bem, está se apoderando de todas as cabeças. As pessoas, na realidade, estão extremamente incomodadas, estão inteiramente temerosas, de assalto, pelo simples fato de deambularem na sua calçada, no seu parque, em qualquer ponto frequentado publicamente. Essa questão da violência, no meu modesto entender, Senador, está muito relacionada com a incapacidade de as polícias estaduais enfrentarem sozinhas, sem a participação dos recursos solidários do Governo Federal, a questão da segurança. V. Exª pode verificar isso, inclusive, nos grandes Estados, nos Estados ricos, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde esse problema é mais grave ainda, indicando que há não uma falência do aparelho policial, mas há uma insuficiência do aparelho policial. Os próprios policiais estão desaparelhados, despreparados, porque falta-lhes o treinamento adequado, treinamento técnico, e se sentem impotentes diante da quantidade de assaltos que, em qualquer cidade, ocorre no Brasil. E um aspecto novo desse fato é que essa mesma violência já chegou também às cidades do interior e até aos sítios, às fazendas, às granjas. Muitas pessoas que, por razões de conforto e de necessidade de trabalho, moravam nos seus próprios sítios, onde trabalhavam, deixaram de morar e se deslocaram para as cidades, na esperança de lá encontrarem mais segurança. E, lamentavelmente, não encontram também na cidade essa segurança, porque, quanto maior a cidade, maior o problema. Eu estava lendo, acho que na revista IstoÉ ou na revista Veja, os assaltos que ocorreram no Rio de Janeiro, com turistas que, usando as facilidades modernas do GPS, escolheram uma rota para visitar um lugar de interesse turístico e terminaram dentro de uma favela...

(Soa a campainha.)

    O Sr. José Maranhão (PMDB - PB) – ... sendo vítimas de assalto fatal. Então, eu acho que esse problema é mais do que urgente. O Governo Federal precisa vir em socorro ao Governo Estadual. Precisa vir, e urgentemente, para que os Estados possam investir em treinamento, qualificação e aumento de seus efetivos, para poderem enfrentar isso. A polícia não pode fazer milagre se ela está desaparelhada, se ela está quantitativamente insuficiente para as tarefas que lhe impõem as obrigações constitucionais, de forma que o discurso que V. Exª faz é muito oportuno. Essa questão, com a clareza com que V. Exª a está abordando aqui, certamente precisa ser encarada pelo Governo Federal.

    O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) – Agradeço, Senador José Maranhão. V. Exª tem a experiência de ter sido Governador em tempos mais tranquilos e sabe que, hoje, como citou, o efetivo de qualquer polícia militar, em qualquer Estado do Brasil, é inteiramente defasado. V. Exª sabe também que, ao lado disso, nós temos penitenciárias superocupadas e a polícia civil sem poder realizar os concursos para que possa haver um aumento dos policiais.

    Eu prossigo aqui com a pesquisa do Ibope, pedindo a tolerância do Senador Paulo Paim para chegar às conclusões a que o Senador José Maranhão já chegou.

    Essas mudanças – isto aqui é uma pesquisa do Ibope – foram adotadas por sete em cada dez brasileiros. Quais são as mudanças? A pessoa tem que mudar o caminho de casa para o trabalho e deixa de visitar alguns bairros ou de sair à noite para fazer qualquer visita. Três em cada quatro pessoas ouvidas pelo Ibope gastaram dinheiro para aumentar a segurança nesse período de crise econômica, instalando alarmes, grades e trancas e contratando seguros.

    "Já providenciei um seguro de vida pensando no meu filho também" – disse à pesquisa o Sr. Gustavo Carneiro, um dos indagados pelo Ibope –, "uma coisa que nunca imaginei fazer; um seguro de um bem como o celular, não só o seguro do carro, e isso aumenta muito o meu custo".

    Outro depoimento: "Estou procurando um carro blindado por causa disso. É bem caro. Acho que em torno de 30%, 40% a mais do que o preço do carro normal".

    Embora as pessoas acreditem que políticas sociais sejam uma solução mais eficaz, elas começam a querer uma resposta mais rápida, como falou V. Exª, Senador José Maranhão, e ainda demandam ações de repressão com uma intensidade muito maior. Isso foi o que explicou o pesquisador do Ibope Sr. Renato da Fonseca.

    É aquilo que V. Exª disse no seu aparte: "A sensação é uma sensação de impotência. Você não tem toda a segurança que você precisa, que você paga por isso", afirma Daniela Moraes.

    Sr. Presidente, esses depoimentos falam por si.

(Soa a campainha.)

    O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) – Esses depoimentos que nós estamos aqui lendo são os que o Ibope pesquisou, mas é o que nós ouvimos constantemente nas nossas cidades, como disse o Senador José Maranhão, tanto na grande capital como na menor cidade do Brasil, Senador Paulo Paim. É uma sensação de insegurança.

    Que se coloque um plano nacional de segurança. O Governo Federal – irei dizer isto ao Presidente Michel Temer – precisa investir mais em segurança. Durante esse tempo todo, o Governo Federal se omitiu. Governar é uma escolha de prioridades, apesar de, no momento atual, você governante se sentir impotente e não saber qual a prioridade a dar, mas a segurança é prioridade, Sr. Presidente.

    Muito obrigado, Senador Paulo Paim.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/03/2017 - Página 31