Discurso durante a 40ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro de encontro com o embaixador do Peru em Rio Branco, enfatizando a importância das relações comerciais entre os países, em especial para o Acre.

Satisfação com a inauguração, no dia 23 de março, da sede da Superintendência do DNIT no Acre, órgão até então inexistente no Estado.

Autor
Gladson Cameli (PP - Progressistas/AC)
Nome completo: Gladson de Lima Cameli
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL:
  • Registro de encontro com o embaixador do Peru em Rio Branco, enfatizando a importância das relações comerciais entre os países, em especial para o Acre.
TRANSPORTE:
  • Satisfação com a inauguração, no dia 23 de março, da sede da Superintendência do DNIT no Acre, órgão até então inexistente no Estado.
Publicação
Publicação no DSF de 07/04/2017 - Página 48
Assuntos
Outros > POLITICA INTERNACIONAL
Outros > TRANSPORTE
Indexação
  • REGISTRO, ENCONTRO, EMBAIXADOR, PAIS ESTRANGEIRO, PERU, LOCAL, RIO BRANCO (AC), OBJETIVO, DEBATE, ASSUNTO, IMPORTANCIA, COMERCIO, EXPORTAÇÃO, IMPORTAÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, ESTADO DO ACRE (AC).
  • ELOGIO, INAUGURAÇÃO, DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DOS TRANSPORTES (DNIT), LOCAL, ESTADO DO ACRE (AC), COMENTARIO, POSSIBILIDADE, AMPLIAÇÃO, INFRAESTRUTURA, MANUTENÇÃO, RODOVIA.

    O SR. GLADSON CAMELI (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu peço um pouco de tolerância ao Senador Thieres Pinto para eu fazer um discurso de extremo interesse à sociedade brasileira e ao meu Estado, o Estado do Acre.

    Quero cumprimentar as Srªs e os Srs. Senadores, os telespectadores da TV Senado e os ouvintes da Rádio Senado que nos acompanham ao vivo pelas redes sociais.

    Quem, em sã consciência, planta hoje uma semente e espera olhar pela janela amanhã e ver a árvore formada? Quero repetir: Quem, em sã consciência, planta hoje uma semente e espera olhar pela janela amanhã e ver a árvore formada?

    Quero, com esta reflexão, começar o relato que desejo fazer aos meus pares para explicar a minha ausência na segunda e terça-feira, aqui no plenário do Senado Federal.

    Estava no meu Estado do Acre, representando esta Casa, que tanto me honra, nos compromissos do Embaixador do Peru no Brasil, o Exmo Sr. Vicente Rojas, que chegou a Rio Branco no domingo. Estivemos em vários Municípios acrianos para reforçar acordos bilaterais que já existem entre os nossos países e para buscar novos potenciais.

    E uma das coisas que eu disse ao Sr. Embaixador é que só vamos consolidar o tão desejado caminho para o Pacífico a partir do momento em que vencermos as barreiras, a burocracia, e tirarmos de vez do papel a intenção de integrar os dois países.

    Em fevereiro deste ano, o Brasil vendeu ao Peru, Senador Romário, cerca de US$15,5 bilhões e comprou do nosso vizinho cerca de US$11 bilhões. Boa parte da balança comercial é formada por carnes, aves, peixes e laticínios; além de produtos de origem vegetal.

    O comércio entre o Peru e o Brasil foi um dos assuntos que eu tratei, com prioridade, com o meu colega, Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que também esteve em Rio Branco, a meu pedido, em março, para se reunir com produtores locais. O Ministro Maggi exaltou a vocação exportadora do Acre. Estamos numa posição estratégica, Sr. Presidente, próximos a países sul-americanos importantes e ao Oceano Pacífico; e temos grande potencial agroindustrial ainda não completamente aproveitado.

    A vitalidade econômica do nosso Acre – que tem apenas 800 mil habitantes – é importante, eu acredito, para colaborar com o Brasil neste momento de crise econômica. Estamos entre os cinco Estados que mais cresceram em 2014. O nosso Produto Interno Bruto hoje é de R$1 bilhão, e a indústria representa 11,9% desse total. Tenho convicção de que o nosso potencial, no setor produtivo, no turismo, no comércio, pode mais.

    Conversei muito sobre isso com o Embaixador peruano. O crescimento médio do PIB acriano é de 1,2% ano e sinaliza um esforço de todos – do Governo Federal, dos setores empresarial e industrial, do comércio, da nossa bancada federal e dos trabalhadores.

    Nesta semana, por exemplo, há a expectativa da autorização para que duas empresas aéreas peruanas operem voos de Pucallpa a Cruzeiro do Sul, minha cidade natal. São iniciativas que nos deixam extremamente otimistas. São frutos do trabalho diligente de um grupo que pensa o Acre.

    Mas por que eu pedi às Srªs Senadoras e aos Srs. Senadores que pensassem sobre a semente e o tempo? O Acre é um Estado jovem: há menos de um século e meio pertencia à Bolívia, e o Território só passou à condição de Estado em 1962.

    Nessas quase seis décadas, homens e mulheres têm trabalhado de forma incansável pelo bem daquele pedaço de Brasil. A maioria de forma praticamente anônima e à revelia da administração local.

    Não é de hoje que enfrentamos adversidades climáticas, enchentes históricas, precariedade de acesso, más condições das estradas vicinais, ausência de pontes, barreiras comerciais, poucas linhas de financiamento e um controle desmedido de órgãos incentivados por uma política ambientalista insustentável. E não é de hoje que trabalhamos para vencer todos esses obstáculos, Sr. Presidente.

    Vou citar uma pequena, mas profunda e significativa vitória. Não faz quinze dias... Aliás, vou dizer a data exata: foi no dia 23 do último mês de março que o Acre passou a ter a própria Superintendência do DNIT. Vou repetir: foi dia 23 de março – o nosso Estado, o Estado do Acre, era o único Estado da Região Norte que não tinha uma Superintendência do DNIT e com uma malha rodoviária maior que a do Estado de V. Exª, Roraima – que tem há muitos anos –, ou a do Amapá, do Senador João Capiberibe. Vejam só, um Estado com tantas falhas de infraestrutura era dependente do escritório do DNIT de Rondônia. E a Bancada federal não fazia nada? Claro que fazíamos. Cansamos de pedir essa superintendência, e só fomos atendidos agora pelo Presidente da República, S. Exª Michel Temer.

     Imaginem vocês a burocracia que era enfrentada. Diga-me, Sr. Presidente, o que acontece se eu planto uma semente e nunca mais apareço para cuidar dela, para regar, por exemplo? Pois é, as más condições das nossas rodovias não são de hoje: remontam a décadas. Não podemos, ingenuamente, colocar a responsabilidade na atual administração federal que está aí há cerca de seis meses ou no DNIT, que até há bem pouco tempo não tinha nenhuma superintendência no Acre.

    Teremos, a partir do próximo verão, um serviço respeitável de manutenção da BR-364. A previsão é aplicar R$105 milhões na revitalização de 400Km de BR, entre Sena Madureira, a cidade de S. Exª Deputado Nelson Sales, e o Rio Liberdade, a região de S. Exª Deputado Nicolau Júnior. Tenho conversado muito com o Dr. Thiago Caetano, que, assim como eu, é engenheiro e é o Superintendente do DNIT no Acre. Também já me reuni com os responsáveis pela obra. Tenho acompanhado isso muito de perto.

    E o que está sendo feito agora na BR-364? Esta é a fase de mapeamento de solo, levantamento de pontos de erosão e de correção. E isso não é feito com tratores ou com máquinas pesadas. Não seria necessário e não haveria necessidade de se fazer agora esse estudo se os responsáveis pela manutenção da BR o tivessem feito. Outra coisa, Sr. Presidente, que ninguém vê, mas que tenho cobrado de maneira insistente, é a capacitação de quem está envolvido na obra. Por exemplo, técnicos do Tribunal de Contas da União estiveram no Acre para treinar os servidores que vão fiscalizar o andamento das obras das BRs no nosso Estado, para garantir que sejam realizadas dentro das normas e com qualidade. Tenho defendido lá no meu Estado, o Estado do Acre, a formação de conselhos, com representantes do Poder Público, do Legislativo, do Judiciário e da sociedade civil organizada, como a associação dos Engenheiros, o Crea...

(Soa a campainha.)

    O SR. GLADSON CAMELI (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AC) – Eu peço mais um tempo a V. Exª.

    Tenho defendido isso para também reforçar a fiscalização. Já em maio faremos a primeira caravana de visitas nas obras da BR-364.

    Realmente, Srªs e Srs. Senadores, seria muito bom sabermos quanto já foi pago na recuperação das rodovias federais no Acre nos últimos 20 anos. Quanto já foi pago? Afinal, são os números que nos ajudam na formulação de políticas públicas. Já trabalhamos tanto em prol da infraestrutura no Acre, sem levar em conta quem estava à frente da administração estadual, na construção da BR-364, se o partido A ou o B, porque o Acre é um só, e toda a Bancada federal está unida para fazer o que é necessário para o nosso Estado.

    Quero apenas apresentar os números que eu tenho, que, aliás, podem ser confrontados, a qualquer momento, com outros levantamentos. Ao longo dos governos de Lula e Dilma e dos governadores nesse período, quase R$2 bilhões foram investidos na BR-364. A gente sabe que todo projeto de construção de uma rodovia tem de prever uma vida útil, no mínimo, de dez anos. Como justificar, o presente estado da rodovia onde se gastou R$2 bilhões, mostrado aqui desta tribuna, nesta semana? Simples, pela péssima qualidade dos serviços prestados e a falta de zelo pelo dinheiro público.

    Até há bem pouco tempo, essa rodovia estava sob responsabilidade do Deracre, que passou o ano todo de 2015 sem dar qualquer assistência. O DNIT assumiu o trecho mais crítico dessa BR no início de 2015 – foram 400km. Por quê? Porque o governo de 20 anos não dava conta de concluir as obras de manutenção. Em pouco menos de três meses que o DNIT assumiu, a rodovia se rompeu isolando o Vale do Juruá, próximo ao Rio Gregório, onde o DNIT teve de entrar com uma ação emergencial. Em junho de 2015, o trecho específico que estava sob a gestão do DNIT, de Tarauacá para frente, em direção ao Rio Liberdade, teve que receber serviço emergencial, porque o trecho estava muito degradado.

    Outro trecho, considerado grave também, entre Jurupari e Tarauacá, só foi assumido pelo DNIT no final de 2015. O contrato de manutenção que o DNIT tinha na época, que era de R$60 mil por quilômetro, não dava a menor condição, porque o trecho estava completamente destruído. Na realidade, penso que o problema na BR-364 não é a falta de manutenção. O problema é que a estrutura dessa rodovia nunca prestou, e hoje nós vamos ter que gastar R$230 milhões para poder recuperar toda essa pavimentação de Sena Madureira até o Rio Liberdade.

    Convenhamos que uma rodovia que está na condição de desgaste da BR-364 é uma rodovia que tem gravíssimos problemas estruturais. Já existem laudos de uma comissão do DNIT, que está fazendo uma tomada de contas especial desse trecho de Tarauacá ao Rio Liberdade, onde a sub-base deveria apresentar resistência mínima de CBR de 20, a maioria do trecho apresenta CBR de 2, de 4, havendo pouquíssimos pontos acima de 20. Na base, que deveria dar no mínimo acima de 80, a maioria dos pontos apresenta 40, 30, 50. A resistência é baixíssima.

    Tapar buraco debaixo de chuva é desperdiçar dinheiro público. Sr. Presidente, o DNIT no Acre vai iniciar, agora em maio, a recuperação estrutural da BR-364, porque a postura do DNIT é diferente da do Deracre. Será feito algo que tenha um resultado positivo a longo prazo, que não irá mais demandar fortunas com manutenção, como em todos os anos que se passaram, e o problema continuava. O Governo Federal, do Presidente Michel Temer, não trabalha dessa forma. O investimento que vai ser feito agora é um investimento que vai permanecer, que vai ser duradouro.

    Peço a V. Exª uma tolerância de três minutos para eu concluir.

    Fala-se tanto em saída para o Oceano Pacífico, mas o que existe por enquanto é uma ponte precária ligando o Brasil aos países vizinhos. Vamos vencer esse entrave também e vamos realizar o sonho da ponte entre Brasileia e Epitaciolândia. Esse é um compromisso do Presidente Michel Temer, meu e de toda Bancada Federal. Venceremos um a um cada obstáculo que possa impedir o nosso Acre de prosperar.

    Na minha avaliação, os gastos necessários para a BR-364 são consequência de má administração, porque, se, lá atrás, esse dinheiro tivesse sido bem aplicado, o DNIT poderia investir em outras áreas da infraestrutura, como a construção das pontes que aqui eu vou citar: a que liga Rodrigues Alves; a de Sena Madureira ao Segundo Distrito; a de Sibéria, lá em...

(Soa a campainha.)

    O SR. GLADSON CAMELI (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - AC) – ... Xapuri, a ligação da rodovia de Cruzeiro do Sul, Porto Walter, Marechal Thaumaturgo e Santa Rosa. Estaríamos trabalhando agora para tirar o resto dos Municípios acrianos do isolamento. E o que vamos fazer agora no próximo verão? Reconstruir uma rodovia que já recebeu quase R$2 bilhões, reitero.

    Se existe alguém torcendo contra, Sr. Presidente, vai ficar decepcionado. Falo isso com muita tranquilidade, porque conheço as fragilidades e os pontos fortes no meu Estado e sei do trabalho que tenho feito diuturnamente – eu e toda a Bancada Federal. Conheço cada semente.

    Para finalizar, assumi o compromisso de abrir as portas para o desenvolvimento, com responsabilidade social e ambiental, sem perder de vista o respeito por cada cidadão acriano, porque, Sr. Presidente, são eles que fazem o Estado crescer e os que mais merecem a nossa dedicação. Vou continuar a minha luta, debaixo de sol e de chuva, honrando o juramento que fiz aqui nesta Casa, dia 1º de janeiro de 2015, quando assumi meu mandato de Senador da República, sendo o Senador mais jovem da história do Brasil, porque não vou me cansar. Problemas o País enfrenta; problemas o meu Estado tem. Olhar para o retrovisor não vale a pena e querer culpar os outros, muito menos. O que precisamos é agora, já, unir as nossas forças, construir pontes e não derrubar pontes, preparar o Acre e o Brasil do presente para o futuro.

    Era o que eu tinha a dizer

    Meu muito obrigado, Srªs e Srs. Senadores. E obrigado pela tolerância.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/04/2017 - Página 48