Discurso durante a 76ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações acerca da crise política e econômica que o país enfrenta.

Autor
Eduardo Amorim (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SE)
Nome completo: Eduardo Alves do Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Considerações acerca da crise política e econômica que o país enfrenta.
Publicação
Publicação no DSF de 01/06/2017 - Página 46
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • ANALISE, MOMENTO POLITICO, CONJUNTURA ECONOMICA, CRISE, COMENTARIO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AUSENCIA, CULPA, ANUNCIO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), NEGAÇÃO, POSSIBILIDADE, TASSO JEREISSATI, SENADOR, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, REGISTRO, PREVISÃO, INDICE, CRESCIMENTO ECONOMICO, FALTA, POPULARIDADE, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, DESEMPREGO, ENDIVIDAMENTO, NECESSIDADE, REDUÇÃO, JUROS, LIMITE DE ENDIVIDAMENTO, MELHORIA, PRODUTIVIDADE.

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Social Democrata/PSDB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Obrigado, Senadora Vanessa.

    Srª Presidente, Senadora Vanessa Grazziotin, Srªs e Srs. Senadores, ouvintes da Rádio Senado, expectadores da TV Senado, todos que nos acompanham pelas redes sociais, assim como fizeram os oradores que me antecederam, também quero falar aqui e chamar a atenção para uma cegueira da consciência, porque, como médico, cegueira da consciência é aquela cegueira seletiva que tenta induzir aos outros uma verdade que não existe.

    Pois bem, eu estou no PSDB e, no pouco tempo em que eu tenho convivido com o Senador Tasso Jereissati, nosso atual Presidente, em nenhum momento – em nenhum momento! –, ouvi o seu desejo de assumir a Presidência deste País. Se ele o tem, não manifestou para nenhum de nós, até então, que eu saiba. Essa é a verdade e, falar além da verdade, com toda a certeza, não é justo para o povo brasileiro.

    O PSDB não é culpado somente por esta crise política, moral, ética, econômica, fiscal que aí está. Não querer enxergar isso é ser cego, talvez cego de forma coletiva, ou querendo espalhar essa cegueira para toda a Nação brasileira.

    O caos que aí está não veio de agora. Eu não votei em Temer. Eu não votei em Dilma. Tenho minha consciência muito tranquila com relação a essa questão, mas não devemos fugir, de forma nenhuma, dos enfrentamentos e devemos, sempre, absolutamente sempre, pregar a verdade, falar a verdade para o tão sofrido povo brasileiro.

    Repito, em nenhum momento, ouvi do Senador Tasso Jereissati o seu desejo de ocupar o lugar na Presidência da República. Essa é a verdade. Sejamos sinceros com nós mesmos, sejamos sinceros com o povo brasileiro.

    Srª Presidente, ocupo mais uma vez a tribuna desta Casa para fazer uma reflexão a respeito dos desdobramentos da imensa crise que envolve o País e todos os cidadãos desta Nação. O auge da tal crise, como presenciamos, deu-se há duas semanas, com nefastos acontecimentos fartamente relatados pela mídia nacional e mundial, ocorridos aqui, na Esplanada dos Ministérios.

    Devemos nos ater a alguns pontos que precisam ser respondidos para que possamos compreender a dimensão da nossa responsabilidade no presente contexto político-social pelo qual passa o nosso País. As primeiras questões seriam: como chegamos a esse ponto? O que desejam as pessoas? O que fazermos para atender aos anseios de nossa gente, o povo brasileiro? Estas, sem dúvidas, são perguntas que vão nos auxiliar a desenvolver e aprimorar a nossa conduta nesta Casa, com a missão do nosso trabalho, de forma muito objetiva, mas que precisa ser mais eficaz, para que alcancemos resultados mais positivos para todos os brasileiros.

    Em termos de previsão de crescimento econômico, no início deste ano, cinco instituições financeiras fizeram projeções para o Brasil em 2017. O Fundo Monetário internacional previu o PIB do Brasil em torno de 0,2%; o Boletim Focus previu que o Brasil iria crescer 0,5%; já o setor econômico da Organização das Nações Unidas previu que o nosso crescimento estaria na ordem de 0,6%; a Standard & Poor's previu que o nosso País iria crescer 0,93%; e, por fim, o ltaú BBA estimou o nosso crescimento em torno de 1%, em dados constados da publicação da revista Exame de 18 de janeiro de 2017.

    Srª Presidente, de acordo com as informações do Portal Brasil, publicadas no dia 17 de maio deste ano, após medidas tomadas pelo Governo, tais como o congelamento dos gastos governamentais por 20 anos, a liberação de saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o empenho contra a inflação e a valorização do real frente ao dólar, a economia começou a emitir tímidos, porém, concretos sinais de aquecimento. O Banco Central informou, por exemplo, que, já no segundo mês do ano, a diferença em crescimento para janeiro fora de 1,31%. Ou seja, ainda segundo as informações oficiais do Portal Brasil, já no primeiro trimestre de 2017, a economia mostrava sinais de recuperação.

    Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nós nos vemos diante da necessidade de respondermos uma outra questão: se estamos vivenciando um momento de recuperação em nossa economia, como explicar a imensa insatisfação popular? As dificuldades, temos ciência, são imensas e, só para citar uma delas, hoje amanhecemos com a notícia de que o desemprego, no País, atinge a casa de 14 milhões de trabalhadores, os dados foram divulgados esta manhã pelo IBGE, e fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).

    Sem sombra de dúvida, toda essa instabilidade política pela qual estamos passando cria um ambiente de incerteza, afetando diretamente a economia e, consequentemente, o mercado de trabalho. A prova disso está nos dados da pesquisa publicada hoje e estampada em toda mídia nacional. Segundo os dados contidos no estudo, há um ano, no mesmo período, havia, no Brasil, 11,4 milhões de pessoas sem emprego. Esse já era um número alarmante e, na ocasião, eu e muitos de nós utilizamos esta tribuna para denunciar essa situação e cobrar medidas efetivas do Governo. Agora esse contingente já chega a 14 milhões de brasileiros.

    Em apenas um ano, o País perdeu 1,2 milhão de empregos com carteira assinada, e o aumento do número de pessoas sem emprego subiu 23,1%, ou seja, em números absolutos, são 2,6 milhões de homens e mulheres, pais e mães de famílias que estão na fila esperando por uma colocação no mercado de trabalho brasileiro, segundo o IBGE. E esse foi o menor patamar de pessoas ocupadas com carteira de trabalho assinada de toda a série histórica da pesquisa iniciada em 2012.

    Srª Presidente, colegas Senadores, esta talvez seja a face mais perniciosa, mais maldosa, mais perversa de toda a crise econômica: a penalização sucessiva, sobretudo para aqueles que têm menos recursos e que precisam, mais do que nunca, de um emprego. E comprovo o que digo. Em matéria divulgada pela Agência Estado e veiculada pelo Correio Braziliense, em 23 de fevereiro deste ano, o Banco Central informou que o endividamento das famílias brasileiras está na ordem de 42,2%, ou seja, quase metade de toda a renda familiar está comprometida. Como se sabe, o método de avaliação do Banco Central é simples. O cálculo leva em conta o total das dívidas, dividido pela renda no período de 12 meses, e incorpora os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) e da Pesquisa Mensal de Emprego, ambas do IBGE.

    Quando o cálculo, entretanto, retira as dívidas imobiliárias, em números de dezembro de 2016, a dívida das famílias brasileiras compromete ainda 23,6% de toda a renda anual familiar. Para se ter uma ideia do que estamos falando, Srª Presidente, numa matéria do mesmo período no jornal Hoje em Dia, mais precisamente em 23 de janeiro de 2017...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Social Democrata/PSDB - SE) – ... que versa sobre o mesmo assunto, o texto informa que, mesmo se retirando os financiamentos de prazos longos, com taxas de juros mais baixas, ainda assim o endividamento é muito elevado, consumindo na ordem de 19,5% da renda anual familiar.

    Em verdade, esses números do endividamento das famílias brasileiras chegam a ser uma vergonha mundial se comparados com outras nações, tais como Itália, 4,6% da renda familiar anual; França, 6,2%; Alemanha, 6,5%; Espanha, 7,3%; e Portugal, 7,8%. É uma vergonha o que estamos presenciando e vivendo no nosso País. Eis aí mais um dos grandes dramas das famílias brasileiras: o endividamento angustiante, Senadora Vanessa. Não é de se estranhar, portanto...

(Interrupção do som.)

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Social Democrata/PSDB - SE) – ... tamanha insatisfação que domina boa parcela do povo brasileiro.

     A solução econômica, todos nós sabemos, é o aumento da produtividade, com a suspensão da queda vertiginosa do desemprego e, claro, taxas de juros mais civilizadas que os praticados atualmente. Infelizmente, no nosso País, taxa de juros é uma extorsão: cheque especial a 300% e cartão de crédito passa de 500%. É uma verdadeira extorsão. Só assim, as famílias brasileiras teriam condições, com mais produtividade, mais emprego, de continuar pagando as suas contas e retomando o poder aquisitivo para suprir as suas necessidades.

    Desse modo, Senadora Vanessa, digo que estamos vivendo, sim, uma crise de proporção colossal, que vai além, muito além da crise política...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco Social Democrata/PSDB - SE) – ... cujos desdobramentos atingem toda a população brasileira, direta ou indiretamente, mas sobretudo os mais pobres e os mais necessitados.

    Precisamos, pois, continuar trabalhando incansavelmente, até que o País tenha retornado aos trilhos, e que possamos, portanto, todos ter, pelo menos, um pouco de paz e a esperança restabelecida.

    Muito obrigado, Senadora Vanessa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/06/2017 - Página 46