Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

APOIO A INICIATIVA DO GOVERNO FEDERAL DE INDICAR A PEDIATRA CATARINENSE ZILDA ARNS COMO CANDIDATA AO PREMIO NOBEL DA PAZ 2001.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • APOIO A INICIATIVA DO GOVERNO FEDERAL DE INDICAR A PEDIATRA CATARINENSE ZILDA ARNS COMO CANDIDATA AO PREMIO NOBEL DA PAZ 2001.
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2000 - Página 13483
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SUGESTÃO, MANIFESTAÇÃO, SENADO, APOIO, GOVERNO BRASILEIRO, INDICAÇÃO, NOME, ZILDA ARNS, MEDICO, CANDIDATURA, PREMIO, AMBITO INTERNACIONAL, PAZ, ELOGIO, ATUAÇÃO, REDUÇÃO, MORTALIDADE INFANTIL, PROGRAMA, IGREJA CATOLICA, BENEFICIO, CRIANÇA.

O SR. ÁLVARO DIAS (PSDB – PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao tomar conhecimento de que o Governo brasileiro, por iniciativa do Ministério da Saúde, pretende indicar o nome da pediatra Zilda Arns Neumann, Coordenadora Nacional da Pastoral da Criança, como candidata ao Prêmio Nobel da Paz 2001, ocorreu-me sugerir ao Senado que também se associe à indicação e promova gestões para materializar a pretensão anunciada. Pelos seus méritos, pelo trabalho desenvolvido em prol dos desamparados, a Drª Zilda Arns faz jus à efetiva indicação oficial para concorrer ao prêmio. Mas não se pode ficar na intenção, Sr. Presidente: é preciso que a indicação se concretize; daí o meu apelo à Mesa no sentido de que tome iniciativas capazes de oficializar a indicação.  

Essa catarinense de nascimento, que vive no Paraná há muito tempo e cursou a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná há 40 anos, realizou a façanha de reduzir a mortalidade infantil no País. Para se dimensionar a importância da Pastoral da Criança, coordenada por D. Zilda Arns, basta que se diga que a taxa de mortalidade infantil nas comunidades atendidas pela instituição em todos os Estados brasileiros representa a metade do que o Governo consegue com os seus programas de prevenção.  

Hoje, a Pastoral está presente em 27 Estados do Brasil, acompanhando 1,6 milhão de crianças e 76 mil gestantes, em 31 comunidades, com o trabalho de 1.224 agentes de saúde. Graças a esse contingente e seus programas, a Pastoral tem indicadores valiosos, que são atualizados mensalmente, sobre o desenvolvimento de crianças e gestantes nas diversas regiões do País. Graças a essa rotina, recentemente, ela divulgou o mais completo relatório já executado em sua história, com indicadores preciosos sobre as políticas de sucesso da instituição. O relatório indica redução em 21% da mortalidade infantil nas áreas de sua abrangência, mas, ainda assim, considera que precisa ampliar esse percentual e vencer novos desafios.  

Por isso, a Pastoral é responsável por outro megaprojeto social: o Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos, que beneficia 32 mil pessoas. A preocupação é passar medidas de prevenção que contribuam para reduzir, ainda mais, a mortalidade infantil. Outro desafio enfrentado é o da geração de emprego e renda. Nesse programa, 38 mil famílias brasileiras participam de 1.462 núcleos de trabalho.  

Como se vê, a filosofia da Pastoral, coordenada em nível nacional por D. Zilda Arns, é globalizante, por entender que a mortalidade infantil passa por questões como a alfabetização e o pleno emprego. Ela entende, com absoluta razão, que a família, particularmente a mãe, deve ser bem informada e que o atendimento à saúde da população precisa ser humanizado. Considera inadmissível que, no Brasil, um país com dimensão continental e recursos naturais extraordinários, ainda haja gente passando fome. O Governo, as universidades e a sociedade em geral, segundo D. Zilda Arns, precisam preocupar-se com a segurança familiar, com políticas de saúde, criando uma grande rede de solidariedade, a exemplo da Pastoral que coordena.  

Sr. Presidente, como representante do Paraná no Senado, a mim é gratificante postular apoio à indicação de Zilda Arns ao Prêmio Nobel 2001, porque foi justamente no meu Estado que teve início o trabalho redentor da Pastoral da Criança. O berço do programa-símbolo dessa valorosa Pastoral foi o Município de Florestópolis, no norte do meu Estado. Ali, em 1983, a Pastoral lançou o desafio de acabar com a mortalidade infantil. O trabalho foi levado a efeito com tanto afinco, que praticamente chegou a zero a incômoda estatística de mortalidade de crianças que vergonhosamente o Município ostentava, apesar de encravado no rico norte paranaense, de clima chuvoso e terra fértil. Quando as famílias de bóias-frias ainda não conheciam a multimistura, o soro caseiro, a prática do aleitamento materno, o acompanhamento de peso, o uso de remédios caseiros e a prática de hábitos de higiene, os níveis de mortalidade infantil em Florestópolis eram estarrecedores. Mas bastou a ação concentrada da Pastoral da Criança para, em pouco tempo, reverter-se o quadro e o Município se apresentar como exemplo no Brasil e no mundo, com a erradicação dessa mazela que ainda envergonha o País. E à frente de tudo sempre esteve essa mulher extraordinária, cogitada, agora, para a indicação do importante prêmio internacional.  

É por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que advogo uma atuação do Senado no sentido de que a indicação oficial se concretize, realmente, como um ato da mais perfeita e lídima justiça.  

Muito obrigado.  

 

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/06/2000 - Página 13483