Discurso durante a 147ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a comemorar os 45 anos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Autor
Elmano Férrer (PODEMOS - Podemos/PI)
Nome completo: Elmano Férrer de Almeida
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a comemorar os 45 anos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Publicação
Publicação no DSF de 30/08/2019 - Página 19
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • DISCURSO, SESSÃO ESPECIAL, ASSUNTO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DO VALE DO SÃO FRANCISCO (CODEVASF).

    O SR. ELMANO FÉRRER (PODEMOS - PI. Para discursar.) – Além de Veín, outras coisas mais: Sr. Veín Durim, Sr. Veín Trabalhador, Sr. Veín Namorador, não sei. (Risos.)

    Eu queria cumprimentar a todos. Iniciando, cumprimento o nobre Senador Presidente desta sessão, Roberto Rocha; o nobre Presidente da Codevasf, que assumiu ontem, numa linda solenidade, Marcelo Moreira; cumprimentar aqui o meu querido Eduardo Gomes, que não é o Marechal, o Brigadeiro do Ar, mas é um grande Senador; cumprimentar o nosso Coronel, que também não é Coronel, é um grande Parlamentar – aqui são dois: o Brigadeiro Eduardo Gomes e o Angelo Coronel, que não é coronel, nem ele brigadeiro.

    Quero cumprimentar os diretores da Codevasf aqui presentes; o Sérgio, que presidiu, interinamente, a instituição até pouco tempo; enfim, quero cumprimentar os nobres Senadores aqui presentes; os diretores da Codevasf; os servidores da Codevasf.

    Eu sei que os elogios já foram feitos à instituição. Realmente, nestes 45 anos, a Codevasf foi uma das maiores instituições no Vale do São Francisco e, a partir do ano de dois mil e pouco, também estendeu a sua atuação para o Vale do Parnaíba.

    O Parnaíba é um rio que nasce e deságua no oceano, nasce no Nordeste percorre ali, une o Maranhão e o Piauí, mas deságua no oceano, no próprio Nordeste; enquanto que o grande Rio São Francisco, o Velho Chico, nasce nas Alterosas, em Minas Gerais, e transformou-se no rio de integração nacional.

    Mas eu queria, neste momento, não só não fazer... Os elogios já foram feitos à instituição, eu queria dizer que eu já, ao longo dos meus mais de 70 anos, vi nascer e morrer muitas instituições no País. Nascer e morrer. E vi muitas instituições no País terem as suas grandes finalidades desvirtuadas, e isso seria responsável por suas mortes.

    Então, meu querido Senador lá do Tocantins, eu já o nominei aqui, Eduardo Gomes, é uma crítica que eu vou fazer e permitam-me fazê-la.

    Uma instituição que nasce no Brasil com dinheiro, inexoravelmente ela é expandida territorialmente. Inicialmente era no Vale do São Francisco, depois passou a atuar no Vale do Parnaíba e, agora, está já em Mato Grosso, no Tocantins – não sei.

    Enfim, vejo que não é por aí que se enfrentam os problemas de uma região. O Semiárido continua desafiando a todos. O Semiárido está na área onde está o Rio São Francisco.

    A Sudene, a que eu pertencia, agoniza. O Dnocs, com os seus cem anos, já está na UTI há muito tempo.

    E, hoje, essa instituição, a Codevasf, está fazendo calçamento, está fazendo praças e muitas coisas que são afetas aos Municípios fazerem. A Codevasf foi criada não para isso, meu nobre Presidente, que está entrando nessa instituição aos 36 anos.

    Nós temos de fazer uma autocrítica. A Sudene morreu. O Dnocs está morrendo. E, se nós nos omitirmos, essa instituição vai no caminho das demais. Não é isso que nós queremos.

    Eu sou servidor público, aposentado, mas nunca perdi o meu compromisso com o Estado brasileiro, nunca servi a um Governo. Procurei ser pago pela sociedade para servi-la, sem jamais me servir dela. Servi à sociedade, pago por ela, para não me servir dela, e, sim, trabalhar por ela e para ela.

    É isto que nós temos de fazer, num momento de festa, de aniversário: reflexão sobre as instituições.

    O Nordeste agoniza por, muitas vezes, omissão nossa, políticos que viemos para cá mandados pelo povo e que, muitas vezes, traímos o povo que nos mandou para cá.

    Então, eram essas palavras que eu queria dizer.

    Qual é a reflexão daqueles que são a instituição, que são servidores dela, como eu fui servidor da Sudene? Ainda continuo adorando-a e sei que foi uma grande perda para o Nordeste e para o País. Fomos vencidos, como estamos sendo vencidos pelo caso da criminalidade.

    Morrem por ano – aqui uma pequena digressão – por homicídio, como todos sabem aqui, mais de 62 mil pessoas. De outro lado, morrem no trânsito mais de 40 mil. Vejam: 100 mil pessoas por ano morrem através da criminalidade e do acidente de trânsito. E, quando se fala em criminalidade, aqui é o ponto fundamental que eu quero ressaltar: não é possível que a criminalidade, que as organizações criminosas continuem vencendo o Estado – vencendo o Estado!

    E eu vejo, num momento como este, em que nós estamos mudando a ordem deste País com foco no vencimento da criminalidade, que não sei se está sendo mais uma prioridade do Governo, não sei. Estamos discutindo coisas importantes como é a reforma da previdência, a reforma tributária, mas nós começamos há mais tempo a discutir essa questão da criminalidade.

    Enfim, feita essa pequena digressão, eu quero voltar ao foco, meu nobre Presidente, que assumiu ontem, eu estava presente, a direção dessa instituição, com uma competente diretoria, jovens, técnicos: é o momento de fazer uma reflexão sobre o que levou à criação da Codevasf e o que faz a Codevasf hoje. Esse é um ponto. O segundo é que eu fundamentei, aliás, aquele a que eu me referi, nobre Senador pelo Estado do Tocantins: nós temos que parar com isso de criar uma instituição e estendê-la pelo território afora.

    A Codevasf foi criada para voltar-se para o Vale do São Francisco. Depois, nesta Casa, o Senador e ex-Governador Freitas Neto estendeu-a para o Vale do Parnaíba. Esses dois vales.

    Nós políticos não podemos, meu querido e nobre Eduardo Gomes, digno Senador do Tocantins, desvirtuar os verdadeiros objetivos que levaram a criar uma instituição neste País, não temos esse direito, não temos esse direito.

    Então, eu vim aqui só para levantar estes dois pontos: a Codevasf se expandido por outras regiões, saindo da Região Nordeste, que é um problema para o Brasil, indo para outras regiões, chegando... Até agora, eu soube que já está no Brasil Central, especificamente em Mato Grosso, um dos maiores centros produtores de grãos deste País.

    E o outro: será que essa instituição foi criada para entrar em um Município e fazer praças, fazer calçamento, fazer um sistema simplificado de água para um povoado, para uma comunidade? Ou foi criada para realmente transformar a região, sobretudo, as regiões semiáridas do Nordeste, não só se concentrando no Vale do São Francisco? O que está sendo feito, a transposição, não vai resolver o problema de água no Nordeste, não vai. Isso é para a reflexão dos senhores, que são da Codevasf, da nova diretoria que já tomou posse ontem.

    Então, eu queria só pedir ao nobre Presidente, um jovem engenheiro, de 36 anos, 35... São 36?

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. ELMANO FÉRRER (PODEMOS - PI) – São 36 anos, uma criança. Eu já tenho quase duas vezes, aliás, tenho duas vezes isso, tenho duas vezes a sua idade, servindo o público, quer dizer, trabalhando, buscando. Quando eu comecei, era carro-pipa. A história era carro-pipa.

    Permita-me que eu conte aqui. Hoje, na maior parte da Região Nordeste, a partir de setembro, outubro, sobretudo novembro, é o carrinho-pipa. Isso é uma vergonha. Isso é uma decepção. E nós, técnicos e dirigentes de instituições, não fomos competentes para enfrentar essa história de carrinho-pipa, que começou a ser uma grande atividade econômica e empresarial na Região Nordeste.

    Então, eu queria parabenizar a toda diretoria atual, a diretoria que deixou, sobretudo a todos os servidores da Codevasf, pelo tanto que já realizaram não só no Vale do São Francisco, mas também no Vale do Parnaíba, porque eu sou testemunha do trabalho da Codevasf em nosso Estado do Piauí.

    E sei que muitas vezes a instituição chegou a fazer o que os Municípios deveriam fazer, não porque era a atividade dela: pressões políticas. Pressões políticas. Eu tenho emendas parlamentares em que o Prefeito chegou inadimplente. Se é inadimplente, um órgão federal não pode suprir a inadimplência. O erro, a falha... Não, a Codevasf faz, a Codevasf faz. Isso é inconcebível. É inconcebível. Outros órgãos não fazem, a Codevasf vai fazer. Respondam por que a Codevasf vai fazer. Está compactuando com o que está errado.

    Então, queria parabenizar essa grande instituição. Que ela não siga o caminho de muitas outras instituições, como o Dnocs. E há até uma tese de juntar as duas instituições. Que haja uma reação dentro dela, de seus servidores, de modo que cumpramos os objetivos para os quais a instituição foi criada.

    Então, parabéns a todos, parabéns ao nobre Presidente. E desculpem, o que falou aqui foi o coração de um servidor público que não vai cansado, não; vou morrer com este discurso. Este é o discurso que o Nordeste quer, e é assim que nós vamos, viu, Coronel? Use a sua patente de Coronel, e o Eduardo Gomes, a patente de Brigadeiro Eduardo Gomes.

    Então, um abraço, muito obrigado e parabéns a essa grande instituição. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/08/2019 - Página 19