Pronunciamento de Carlos Bezerra em 07/06/1995
Discurso no Senado Federal
AUDIENCIA DA BANCADA DO CENTRO-OESTE COM O PRESIDENTE DA REPUBLICA.
- Autor
- Carlos Bezerra (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MT)
- Nome completo: Carlos Gomes Bezerra
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
- AUDIENCIA DA BANCADA DO CENTRO-OESTE COM O PRESIDENTE DA REPUBLICA.
- Publicação
- Publicação no DCN2 de 08/06/1995 - Página 9936
- Assunto
- Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
- Indexação
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- COMENTARIO, PARTICIPAÇÃO, GOVERNADOR, MAIORIA, BANCADA, REGIÃO CENTRO OESTE, SENADO, CAMARA DOS DEPUTADOS, AUDIENCIA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ENTREGA, DOCUMENTO, APRESENTAÇÃO, PROGRAMA, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, REGIÃO.
O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, acabamos de chegar de uma audiência com Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, na qual estiveram presentes todos os Governadores do Centro-Oeste e a maior parte da bancada desta Região no Senado e na Câmara.
Pela primeira vez na sua história política, a nossa Região, o Centro-Oeste, esteve unida. O maior problema do Centro-Oeste - o primo pobre da República, sempre desprestigiado, sempre prejudicado -, foi a falta de unidade. Nunca houve conversações, mas, desta vez, o Centro-Oeste conversou e entregou, hoje, ao Presidente da República um documento de programa comum de governo para toda a Região.
Esse programa propõe ao Governo Federal que desloque o eixo de desenvolvimento do Sudeste do Brasil, que já está inchado, cheio de favelas e de problemas sociais. Que se desloque a migração interna para o Centro-Oeste, mas num programa de desenvolvimento racional, em que não se cometam os erros praticados no Sudeste do Brasil e em outras regiões, que provocaram o inchaço das cidades.
O Centro-Oeste é a grande solução para a crise brasileira. Através dele, o Brasil pode tornar-se o maior produtor mundial de grãos - como soja, milho, arroz, feijão - e de carne bovina, suína e avícola.
Se o Brasil fizer esse investimento, será o detentor do monopólio do comércio de alimentos do mundo nos próximos anos e no milênio vindouro, porque o Centro-Oeste tem condições excepcionais - que nenhuma região do mundo possui - para receber um programa dessa natureza. Temos a maior produtividade e a melhor qualidade na nossa produção.
O Senhor Presidente da República recebeu com bons olhos o nosso programa e relembrou, no seu discurso, a marcha para o oeste, encetada pelo grande Presidente Getúlio Vargas; também a construção de Brasília pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek, cujo ideal não era apenas edificar a capital da República no centro do Brasil, mas trazer para esta região o desenvolvimento, concentrado, durante séculos, apenas no litoral Atlântico.
Este é o grande erro histórico do Brasil: olhar primeiro para a Inglaterra, depois para os Estados Unidos da América; tentar copiar a experiência dos outros, enquanto a nossa situação piora dia a dia, ano a ano.
O Brasil ao olhar para o Centro-Oeste, para o Norte, para a América Latina, porque a integração latino-americana também passa pelo Centro-Oeste, deve observar também que Mato Grosso do Sul e Mato Grosso têm posições estratégicas quanto a essa integração. Temos uma grande hidrovia utilizada por outros países da América do Sul, e nós não a usamos. Usamo-la durante séculos e, nos últimos 50 anos, deixamos de usar essa importante hidrovia que é o rio Paraguai. O Uruguai, a Argentina e o Paraguai a usam muito bem, só agora começamos a usá-la.
Também devemos lutar por outras hidrovias como Araguaia/Tocantins, como a Teles-Pires/Juruena, como a hidrovia do Madeira, que são importantes para nós.
O Centro-Oeste está mais próximo dos mercados internacionais que o Sul do Brasil, do que Santos, do que Paranaguá. Estamos muito mais próximos do mercado internacional, tanto do mercado Asiático quanto dos Estados Unidos da América e da Europa. Apenas os nossos meios de comunicação estão obstruídos.
Já temos uma estrada ligando Cuiabá ao Pacífico. Hoje já se vai de Cuiabá à Arica, no Chile, e ao Peru, por terra. Um trabalho pioneiro conseguido quando éramos governador do Estado juntamente com as forças políticas bolivianas. Mas esse trabalho precisa ser aperfeiçoado, como o trabalho das hidrovias.
O Senhor Presidente da República, em sua fala hoje, disse que é um ardoroso defensor das hidrovias, considerando ser fundamental para o desenvolvimento do Brasil a preparação das hidrovias. Deixou isso muito claro na sua fala, o que tornou-me muito feliz.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje é um dia histórico para a nossa Região, para o Centro-Oeste. Incorporamos ao Centro-Oeste, porque são limítrofes ao nosso, que têm interesse comuns conosco, os Estados de Rondônia e do Acre, o Estado do Tocantins e ainda Brasília.
Assim, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, a nossa fala é para registrar esse acontecimento. O Senhor Presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu os documentos. Vai encaminhá-los aos Ministros para estudo, e S. Exªs., ao lado dos Governadores, ao lado da bancada do Centro-Oeste, haverão de definir um programa para o futuro da nossa Região.
Acredito ser importante um investimento na nossa Região, através de programas auto-sustentáveis, por meio de um programa de desenvolvimento com cunho social forte, porque no Estado do Mato Grosso hoje desenvolve-se o maior programa de reforma agrária do Governo Federal, com o maior volume de terras desapropriadas do Centro-Oeste. Devemos racionalizar tudo isso para transformar a nossa Região e o Brasil para o futuro.
Eram essas as colocações, Sr. Presidente, que eu gostaria de fazer.
Muito obrigado.