O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a espontânea manifestação do nosso povo sempre é um grande termômetro político para todos nós. A gravidade da situação nacional em decorrência dos ajustes exigidos pelo plano de estabilização econômica promovido pelo Governo, é expressada com simplicidade e sinceridade no documento que acabo de receber da Associação Comercial e Industrial de Primavera do Leste, em meu Estado, cuja leitura passo a fazer.

MANIFESTO S.O.S. AGRICULTURA

"Ser agricultor é abraçar uma das atividades mais laboriosas e de maior risco dentre todas as outras. Trabalha-se sempre dependendo do tempo, todavia é uma atividade abençoada pois produz alimentos para saciar a fome de milhões de seres humanos. Porém hoje no Brasil está se tornando uma atividade "marginalizada", onde o agricultor de herói que é, está se tornando perante o público um verdadeiro "caloteiro", face a mídia desonesta sustentada pelo sistema financeiro e por segmentos internacionais interessados em aniquilar a agricultura brasileira, criando para eles um mercado seguro de vendas de seus produtos subvencionados. Num curtíssimo espaço de tempo passaremos a ser um País importador de produtos agrícolas de outras nações. Hoje os produtores brasileiros sufocados por impostos altíssimos e absurdos, por uma defasagem cambial irreal e por financiamentos a juros "imorais", cujos custos são os mais caros do mundo, fatalmente não sobreviverão. "Não podemos e não devemos mais plantar". Quem o fizer fatalmente perderá tudo o que construiu durante esses últimos trinta anos. No caso de Mato Grosso de 3º produtor brasileiro de grãos passaremos a ser um dos últimos produtores. Essa fronteira agrícola que tanto contribuiu para aumentar as Divisas brasileiras já está se transformando num "Celeiro de Miséria". O brutal êxodo rural já está em marcha acelerada. As cidades sofrerão um acúmulo de desempregados com todos os malefícios decorrentes dessa massa de "miseráveis". Os Deputados "Ruralistas" e outros estavam no caminho certo, defendendo e procurando adequar ao Brasil uma política Agrícola sólida, eficiente e duradoura. Os parlamentares Ruralistas não devem aceitar essa Medida Provisória, pois sem ela os produtores teriam condições melhores de renegociação junto ao sistema financeiro. A Medida Provisória a ser editada pelo Governo coloca os agricultores com a cabeça na guilhotina. Essa situação tem que ser revista urgentemente. O setor produtivo não pode aceitar essa camisa de força enfiada goela abaixo pelo Governo Federal, cuja política entreguista está decretando a falência de um setor que sempre respondeu com aumento de riquezas para o país. Só resta à atividade rural, a verdadeira alavanca do progresso e desenvolvimento de todos os setores dependentes diretos e indiretamente da Agricultura, reduzir drasticamente a área cultivada. Essa redução hoje em Mato Grosso e em outros Estados do Centro-Oeste já atinge a casa do 50% ou mais. Se os entreguistas desse país assim o queriam, já o conseguiram. O setor produtivo lança o S.O.S. aos Parlamentares decentes e honrados, que realmente abraçam a causa de salvar o setor agrícola estabelecendo definitivamente uma "Política Agrícola" geradora de riquezas e empregos ao Povo Brasileiro. Medidas urgentes devem ser tomadas caso contrário o caos social se instalará no Brasil, pois sem uma agricultura forte o Plano Real fatalmente sucumbirá e as instituições democráticas estarão seriamente ameaçadas. A inflação aí está e pior já com recessão e desemprego. É chocante ver um País com potencial produtivo de alimentos estar morrendo de fome, devido à incompetência na condução da política agrícola agrária. Se essa Medida provisória for aprovada pelo Congresso os produtores não terão outra alternativa a não ser parar definitivamente de plantar. Algo deve ser feito urgente. O setor produtivo deverá se unir em torno de um movimento Nacional único e forte para "Alertar" as autoridades e o Povo em geral para o caos que se instalará no País. Sugerimos que todos os segmentos se unam em torno do S.O.S. Agricultura. Assinam este manifesto os órgãos representativos como: Sindicato de Trabalhadores Rurais, Sindicato Patronal da Agricultura e Associação Comercial e Industrial de Primavera do Leste/MT.

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NÃO VAMOS NOS DISPERSAR, VAMOS NOS UNIR NUMA CORRENTE PRA FRENTE EM PROL DE UMA AGRICULTURA FORTE, COESA E PRODUTIVA".

Primavera do Leste-MT, 12 de junho de 1995"