Pronunciamento de Bernardo Cabral em 02/10/1995
Discurso durante a 160ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO JORNALISTA IBRAHIM SUED.
- Autor
- Bernardo Cabral (PP - Partido Progressista/AM)
- Nome completo: José Bernardo Cabral
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO JORNALISTA IBRAHIM SUED.
- Publicação
- Publicação no DSF de 03/10/1995 - Página 17210
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- HOMENAGEM POSTUMA, IBRAHIM SUED, JORNALISTA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
O SR. BERNARDO CABRAL (PP-AM. Para uma comunicação de Liderança.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em sua festejada obra "Por quem os sinos dobram", Ernest Hemingway faz, logo no início, a seguinte citação de John Donne:
"Nenhum homem é uma ilha isolada; Cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar dos teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti."
Nada tão oportuno para o começo deste meu breve pronunciamento: na manhã de ontem, o Rio de Janeiro amanheceu de luto. Aos 72 anos, em sua casa, no bairro de Ipanema, morria, vítima de um enfarte agudo do miocárdio, edema pulmonar e hipertensão arterial, o criador do moderno colunismo social no Brasil. Seu nome: Ibrahim Sued.
Amigo com quem convivi ao longo dos últimos 15 anos, Ibrahim traçou para si próprio uma trajetória à qual deu cumprimento: a de ser um vitorioso.
E o foi, sempre. Originário de família humilde, freqüentava as festas mais sofisticadas - das nacionais às internacionais - e os mais belos castelos europeus como se tivesse vivido sempre, desde a infância, no meio da aristocracia.
Irreverente, entendia a crítica como um ato de lealdade. E a exercitou dizendo as verdades, sem retoques ou coloridos. Construiu frases, ditou modismos, escreveu livros de etiqueta, fez zombaria com certas ideologias políticas, cultivou adversários, mas sempre olhou para o alto e buscou no firmamento dos seus devaneios a estrela da esperança.
Encontrou-a... e a transformou em realidade.
Ontem, a estrela se apagou. Daí, não querer eu perguntar por quem os sinos dobram.
Não pergunto... mas não posso deixar de registrar a minha saudade. E a ela junto esta homenagem de pesar, que peço à Mesa faça chegar ao conhecimento da família enlutada.
É o registro que gostaria de fazer.