O SR. MAURO MIRANDA (PMDB-GO. Para um comunicação inadiável.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o PMDB, o Partido mais forte, mais renhido, mais coerente da história contemporânea do País, vive um pequeno impasse, natural na vida e na trajetória de afirmação das grandes correntes de pensamento político. O Partido de Ulysses Guimarães, de Tancredo Neves, de Teotônio Vilela, o partido da reconstrução democrática, tem um encontro de definição no próximo dia 9. Nenhum de seus próceres, nenhum dos seus milhares de militantes tem dúvida de que ele sairá mais forte desse novo episódio de rearrumação interna.

            No dia 9, a Executiva do PMDB vai discutir a legitimidade das eleições para a sua presidência, em que se bateram democraticamente os ilustres Deputados Paes de Andrade e Alberto Goldman. O questionamento da vitória de Paes de Andrade, no meu modo de entender, é tão democrático quanto foi o pleito, e creio sinceramente que essa deve ser a convicção dos amigos que tenho nos dois lados. Neste rápido pronunciamento, não estou à vontade para recomendar preferências aos companheiros, porque todos conhecem a minha opção, e porque fui levado a ela.

            Para mim, o que importa no prolongamento da competição pela direção partidária é o sentido político de seus objetivos. E é em torno dessa perspectiva que fixo o meu apelo. Nossa história partidária, ao longo das últimas décadas, foi construída em cima de uma coerência de que nunca nos afastamos. Foi a luta pela emancipação do povo brasileiro, vítima da supressão de suas liberdades fundamentais. Efetivada essa conquista, com as eleições diretas em todos os níveis, transferimos nossas preocupações para a emancipação econômica e social do cidadão brasileiro. Tanto fomos coerentes nessa luta, que jamais fomos desacreditados na resposta das urnas. Temos a maioria nos governados estaduais, no Congresso, nas assembléias, nas prefeituras e nas câmaras municipais. Somos, como partido político, a soma nacional das manifestações de inconformismo do povo brasileiro.

            E foi com esse propósito que o PMDB, em convenção, decidiu apoiar a mensagem reformista do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Com Sua Excelência, assumimos os compromissos de mudança reclamados por toda a sociedade. Quebrar esse elo é colocar em risco a própria história de afirmação do PMDB como força majoritária da média dos sentimentos brasileiros. Creio sinceramente ser esse o vínculo inquestionável entre a direção partidária e as bases capilares que fazem a nossa grandeza. Nesse sentido, Goiás é um símbolo, tanto na sua dimensão, como das mais fortes representações partidárias entre os Estados, quanto na unanimidade do pensamento que une o Governador, as Bancadas federais, as prefeituras e a assembléia.

            Pode parecer ingênuo, mas penso que não existe nada impossível na política. Acredito muito no sucesso de novas articulações que busquem o consenso partidário. Consenso em nome de objetivos nobres que unam nossas forças. Temos a vocação da grandeza, e por isso é justo sonhar com um Partido voltado para a modernização do País e para a inserção de nossa economia no Primeiro Mundo. Desarmar espíritos em busca da paz interna é o caminho para o fortalecimento do PMDB, no grande embate das próximas eleições municipais. Rachados, como ficará nossa credibilidade diante do eleitor? Sem identidade definida, como negociaremos com o Presidente da República? Divididos, como vamos postular o poder em 1998? Como reivindicar a participação da sociedade civil, e conquistar novos quadros, na parceria por um grande projeto nacional? São questões fundamentais que devem conduzir à reflexão dos nossos grandes Líderes, como o Senador Jader Barbalho e o Deputado Michel Temer. Não lhes faltarão os trunfos e os instrumentos para recompor interesses e reajeitar alternativas de consenso.

            É imperioso lutar pela manutenção da identidade entre o PMDB e o País. A Nação está olhando para todos nós, esperando a grandeza do desprendimento que corresponda às nossas grandes e indelegáveis responsabilidades políticas. São os gestos de renúncia e de grandeza que dão aos homens o tamanho das instituições políticas que representam. Nossos companheiros são vividos, calejados pela luta, conhecem o significado da palavra união e sabem como chegar a ela. Não tenho dúvida de que o bom senso vai prevalecer, em nome de nossa história passada e de nossa afirmação futura. Espero e desejo que cada um encontre o caminho certo para chegar a esse ideal.

            Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado.