Pronunciamento de Júlio Campos em 11/12/1995
Discurso no Senado Federal
COMEMORAÇÃO DOS 25 ANOS DA CRIAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO.
- Autor
- Júlio Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/MT)
- Nome completo: Júlio José de Campos
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- COMEMORAÇÃO DOS 25 ANOS DA CRIAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO.
- Aparteantes
- Edison Lobão.
- Publicação
- Publicação no DSF de 12/12/1995 - Página 5426
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (UFMT).
O SR. JÚLIO CAMPOS (PFL-MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem, 10 de dezembro de 1995, o Estado de Mato Grosso ficou em festa. E por que essa grande festa que Mato Grosso comemorou no dia de ontem? É que completava 25 anos de criação e fundação a Universidade Federal de Mato Grosso, com uma feição de instituição em fase de consolidação e preocupada com as reformas do Estado que, se concretizadas, transformariam-na em um Colégio de 3º grau.
A Uniselva, como é conhecida a nossa Universidade, trabalha para o enfrentamento da realidade que se avizinha com a parceria dos diversos segmentos da sociedade mato-grossense na discussão dessas mudanças, para evitar que não sejam surpreendidas em um futuro próximo.
Justamente há 25 anos, quando todo o Brasil pensava em desenvolvimento, Mato Grosso também lutou com muita garra para criar a sua Universidade, e nós, como estudante universitário, reivindicamos junto ao então Presidente da República Emílio Garrastazu Médici e ao então Ministro da Educação, Coronel e ex-Senador Jarbas Passarinho para que se tornasse realidade um projeto que já estava em andamento desde a gestão do Presidente Costa e Silva na Presidência da República e do Ministro Tasso Dutra no Ministério da Educação.
Foi uma luta muito grande para que a sede da Universidade Federal de Mato Grosso ficasse em Cuiabá ao invés de Campo Grande. Naquela época já começavam as primeiras lutas pela divisão de Mato Grosso e havia uma disputa muito grande entre Cuiabá e Campo Grande para sediar aquela instituição. Num gesto de grandiosidade, o então Presidente Emílio Garrastazu Médici e o grande Ministro da Educação, Jarbas Passarinho, entenderam que a sede da Universidade Federal de Mato Grosso deveria ser Cuiabá e não Campo Grande, como era o desejo da grande maioria de Parlamentares.
Neste momento em que se comemoram vinte e cinco anos da fundação da nossa Universidade, não posso deixar de prestar calorosa homenagem àqueles Parlamentares de Mato Grosso - naquela época, havia somente o Estado de Mato Grosso -, que lutaram para que Cuiabá fosse sede dessa Universidade e para que Mato Grosso tivesse a sua Universidade.
Hoje, reverencio a memória do saudoso e inesquecível Senador Filinto Müller, que foi Presidente desta Casa, Líder do Governo e Presidente da Aliança Renovadora Nacional. O Senador Filinto Müller, o Senador Vicente Bezerra Neto, outro grande representante de Mato Grosso nesta Casa e que fazia parte do então MDB, e o Deputado Federal José Garcia Neto foram os grandes batalhadores para que Mato Grosso tivesse a sua Universidade.
O projeto inicial para a implantação da Universidade Federal de Mato Grosso visava à identidade de preservação do regionalismo. Isso não foi possível, e a instituição mudou de rota, trocando as suas características regionais pelas universais, o que a coloca, hoje, numa enorme fila, como outras grandes universidades.
Essa avaliação é do primeiro e grande reitor da Universidade, Dr. Gabriel Novis Neves, que foi um médico dos mais competentes e teve a honra também de ser não só Secretário da Educação e Cultura de Mato Grosso, como também Secretário de Saúde. Quando fui Governador, no período de 1983 a 1986, o Dr. Gabriel Novis Neves serviu ao meu Governo, ocupando a Pasta da Saúde.
E, quando foi criada a nossa universidade, o então Governador de Mato Grosso, Pedro Pedrossian, que também com muita honra ocupou uma das cadeiras desta Casa, doou o prédio para ser a sede própria do Campus Universitário de Cuiabá, esta importante universidade que recebeu o nome de Uniselva, porque seus cursos voltavam-se para os programas da Amazônia.
O Sr. Edison Lobão - V. Exª me permite um aparte?
O SR. JÚLIO CAMPOS - Ouço com atenção o aparte do nobre Líder do PFL, Senador Edison Lobão.
O Sr. Edison Lobão - Eminente Senador Júlio Campos, há 30 anos, o Brasil possuía 120 mil alunos matriculados em universidades. Devemos considerar que, àquela época, embora o número de alunos fosse pequeno, o nível de ensino era bastante elevado. Os nossos estudantes que saíam das universidades formados eram de nível muito bom. A partir daí, houve um incremento extraordinário de universidades federais, estaduais e até de universidades privadas em nosso País. O resultado é que temos hoje, aproximadamente, 2,5 milhões de universitários, porém, o nível do ensino caiu a posições inacreditáveis. Todavia, a Universidade de Mato Grosso, pelas notícias que recebo, está entre as melhores do País. Hoje, quando ela completa 25 anos, e V. Exª faz esta homenagem merecida à universidade de seu Estado, quero juntar a minha palavra, os meus aplausos e o meu regozijo aos de V. Exª por este acontecimento. Na medida em que temos uma universidade como a de seu Estado, com o nível de ensino que ela apresenta, só temos razão de estarmos alegres. Cumprimento V. Exª pela iniciativa.
O SR. JÚLIO CAMPOS - Muito obrigado. Incorporo com muita honra o seu aparte ao meu discurso.
Realmente, fico orgulhoso em saber que a nossa Universidade Federal do Mato Grosso, com toda essa crise que vive o ensino superior do País e com toda essa dificuldade com que vive a educação nacional, ainda vem se destacando. Embora com poucos recursos, principalmente nas áreas de custeio e investimento, a nossa Universidade mesmo assim cresceu.
Mato Grosso hoje se orgulha de estar formando técnicos para servir à Amazônia e em especial ao Centro-Oeste de todo o País.
E a nossa Universidade tem uma característica especial que talvez a diferencie das demais: a sua vontade em discutir os problemas da Amazônia e do Centro-Oeste.
A universidade não ficou apenas elitizada em Cuiabá, ela se ramificou por todo o interior do Estado, com a criação de campus avançados em vários pontos do interior do Mato Grosso. Até mesmo na cidade de Sinop, a mais de 500 quilômetros da capital, já há um pólo da Universidade Federal do Mato Grosso, assim como em Barra do Garças, também a 500 quilômetros de Cuiabá, na divisa com Goiás; em Rondonópolis, no Sul do Estado, a 240 quilômetros de Cuiabá; na região de Cáceres; em Juína e também em Aripuanã, onde foi lançado o Projeto Humboldt, o primeiro estudo dos projetos amazônicos.
Este é um momento de festa, de alegria para todos nós mato-grossenses. Na época em que fui cursar minha faculdade, o mato-grossense tinha que ir para São Paulo, Rio de Janeiro ou para Goiânia, o local mais próximo, que tinha a sua recém-fundada universidade. O mato-grossense tinha que ir para outros Estados para fazer o seu curso superior.
Com a criação da nossa Universidade, hoje, não só o estudante de Mato Grosso tem acesso àquela instituição de ensino superior, mas também estudantes de estados vizinhos. Orgulhamo-nos de ter no seio da Universidade não só alunos de Rondônia, do Acre, de Mato Grosso do Sul e mesmo de Goiás ou Tocantins, mas também dos países irmãos, como a Bolívia, o Paraguai, a Colômbia, a Venezuela, o Equador e o Peru, que fazem acordos com a nossa Universidade. Hoje, Mato Grosso forma técnicos também para servir aos países irmãos da América do Sul.
Neste instante, quero lembrar a figura dos homens que comandaram a nossa Universidade, com seu espírito pioneiro, na figura dos ex-reitores: Professor Gabriel Novis Neves, que foi seu reitor por mais de dez anos; o Professor Benedito Pedro Dorileo, que foi o vice-reitor e depois assumiu por três anos a reitoria; o Professor Eduardo De Lamônica Freire, grande médico também, que fez uma brilhante administração e foi o primeiro reitor eleito pelo colégio participativo, com professores, funcionários e estudantes elegendo democraticamente pelo voto o seu reitor; o Professor Frederico Müller e hoje, à frente da Universidade, temos a Magnífica Reitora, Professora Luzia Guimarães, figura ímpar da comunidade mato-grossense que deu esse novo perfil à Universidade de Mato Grosso, ou seja, o de que a Universidade não deveria ficar apenas restrita à Cuiabá, a capital, mas sim atingir também o interior, principalmente por intermédio de convênios com as prefeituras municipais para a melhoria da formação das nossas professoras de 1º grau, no interior de Mato Grosso, dando noções da nova pedagogia, da nova qualidade de ensino.
Sei, perfeitamente, que a Universidade cumpriu com o seu dever, tanto que os jornais de Cuiabá de ontem fizeram edição especial mostrando a nossa Universidade, que não ficou apenas no estudo de graduação, pois hoje já tem curso de extensão, de formação e de pós-graduação. Atualmente, a nossa universidade já qualifica professores e alunos formados em outras universidades em cursos de pós-graduação, dando assim oportunidade de mostrar que temos técnicos muito bem qualificados trabalhando pela formação da pós-graduação. Diz um dos jornais:
"A pós-graduação está em fase de consolidação na Universidade que oferece cursos nas áreas de Educação Pública (mestrado e doutorado), Agricultura Tropical (mestrado), Saúde e Meio Ambiente (mestrado e doutorado), Ecologia e Conservação da Biodiversidade (mestrado e doutorado), com 205 alunos matriculados e 44 teses defendidas. Para a pró-reitora de pesquisa e ensino da Universidade, Marta Duarte de Barros, o número de programas e projetos de pesquisa da UFMT revela que há uma vontade da Academia em produzir conhecimento, com professores, técnicos e alunos se qualificando, tanto em nível de graduação como em pós-graduação."
Tudo isso reflete que o nosso Estado, embora abandonado pelo Governo Federal, nos últimos anos, porque sabemos que, lamentavelmente, a última obra federal que estava sendo feita em Mato Grosso foi iniciada ainda no Governo do ex-Presidente José Sarney. Trata-se da construção da Usina de Rio Manso. Lamentavelmente, o primeiro gesto de seu sucessor, o Presidente Fernando Collor de Mello, foi paralisar a obra, que também não foi tocada durante o Governo Itamar Franco. Agora, há a promessa e esperança para nós, mato-grossenses, de que essa hidrelétrica possa chegar ao seu final no governo honrado do Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Tenho certeza absoluta de que a Universidade Federal de Mato Grosso, mesmo distante dos olhos do Sr. Ministro da Educação, mesmo longe do centro de decisão, está cumprindo uma missão não só na área de estudo e pesquisa, como também cultural.
Temos, na nossa universidade, um grande avanço cultural. A nossa Orquestra Sinfônica é uma das melhores do Brasil, com premiação de caráter internacional, e muito bem colocada está a nossa biblioteca. Um gesto bonito tem acontecido: grandes mato-grossenses, mesmo os que não moram em Mato Grosso, quando morrem, fazem a doação do acervo de sua biblioteca à Biblioteca Universidade Federal de Mato Grosso.
É por isso que, neste instante, quero congratular-me não só com a reitora Luzia Guimarães, mas com toda a equipe de dirigentes da Universidade Federal de Mato Grosso, com todos os professores, servidores e alunos, pela grande data de 25 anos de sua fundação, um sonho acalentado por nós, que, ainda líder estudantil universitário ou dirigente de diretório acadêmico em outros Estados da Federação, já lutávamos para levar uma universidade para Mato Grosso.
Agradeço nesta oportunidade, em meu nome e em nome de toda a minha geração de mato-grossenses, essa atitude do saudoso e inesquecível Presidente Emílio Garrastazu Médici, esse grande gaúcho que tratou o Centro-Oeste e Mato Grosso com muito carinho como se fosse a sua própria terra; e a outro gaúcho que fez o primeiro projeto da célula-mãe da universidade, o saudoso e inesquecível Ministro da Educação, Tarso Dutra, que deixou toda a burocracia encaminhada. Coube ao então Ministro Jarbas Passarinho, o acreano-paraense, a oficialização do ato no dia 10 de dezembro de 1969.
Nesta oportunidade, a esses homens que nos deram o ensejo de termos a nossa universidade, manifestamos a nossa eterna gratidão do povo mato-grossense.