O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PPB-SC. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não me move, neste momento, o propósito de enriquecer, com alguma palavra mais eloqüente ou com alguma informação, esta oportunidade em que estamos muito mais homenageando um exemplo do que registrando uma perda.

O que me move é o sentimento do dever e o dever com o sentimento de gratidão e de amizade. O sentimento de dever é trazer aqui a palavra de quem foi, antes de ser parlamentar, admirador do homem público Nelson Caneiro. O dever com o sentimento de gratidão é agradecer ainda hoje - e agradecerei sempre - os bons exemplos que Nelson Carneiro nos deixa. E o sentimento de amizade é porque, tendo aqui chegado há cinco anos, convivi durante os primeiros quatro anos deste mandato com uma figura que eu me permitia, em tom jocoso mas também respeitoso e sugestivo, chamar de "o meu querido metaleiro".

Sr. Presidente, Srs. Senadores, eu chamava o meu amigo de metaleiro porque ele não envelheceu. Não envelheceu na sua rebeldia, não envelheceu nas suas posições, no seu espírito aguerrido, e não envelheceu na sua vigilância, sem nenhuma alusão ao fato de ter pertencido à UDN.

A sua vigilância, eu a tenho gravada em palavras e gestos, como por exemplo ao aprovarmos, em 1993, a legislação que veio a presidir a eleição de 1994. Recebíamos o projeto, vindo da Câmara, às vésperas do prazo fatal; e o Senador Nelson Carneiro, como se fosse o mais vigilante, o mais preocupado e o mais interessado dentre todos nós, no instituto da eleição e na sua regulamentação, advertia para equívocos que iríamos engolir. Manifestava ali o seu inconformismo, a sua vigilância, a sua lucidez com espírito de luta.

Por isso, aquela expressão carinhosa que eu usava - e só usei isso, evidentemente, nos encontros pessoais que tínhamos -, procurava revelar aquilo que eu gostaria de mais assimilar e copiar, como homem público, do exemplo de Nelson Carneiro: é de nunca perder a energia, que é o primeiro passo para não perder a fé. É impossível fé sem energia. A fé sem energia não tem frutos a dar. A fé, movida pela energia, é capaz de mudar as atitudes, fazendo com que se pratique aquilo que se pretende na política, qual seja, mudar a história. Nelson Carneiro deixa-nos, dentre tantos, esse exemplo.

Não sei se aqui ficou registrado, mas a filiação do homem público Nelson Carneiro, por ter sido filiado ao PP, e por não se ter desligado do PTB, era do meu Partido. Quando, recentemente, a Deputado Laura Carneiro anunciava a sua filiação a outro partido, ela nos trazia essa mensagem.

Por tudo isso, em meu nome pessoal e em nome do meu Partido, desejo deixar consignadas nesta sessão, que tem como principal intento homenagear um exemplo, essas palavras de amizade e, acima de tudo, de gratidão.