Discurso no Senado Federal

REFUTANDO REPORTAGEM PUBLICADA NA REVISTA ISTOE, DESTA SEMANA, INTITULADA 'FRAUDE MONUMENTAL', ACERCA DE FINANCIAMENTO A ULTIMA CAMPANHA ELEITORAL DE S.EXA. PARA GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • REFUTANDO REPORTAGEM PUBLICADA NA REVISTA ISTOE, DESTA SEMANA, INTITULADA 'FRAUDE MONUMENTAL', ACERCA DE FINANCIAMENTO A ULTIMA CAMPANHA ELEITORAL DE S.EXA. PARA GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL.
Aparteantes
José Roberto Arruda.
Publicação
Publicação no DSF de 03/09/1996 - Página 15378
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • CONTESTAÇÃO, CONTEUDO, ARTIGO DE IMPRENSA, PUBLICAÇÃO, PERIODICO, ISTOE, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUTORIA, ROBERTO PEREIRA DE SOUZA, JORNALISTA, ACUSAÇÃO, ORADOR, RECEBIMENTO, DINHEIRO, PROCEDENCIA, SERVIDOR, BANCO DO BRASIL, EFEITO, IRREGULARIDADE, OPERAÇÃO FINANCEIRA, DESTINAÇÃO, FINANCIAMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, CARGO ELETIVO, GOVERNADOR, DISTRITO FEDERAL (DF).

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje eu me encontro muito constrangido em comparecer à tribuna desta Casa porque, pela primeira vez, o meu discurso não será em defesa da educação, da saúde ou da segurança, nem de apresentação de algum projeto. Falarei sobre um fato lamentável: uma reportagem publicada em revista de grande circulação nacional.

Durante todo esse meu mandato aqui no Senado Federal - à semelhança do que fiz na Câmara -, quase todos os dias venho à tribuna para trazer a minha palavra e defender a Unidade da Federação pela qual fui eleito, honrando os votos que recebi do povo do Distrito Federal.

Neste final de semana, Sr. Presidente, aconteceu algo que eu não esperava: ou a sucessão do Distrito Federal está sendo antecipada em mais de dois anos, o que considero um ato de amadorismo, ou estou sendo vítima de uma armação política, como alguns companheiros desta Casa já o foram.

Sobre a sucessão, diria: por esses dias, recebi uma notificação do Tribunal de Contas do Distrito Federal cobrando-me uma parcela de mais de R$3.000, dizendo que sou devedor, porque permiti, como ex-administrador da cidade de Taguatinga - pasmem os senhores -, em 1981, que algumas entidades sociais, como a Guarda Mirim, que cuida de crianças abandonadas, ocupassem prédios abandonados, mais precisamente salas abandonadas da rodoviária daquela cidade satélite. Era o meu critério, é o meu jeito de administrar com a comunidade, trazendo os órgãos representativos para dentro do Governo.

Infelizmente, depois de 15 anos, estou sendo cobrado por uma dívida - e até que me sinto muito feliz, se eu for condenado, em pagá-la - porque ajudei entidades assistenciais do meu Estado, quando muitos estão fechando as portas para elas.

Neste final de semana, na revista Isto É, li reportagem assinada pelo jornalista - disseram-me que não é jornalista da revista, mas um free lancer - Roberto Pereira de Souza, em que ele diz: "Empresário condenado por rombo de US$157 milhões acusa dirigentes do Banco do Brasil e diz que pagou a campanha de Valmir Campelo para Governador de Brasília."

Sr. Presidente, isso é uma brincadeira de mau gosto, que está me causando problemas, não só no meio profissional, mas no meu meio familiar. Todos nós, a qualquer momento, somos suscetíveis de ser atingidos por reportagens como essa. Devo dizer, em primeiro lugar, ao Senado Federal, que a reportagem é mentirosa, que o jornalista autor da mesma - nem sei se devemos chamá-lo assim - esteve comigo há um mês. Naquela oportunidade, ele perguntou-me se realmente aquele cidadão havia pago minha campanha, e eu lhe mostrei o mapa das doações feitas para a minha campanha, dos bônus que foram comprados, a exemplo de todos os partidos políticos. Pedi-lhe que fosse ao TRE para confirmar os dados que eu lhe estava fornecendo. Pedi-lhe que fosse ao Banco do Brasil e indagasse daquela instituição se algum dia, em qualquer época, pedi algum favorecimento para alguém, para algum empresário, pessoa física ou jurídica. Ele ficou convencido de minhas explicações, pois mostrei tudo abertamente.

Quando começou a reportagem, eu lhe disse que havia pensado que ele tivesse ido lá para tratar de outro assunto e se me permitisse, iria gravar a entrevista e passei a fazê-lo. Apresentarei a gravação na Justiça no momento oportuno.

Sr. Presidente, depois de um mês, baseado em carta de um detento que foi condenado pela Justiça a dez anos de prisão, ele faz essa denúncia. Vejam V. Exªs, ele faz isso baseado em uma única prova - ele diz que é prova -, isto é, a carta de um prisioneiro que diz ter-me ajudado na campanha política, ou melhor, a mim não; ajudou na campanha do candidato a governador, alicerçada com 8 partidos políticos e mais de 100 candidatos.

Sr. Presidente, uma carta dessa natureza não tem nenhum valor jurídico. Esse rapaz, eu o conheci aqui em Brasília por volta de 1994, em plena campanha, quando ele me foi apresentado pelo presidente de um sindicato do Distrito Federal, pessoa conscienciosa, honesta e que também foi enganado por esse cidadão que mora no interior de São Paulo. Ele dizia que era comerciante, alto comerciante, e que pretendia vir para Brasília. Como um dos pontos de minha plataforma política era exatamente a geração de empregos, o referido cidadão disse-me que iria trazer as suas empresas para o Distrito Federal, para dar emprego à população. Estive com ele algumas vezes. Era um rapaz muito dinâmico. A reportagem diz que ele trabalha com factory, com investimentos. Diz também que tem um capital de R$350 milhões.

Vou deixar no Senado Federal a relação de todas as contribuições de pessoas físicas e jurídicas, que colaboraram com a minha campanha. Em momento algum, esse cidadão ajudou, doou, ou deu qualquer tipo de contribuição à minha campanha.

Então, indago: meu Deus do céu, onde estamos? Agora, a coisa está invertida: uma revista de grande circulação nacional publica uma reportagem desse tipo e não tem nenhuma obrigação de se explicar? Quem recebe a acusação é que tem de se explicar e provar o contrário? Será esse o ônus de ser homem público neste País? É esse o preço que teremos de pagar por não frear as nossas pretensões políticas legítimas? Será esse o preço da desonestidade, o preço da mentira, o preço da infâmia, o preço da calúnia?

Sr. Presidente, pela nota da reportagem, esse cidadão mora em Jundiaí, no Estado de São Paulo. Nunca fui a Jundiaí, nunca vi esse gerente de banco de Jundiaí.

Acredito no Banco do Brasil. O presidente Paulo César Ximenes tem procurado enquadrar todo o Banco do Brasil dentro de suas normas e apurar as irregularidades. Ele, como toda a Diretoria do Banco do Brasil, é testemunha de que, em momento algum, pedi empréstimo ao Banco do Brasil ou a qualquer outra instituição financeira. Não sou comerciante. Nunca pedi a nenhuma empresa facilidades para obter empréstimo em banco.

E mais, Sr. Presidente - pasme V. Exª! - a reportagem diz que ele começou a tirar empréstimos em 1993. Como todos sabem, no primeiro turno eu estava em primeiro lugar e ganhei. Esse rapaz esperto, vivo, deve ter vindo para cá para aproximar-se de alguém que estivesse concorrendo à eleição para Governador, provavelmente para tirar algum proveito.

A carta, mencionada na reportagem, diz que ele deu R$6 milhões para a campanha. Imaginem, R$6 milhões! Ele disse ter contribuído com valor igual ao que eu dizia a todo o instante na televisão que deveria ser gasto na minha campanha: R$6.625 mil. Na época, eu dizia também que havíamos conseguido arrecadar, vendendo os bônus, na forma da lei, apenas R$2.935.200,00. O restante dos bônus está na sede do Partido, como determina a lei, onde deverá passar cinco anos, bônus esses que já foram conferidos e checados pelo TRE e pelo TSE. Minhas contas referentes à campanha política já foram devidamente aprovadas.

Como teríamos recebido, apenas desse cidadão, R$6 milhões quando, por essa relação imensa, pode-se ver que o tesoureiro - não fui o tesoureiro da campanha, mas apenas o candidato - recebeu menos de R$3 milhões, em virtude da venda dos bônus?

Ora, Sr. Presidente, estamos há dois anos do resultado das eleições, e, em momento algum, fiz avaliações da minha derrota na campanha, até porque entendi, e entendo, que não vale a pena ainda fazê-las. Provavelmente, no momento oportuno, eu possa até fazer essa avaliação; mas, até agora, não me compete fazê-la.

Todavia, devo dizer a V. Exªs, neste momento, para que fique bem claro, que, provavelmente, se tivéssemos apenas de 80 a 100 mil reais além da importância referida, não digo que teria ganho a eleição no segundo turno, mas a margem, que já foi pequena, teria sido muito reduzida. Deixamos de colocar, Sr. Presidente, Srs. Senadores, os fiscais nas urnas para a apuração do pleito no segundo turno; e deixamos de fazê-lo porque não tivemos dinheiro para pagar fiscais para o segundo turno. Vários carros nossos ficaram parados por falta de combustível.

Então, se tivéssemos mais 100 mil reais, provavelmente, pagaríamos os fiscais e complementaríamos o orçamento para as despesas que tínhamos, por exemplo, com combustível.

Agora, vejam bem V. Exªs: sabem através de que sou acusado? Por uma carta. E diz o repórter que a carta tem validade porque a firma foi reconhecida. Posso fazer uma carta contra V. Exª dizendo o que bem entender, afirmando que V. Exª recebeu dinheiro meu, assinar e mandar para o cartório, V. Exª é que terá que se defender. É assim! Assim foi feito. Não há nenhum diretor do Banco, porque não há mesmo, que diga aqui que eu pedi alguma coisa, que eu pedi a liberação, que eu influi em alguma coisa. E será que algum Senador da República tem influência para liberar no Banco do Brasil R$157 milhões? Isso é brincadeira de mau gosto, que não vai ficar assim.

Sr. Presidente, dói-me fazer estes esclarecimentos, como já doeu em muitos que por aqui passaram.

Será que é o problema da sucessão no Distrito Federal? Não acredito que seja, Sr. Presidente. Ou será que é porque fiz aparte a um colega nosso que estava sendo atacado, como hoje eu fui - fui um dos que fizeram apartes pedindo uma lei de imprensa mais dura. Depois daquele dia, três ou quatro colegas nossos que fizeram apartes aqui foram sacrificados, como eu estou sendo sacrificado. Será que é este o preço que nós temos que pagar? Não podemos mais falar nada, porque senão faz-se uma reportagem dessa. Vire-se, mostre que é mentirosa! É fácil mostrar que é mentirosa. Vou apresentar as provas, pedir para serem publicadas nos Anais desta Casa e também vou entrar na Justiça. Mas será que todos vão ler, tomar conhecimento? O meu desabafo será entendido? Será lido pelas mesmas pessoas que leram, no Brasil inteiro, uma reportagem feita apenas com base na carta de um prisioneiro condenado, sem nenhuma prova?

Veja V. Exª que essa carta foi feita de três a seis meses antes - não sei, porque não a recebi - da condenação desse cidadão, conforme disse o próprio repórter, cujas palavras tenho gravadas. Ele diz na carta que, por ter-me ajudado na campanha, eu tenho de entrar em contato com a Justiça para liberá-lo da condenação; caso contrário, ele me incriminará a respeito disso.

No entanto, a carta existe; pelo menos, o repórter me mostrou. Não posso mostrar, porque ele só apresentou o trecho que interessava. O restante, que ele leu para mim, está gravado; eu o apresentarei à Justiça.

O próprio repórter disse que isso parecia fantasia de alguém que, por estar desesperado, resolveu fazer chantagem. Sugeri-lhe que fosse ao Banco e ao TRE e publicasse a matéria, se encontrasse alguma prova concreta. Mas esse cidadão, que se chama Roberto Ferreira de Souza, não procedeu dessa maneira; foi rasteiro, covarde, mais uma vez. Lamento profundamente, mas esse é o preço que pagamos por exercermos a função pública, Sr. Presidente.

Quero dizer a V. Exª e deixar, mais uma vez, patenteado que nem eu, nem qualquer candidato da nossa coligação, composta de oito partidos políticos e de mais de 100 candidatos, recebeu qualquer tipo de ajuda desse cidadão em Brasília.

Essa pessoa apresenta na revista, além da carta, um demonstrativo por ele elaborado, na parte de cima o nome da firma. E põe o transporte de R$5.991.537,00, sem especificar do quê. É transporte! O transporte a que se refere é transporte da folha 2, sem especificar. E acrescenta sete itens no valor de R$9 mil, correspondendo a US$9 mil, exatamente para fechar os R$6 milhões.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, observem a má-fé. Esta pessoa sozinha pagou, duas vezes, a nossa campanha. Se nós arrecadamos quase três milhões, vendendo bônus, na forma da lei, e se este cidadão, sozinho, deu seis, foram nove. Daria para termos feito três campanhas políticas. Três!

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, realmente, é lamentável. Afirmo que nenhum dos mais de cem candidatos, nem tampouco o candidato a Governador, recebeu deste cidadão qualquer tipo de ajuda, como podem demonstrar os documentos que foram aprovados. O jornalista pode solicitar todas as notas ao TRE. É público. Pode até ter acontecido com algumas camisetas, que não foram para mim, porque ele fala também num candidato a Deputado Distrital. Qualquer um pode ser simpatizante. Se V. Exª, eu ou qualquer outra pessoa é simpatizante de determinado candidato, como ele deve ter sido do Deputado, pode mandar fazer 100 chaveiros, 50 camisetas. Com essa nota, ele já estava, certamente, preparado para fazer realmente o que fez e tirar a nota fiscal. V. Exª foi candidato. Se algum simpatizante quiser ajudar, fazer camisetas, chaveiros, lá em Taguatinga, em Brazlândia, no Gama, nós tomamos conhecimento disso?

Tenho 35 anos de Brasília, 16 anos como Prefeito de três cidades, 4 anos como Deputado Federal, 6 anos como Senador da República, 26 anos de vida pública, e nunca se levantou, nunca se questionou nada sobre minha vida pública e particular, nunca um Tribunal impugnou minhas contas, nunca um tribunal baixou em diligência as minhas contas. Fui administrador de 3 cidades por 16 anos, fui ordenador de despesas, fiz licitações públicas. Nem na campanha em que fomos adversários, o Partido de V. Exª levantou alguma dúvida nesse sentido. Jamais! É certo que tivemos discussões enérgicas, mas sempre mantivemos a cordialidade. V. Exª nunca me agrediu, como também nunca o agredi. Nunca encontrei nada contra a idoneidade de V. Exª.

Senador Lauro Campos - hoje na Presidência desta Casa -, V. Exª é meu adversário político, mas nós nos respeitamos. E o Partido de V. Exª também tem me respeitado. Durante a campanha, mesmo nos momentos mais acirrados, nunca nos agredimos ou procuramos macular a honra do hoje Governador do Distrito Federal, nem ele com relação a mim.

Eu não admito, sob qualquer hipótese, que um elemento dessa natureza, venha, através de uma reportagem mentirosa, valendo-se apenas de uma carta de um prisioneiro condenado, sem provas ou qualquer documento comprobatório, jogar lama na vida de uma pessoa que luta, acima de tudo, pelo caráter, pela honestidade e pala transparência. 

Nada conseguirão aqueles que tentam calar a minha voz por determinadas posições que tenho tomado como parlamentar, porque não encontrarão nada que macule a minha honra como homem público do Distrito Federal.

Quero deixar aqui o relatório, onde são citadas todas as pessoas que colaboraram com a minha campanha.

A coisa é tão ensaiada, Sr. Presidente, que antes de a revista circular, um jornal local já publicava a matéria, com um dia de antecedência. É demais, é muita encomenda para uma pessoa só! Antes de a revista chegar ao Distrito Federal, já se publicava de antemão a reportagem. Que encomenda bem feita!

Mas eles não têm a experiência, não têm a credibilidade, não têm a transparência que, graças a Deus, homens como nós têm. Podemos até perder uma eleição - como perdi -, mas não perco a minha dignidade, não perco a minha honra, não perco a minha moral.

Por isso, Sr. Presidente, quero deixar registrado nos Anais desta Casa as contribuições recebidas por nós. Eu tinha direito de gastar até R$6.625.000,00 na compra de bônus. Gastei apenas R$2.935.200,00 ; não gastei mais porque não consegui vender. Quem me dera eu tivesse recebido pelo menos 1,5% dessa importância que ele disse ter dado para a campanha! Esse valor daria praticamente para fechar os R$3 milhões, o que seria suficiente para pelo menos dar trabalho ao partido de V. Exª. Mas, infelizmente, não recebi. Deus quis que eu não ganhasse e, graças a Deus, estou cumprindo a minha tarefa como Senador da República.

Sr. Presidente, além de deixar os documentos aqui, estou conversando com o meu advogado, a partir desta semana, para que sejam adotadas todas as medidas legais e judiciais para que se possa fazer justiça. Não quero absolutamente nada mais do que justiça.

Uma vez já disse e vou repetir: no momento oportuno, vou abrir todas as minhas contas bancárias de até quinze anos atrás, se for o caso - não tenho segredos - exatamente para que fique bem claro tudo o que está acontecendo. No momento oportuno, se preciso for, faremos isso.

O Sr. José Roberto Arruda - Senador Valmir Campelo, gostaria de merecer um aparte de V. Exª.

O SR. VALMIR CAMPELO - Ouço com prazer V. Exª.

O Sr. José Roberto Arruda - Senador Valmir Campelo, chegando ao Senado, ouvi do meu gabinete parte do discurso de V. Exª e me apressei em vir ao Plenário para me solidarizar com V. Exª. Conheço sua trajetória de vida pública, sei da modéstia exemplar com que V. Exª leva sua vida pessoal, familiar e política. Sou testemunha da correção com que V. Exª se houve nos 16 anos em que foi Administrador Regional em três cidades satélites diferentes de Brasília, no seu mandato de Deputado Federal e de Senador e em todas as campanhas políticas. Fui informado hoje de que o Banco do Brasil acaba de publicar uma nota, dizendo que realizou sobre a operação colocada na imprensa uma grande auditoria e publicou seu resultado, afirmando não ter encontrado nessa auditoria realizada pelo Banco, nenhuma só vez, o nome de V. Exª. Mais do que isso: não encontrou na operação nenhuma falha do Banco. Essa nota oficial do Banco também já foi distribuída à imprensa. Tive o cuidado de ler toda a matéria e não encontrei nela nenhuma prova, nenhuma evidência que pudesse conduzir ao formato de se levantar dúvidas sobre a vida pública de V. Exª. Como tenho o orgulho de privar de sua amizade pessoal e de suas relações políticas, fiz questão de vir a plenário para me solidarizar com V. Exª e dizer que o mais importante, além de seus mais de 20 anos de vida pública em Brasília, é a sua correção. E sou testemunho dela, como aliado de V. Exª em alguns momentos e até discordante de suas posições em outros momentos, mas sempre testemunho de sua correção pessoal e política. No entanto, penso que o que mais importa é que esses fatos sejam totalmente esclarecidos - e o serão. E o Banco do Brasil já começa a fazê-lo hoje, para que não paire na vida pública de V. Exª nenhuma dúvida, que, na minha opinião, seria uma grande injustiça à forma como V. Exª conduziu-se durante todos esses anos. Tem V. Exª a minha solidariedade, Senador Valmir Campelo.

O SR. VALMIR CAMPELO - Nobre Senador José Roberto Arruda, fico muito feliz com as palavras de V. Exª. Eu estava fazendo este pronunciamento sem saber que o Banco do Brasil havia verificado que meu nome não aparece, sob hipótese alguma. Já havia sugerido, mesmo sem saber de qualquer decisão do Banco do Brasil, que o jornalista fosse ao Banco do Brasil indagar se algum dia questionei algo, se fiz gestões a algum diretor, ao Presidente do Banco. Não tenho nem coragem de fazê-lo, porque o Presidente do Banco, assim como a sua diretoria, são sérios, competentes e transparentes. Ninguém, Senador José Roberto Arruda, tem a coragem de insinuar alguma coisa que venha a destoar a atuação do Presidente do Banco do Brasil e de sua diretoria.

Fico, pois, muito feliz com as palavras de V. Exª e do Banco do Brasil, que me dão o conforto de que preciso para prosseguir a minha carreira política.

Sr. Presidente, mesmo que o Banco do Brasil, como o Senador José Roberto Arruda acaba de transmitir, não tenha encontrado absolutamente nada que envolva o meu nome nessa e ou em qualquer outra operação, vou entrar na Justiça contra a revista, para que ela realmente assuma a responsabilidade dos seus atos, e contra o jornalista, que, para mim, é um irresponsável. Não se pode pegar apenas uma carta assinada por um prisioneiro - não pelo fato de ele ser um prisioneiro, pois poderia ter sido assinada por mim, por V. Exª ou por qualquer outro - e transformá-la em documento, sem nenhuma prova cabal. Quem escreveu a carta, inclusive, está fazendo chantagem, dizendo que eu teria que agir junto à justiça para ele não ser condenado, sob pena de vir aqui dizer que tinha trabalhado e colaborado com a campanha como um todo.

Sr. Presidente, eram essas as minhas palavras.

Era o que eu tinha a dizer. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/09/1996 - Página 15378