Discurso no Senado Federal

HOMENAGENS AOS 50 ANOS DO JORNAL O LIBERAL, DE BELEM, PARA.

Autor
Coutinho Jorge (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando Coutinho Jorge
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGENS AOS 50 ANOS DO JORNAL O LIBERAL, DE BELEM, PARA.
Aparteantes
Elcio Alvares, Hugo Napoleão, Jader Barbalho.
Publicação
Publicação no DSF de 22/11/1996 - Página 18728
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, O LIBERAL, ESTADO DO PARA (PA).

O SR. COUTINHO JORGE (PSDB-PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Srªs e Srs. Deputados do meu Estado que participam deste evento, ilustre Senador Ademir Andrade, que comigo postulou esta homenagem do Senado Federal, ilustre Jornalista Ossian Brito, que, neste ato, representa o Grupo Liberal, ilustres jornalistas aqui presentes, em todo o mundo, os ideais democráticos encontram, na imprensa, um dos seus alicerces. É na sua liberdade e profissionalismo que ganhamos força. Nela, aspirações populares encontram ressonância e ganham corpo, trazendo à sociedade os benefícios de que necessita. No Pará e em toda a Região Norte somos testemunhas desse inconteste fenômeno social.

Na última sexta-feira o Jornal O Liberal, que é conhecido como o Jornal da Amazônia, dada a sua grande penetração em todos os rincões da grande planície, completou 50 anos de existência. O evento foi comemorado pela comunidade paraense, que há muito o elegeu como principal referencial de suas atividades econômicas, culturais, sociais e políticas.

É um jubileu que realmente enobrece o Pará, pois comemora o desenvolvimento do seu maior veículo de comunicação, que se firmou como instrumento de difusão que cultiva a seriedade de noticiar os fatos tal como eles ocorrem, sem apego ao sensacionalismo irresponsável de intuito meramente comercial.

Seu nome representa não apenas uma homenagem ao liberalismo de idéias, mas tem expressiva conotação histórica, diretamente relacionada aos fatos políticos e sociais que há meio século traçavam o destino da nossa sociedade paraense.

No ano passado, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, com justa razão, homenagearam os 49 anos de O Liberal. Foram eventos significativos em que muitos Parlamentares, inclusive eu, deram o seu testemunho, demonstrando a importância que o jornal tem para a nossa região.

E hoje prestamos mais uma vez nossas homenagens a esse jornal que completa meio século de existência. Como autor de um dos requerimentos, ao lado do Senador Ademir Andrade, junto-me à família paraense para, neste plenário, apresentar minhas congratulações.

Quero lembrar que, na edição do último dia 15, que foi excepcional, o jornal publicou um resumo da sua história brilhante, com dados importantes da história do Pará, uma nova visão da nossa grande revolução popular, a Cabanagem.

O Liberal circulou pela primeira vez em 15 de novembro de 1946, durante a festa comemorativa da Proclamação da República, exatamente no dia em que o País ganhava uma nova Constituição, revestida do espírito liberal. Nasceu, assim, em meio ao espírito da redemocratização que ampliava os horizontes brasileiros e coincidia com o ânimo renovador e libertário dos homens que se associaram para conduzir o projeto que poderia concretizar as promessas daquele momento histórico.

A força do trabalho solidário manifestou-se logo no primeiro momento, quando os companheiros do antigo Partido Liberal cotizaram-se para comprar as máquinas que iriam colocar no papel suas idéias e defender a candidatura ao Governo do Estado do então interventor, Major Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, neutralizando o bombardeio que o Jornal A Folha do Norte lhe impunha.

Mas, mesmo com o jornal a seu favor, Barata não conseguiu o seu intento. Foi derrotado nas eleições de 1950 por seu adversário, General Alexandre Zacharias de Assumpção. A derrota trouxe graves reflexos ao jornal que, mesmo colecionando muitos êxitos e enfrentando grandes desafios, teve sua situação financeira seriamente abalada e por pouco não foi decretada a sua falência. Em 1964, para fugir da crise, o então vespertino foi vendido ao Jornalista Ocyr Proença. Dois anos mais tarde, O Liberal foi vendido ao saudoso empresário e Jornalista Rômulo Maiorana, do qual já havia sido chefe do departamento de publicidade e colunista social.

Dinâmico e empreendedor, Rômulo introduziu o sistema off set, o primeiro da Amazônia, dando início à arrancada para a consolidação de um potente complexo jornalístico, que acompanharia, a passos largos, a evolução das comunicações brasileiras. Filho de um casal de imigrantes italianos, o pernambucano Rômulo Maiorana foi um visionário empreendedor. Radicou-se em Belém em 1953, quando para lá levou uma filial de sua empresa de publicidade, a Duplex Ltda., a primeira de uma série de atividades empresariais vitoriosas. Arrojado em suas ações, Rômulo soube, como ninguém, investir na qualidade das informações que levava ao público, o que lhe garantiu um sucesso progressivo, hoje representado pelo Sistema Rômulo Maiorana de Comunicações, o maior pool de comunicação do Estado do Pará e da Região Amazônica, do qual o Jornal O Liberal é o principal veículo.

No entanto, em sua trajetória de sucessos, O Liberal deparou-se, em 1986, com o seu maior desafio: o falecimento de Rômulo Maiorana. Foi preciso muita perseverança e fé para superar a sua ausência. Coube à sua família, sob a tutela de sua esposa Lucidéa Maiorana, dar continuidade a esse grandioso trabalho. Ela teve e tem ao seu lado seus sete filhos, que são os seus auxiliares: Rômulo Maiorana Júnior, atual Vice-Presidente do jornal, Ronaldo, Rosana, Rosemary, Rosângela, Ângela e Roberta.

A herança do compromisso com a verdade, liberdade e modernidade deixada pelo pai não intimidou essa jovem equipe que, com o apoio de profissionais do mais alto gabarito, como é o caso do nosso Jornalista Ossian Brito e outros, soube superar todas as barreiras e consolidar, nessa última década, a liderança inconteste exercida pelo Sistema Rômulo Maiorana de Comunicações.

Hoje, O Liberal é um dos jornais mais modernos do País, com excelente corpo editorial e uma tiragem que, aos domingos, chega a 108 mil exemplares. A sua nova sede, idealizada pelo Vice-Presidente, Rômulo Maiorana Júnior, foi estruturada a partir de avançados métodos de administração empresarial e dispõe de equipamentos de informática capazes de tornar muito mais rápido e eficiente o acesso dos leitores às informações analisadas pelo corpo de editores. A evolução do padrão tecnológico vem complementar uma qualidade editorial que serve de referência às empresas jornalísticas em todo o País.

Um veículo de comunicação dessa estatura não se faz em um dia. Nesses 50 anos de existência houve muita luta para conquistar o respeito e a credibilidade dos leitores. O jornal tem o discernimento necessário para levar a notícia ao seio da sociedade com a preocupação de não agredir, não acirrar ânimos nem desfraldar falsas bandeiras e iniciar lutas inglórias. Ele se caracteriza por abrir espaços a todos que desejam divulgar suas idéias, dando uma contribuição incomensurável à arte, cultura e política do Estado.

O Sr. Jader Barbalho - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. COUTINHO JORGE - Com todo prazer, nobre Senador.

O Sr. Jader Barbalho - Desejo cumprimentar V. Exª pela iniciativa de propor esta homenagem ao Jornal O Liberal, que acaba de completar 50 anos. Desejo, na condição de representante do Pará, como V. Exª e o Senador Ademir Andrade, no Senado, e também na condição de Líder do PMDB, nesta Casa, unir-me à manifestação que V. Exª faz, e também aqui tributar as nossas homenagens a um jornal que confunde a sua história, nos últimos 50 anos, com a história do Pará. Bem registrou V. Exª, este jornal nasceu como um jornal político, num momento de transformação da vida brasileira, num momento em que o País se redemocratizava, em 1946. Serviu, num largo espaço de tempo, como jornal político; chegou, inclusive, a ser editado como órgão de partido político. Retrata, nesse espaço de tempo, uma parte da história do Pará e da sua política, particularmente cheia de episódios que já fazem parte da história, mas que continuam na memória do povo paraense. V. Exª também ressaltou, e eu o cumprimento por isso, que este jornal, que nasceu como um jornal eminentemente político-partidário, viveu, a partir de um determinado momento - o momento em que o empresário Rômulo Maiorana o assumiu -, uma nova fase. Portanto, esse jornal tem várias histórias, histórias que retratam, na verdade, cada época, dentre as quais esta época de modernidade a que V. Exª se refere. Desejo, neste momento, unir a minha palavra de reconhecimento à memória do empresário Rômulo Maiorana pelo investimento que fez, pelo crédito que deu nesta área empresarial, fazendo com que no jornalismo pudéssemos ter um jornal moderno e que serve à opinião pública do Estado do Pará. Desejo, portanto, ao fazer essa manifestação, unir-me a esses 50 anos de história, história de todos aqueles que fizeram O Liberal, e cumprimentar os familiares de Rômulo Maiorana, que assumiram e deram prosseguimento à sua obra de fazer com que o Pará possa ter um jornal forte, um jornal que pode se igualar aos melhores jornais do Brasil. Portanto, na condição de representante do Estado do Pará, como V. Exª, e de Líder do PMDB nesta Casa, quero manifestar, nestas minhas rápidas palavras, o meu regozijo pelo fato de o O Liberal completar 50 anos, e 50 anos que, na verdade, retratam não só a história de uma empresa vitoriosa, mas a história do Pará.

O SR. COUTINHO JORGE - Senador Jader Barbalho, V. Exª, de forma lúcida, inteligente e concisa, conseguiu ampliar o conteúdo do nosso singelo pronunciamento, enriquecendo e mostrando o seu conhecimento, o seu entendimento do papel deste grande veículo de comunicação que é O Liberal.

Agradeço a participação de V. Exª. Por certo, o meu pronunciamento fica enriquecido.

O Sr. Hugo Napoleão - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. COUTINHO JORGE - Concedo o aparte a V. Exª.

O Sr. Hugo Napoleão - Agradeço a V. Exª, eminente Senador Coutinho Jorge. Associo-me, na qualidade de Líder do Partido da Frente Liberal, nesta Casa, às justas homenagens ao cinqüentenário do jornal O Liberal, de Belém do Pará. Tenho fortes vinculações com a terra de V. Exª, do Senador Jader Barbalho, do Senador Ademir Andrade, vinculações essas que levam a que a minha Certidão de Nascimento seja originária de Belém do Pará, embora eu tenha nascido, como sabe V. Exª, nos Estados Unidos, e a minha Certidão foi transcrita no Cartório de Napoleão Figueiredo, em Belém, onde nasceu o meu pai, onde meu avô advogou por longos anos. Dessa vinculação creio que V. Exª já tinha conhecimento. Mas este é um momento de grande significado para a história do Pará, como salientou o nobre Senador e Líder do PMDB, Jader Barbalho, para a democracia, para a liberdade, para o civismo, para a cultura, enfim, para o humanismo. Tive a grata alegria de receber uma homenagem do jornal O Liberal, em Belém, quando era Ministro de Estado das Comunicações, no Governo do Presidente Itamar Franco. Lá, fui para o Círio de Belém lançar o selo comemorativo dos 200 anos e, simultaneamente, a telefonia celular móvel. De modo que, tendo recebido essa homenagem, fiquei lisonjeado e impressionado com o estilo e com a organização ímpar do jornal. Portanto, quero também estender as minhas homenagens pessoais, e as do meu PFL, a esta Instituição, e aos familiares de Rômulo Maiorana os meus sinceros cumprimentos.

O SR. COUTINHO JORGE - Ilustre Líder Hugo Napoleão, fico feliz com a sua intervenção ao meu pronunciamento. V. Exª que é, de coração, um paraense, que tem uma história ligada àquele Estado. Lembro-me que V. Exª fazia questão de mostrar, quando estava na terra, a casa em que viveu em nossa Belém.

A homenagem que V. Exª recebeu, quando Ministro, foi uma homenagem absolutamente justa. Por isso, as suas observações, as suas lembranças, por certo, enriquecem este momento importante, o nosso pronunciamento, este evento em que todos nós, juntos, estamos homenageando esse grande veículo de comunicação que é o O Liberal. Muito obrigado pela sua intervenção.

O Sr. Elcio Alvares - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. COUTINHO JORGE - Concedo aparte ao ilustre Líder do Governo, Senador Elcio Alvares.

O Sr. Elcio Alvares - A homenagem que é prestada hoje ao O Liberal pode ser até emblemática no sentido da imprensa brasileira, que, nos Estados, fomenta o desenvolvimento, o progresso e a cultura. Nesta semana ainda, juntamente com Senadores do Espírito Santo, com a Bancada Federal, comemoramos, em sessão solene da Câmara, o aniversário do Jornal A Gazeta, que também tem uma longa tradição em nosso Estado. E, na ocasião, todos os integrantes da Bancada do Espírito Santo foram unânimes em ressaltar a importância de A Gazeta na vida e no desenvolvimento político e cultural do nosso Estado. O Liberal tem uma tradição. Hoje, eu diria, apesar de ser um jornal do Pará, ele tem uma ressonância nacional. E todo jornal tem uma história, todo jornal, evidentemente, é feito com a abnegação daqueles que são os seus fundadores do curso da sua vida, com a participação intensa dos que mantêm a chama do primeiro momento. Hoje, essa homenagem é uma homenagem, eu diria, nacional. Estamos aqui reunidos - esta Casa é a Casa que representa todos os Estados brasileiros - para dizer aos atuais dirigentes de O Liberal que encaramos com muita proficiência a vocação democrática desse importante órgão da vida pública brasileira, que, no seu Estado, tem aqui a abrilhantá-lo a participação de dois grandes Líderes, os Senadores Ademir Andrade e Jader Barbalho. O Pará cada vez mais se exalta e cresce aos nossos olhos pela ação não só dos seus políticos, mas também da imprensa, que é marcada pela linha de um jornal como O Liberal. Como Líder do Governo no Senado, quero me associar a esta homenagem e dizer que seja O Liberal um exemplo de linha de conduta, de comportamento, de vocação de vida democrática para todos os demais órgãos do Brasil que nas capitais dos nossos Estados fomentam, inegavelmente, o desenvolvimento do processo democrático.

O SR. COUTINHO JORGE - Ilustre Líder, incorporamos suas considerações ao nosso pronunciamento, pois elas o enriquecem e fazem justiça ao grande Jornal O Liberal.

Fica, assim, registrada a nossa homenagem ao Jornal O Liberal, que honra o Pará, a Amazônia e o Brasil, pelo seu passado histórico, pelo seu presente brilhante, moderno e eficiente e pelo seu futuro promissor. Homenageamos todos os que fazem desse veículo de comunicação o que ele é hoje; desde a mais alta administração, a cúpula que administra esse jornal, até o mais simples funcionário que realiza o seu papel. É da soma do esforço de todos que podemos nos beneficiar da qualidade, da eficiência, do grande veículo que é O Liberal.

Para concluir, quero lembrar, na pessoa do representante do grupo, o caro Jornalista Ossian Brito, que a sua história jornalística confunde-se com a história do próprio O Liberal. Muito V. Sª contribuiu no passado e ainda contribui no presente para que o Jornal O Liberal seja o que é e para o que será no futuro.

Na sua pessoa, nossa homenagem à família de Rômulo Maiorana, que comanda o grupo com eficiência e grandeza, e a todos que fazem e farão de O Liberal o grande jornal que é e continuará sendo, honrando nosso Pará, nossa Amazônia e nosso Brasil.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/11/1996 - Página 18728