Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM AOS 36 ANOS DE BRASILIA E DO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM AOS 36 ANOS DE BRASILIA E DO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE.
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/1996 - Página 6734
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CAPITAL FEDERAL, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF).

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, Senador José Sarney; Exmª Srª Governadora em exercício, Drª Arlete Sampaio; Ilmo. Sr., meu prezado amigo, meu particular amigo, ex-prefeito da minha cidade de Fortaleza, jornalista Paulo Cabral; nobre Senador Antonio Carlos Valadares; nobre Senador, Relator Constituinte, Bernardo Cabral; meu prezado amigo Senador José Roberto Arruda; Srªs e Srs. Senadores; Srªs e Srs. Deputados Federais aqui presentes; Srª Maria Coele, esposa do Dr. Paulo Cabral; Srs. Pioneiros de Brasília, que construíram Brasília; demais autoridades aqui presentes, senhoras e senhores:

Brasília completou 36 anos no último dia 21 de abril. É a única cidade criada há menos de 100 anos que está incluída entre as que são consideradas - pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO) - patrimônio cultural da humanidade. Nossa capital recebeu essa distinção por causa do seu arrojo urbanístico e arquitetônico.

Brasília é, portanto, a única representante da concepção urbanística do século XX entre as 300 cidades protegidas do mundo. Nada mais justo. Afinal, Brasília é, acima de tudo, um símbolo incontestável da audácia do homem brasileiro. A nova capital nasceu do sonho de um mineiro, Juscelino Kubitschek de Oliveira, que teve a coragem de deslocar - após quatro séculos e meio! - o eixo de progresso do litoral para o interior do País.

É claro que, na época, nem todos conseguiram ver a grandeza do gesto de Juscelino Kubitscheck. Foi criticado ferozmente. Foi atacado em sua honra pessoal. Foi caluniado. Sofreu com o ódio dos invejosos e dos medíocres. É bem possível que, ainda hoje, alguns não percebam o alcance do gesto feito pelo político mineiro, mas, à medida que avançamos no tempo, cada vez ficam mais claros os benefícios do Governo JK, que tinha como lema "Cinqüenta anos em cinco".

Se houve um rompimento do Brasil com o seu passado, se houve um momento em que decididamente saltamos para o futuro, ele ocorreu na administração de Juscelino. Hoje ninguém pode contestar que foi a criação de Brasília que fez chegar o progresso aos cerrados, região atualmente responsável por grande parte das safras brasileiras de grãos. É fato que a maior parte do aumento na produção de alimentos, nos últimos trinta anos, ocorreu aqui nesta região, em decorrência do ato de JK.

A fundação de Brasília impulsionou o crescimento do Estado de Goiás e da porção oeste de Minas Gerais, de onde Juscelino era originário. Deu condições de progresso para os dois Mato Grosso. Rondônia e Pará também foram beneficiados.

Agora, quando sabemos que o Governo definiu prioridade em seu Plano Plurianual para a ligação rodoviária do Brasil com os portos peruanos ou chilenos do Oceano Pacífico, temos - finalmente! - uma idéia mais aproximada da sagacidade de Juscelino Kubitschek de Oliveira. Hoje em dia, nos dois lados dos Andes, brasileiros, peruanos e bolivianos já trabalham - apesar da falta de financiamentos internacionais - nas estradas que um dia rasgarão ao meio a América do Sul.

Eu me arrisco a dizer que, dentro de mais 36 anos, Brasília não mais será apenas a Capital dos brasileiros. Ela será, no coração do Brasil e no coração da América do Sul, o centro da integração continental. Brasília será, então, o marco da tão pretendida unidade sul-americana, com que tanto sonhamos, com que tanto sonharam os heróis, a começar por Simon Bolívar.

Sr. Presidente Sarney, Srªs e Srs. Senadores, Sr. Paulo Cabral, Srª Vice-Governadora Arlete Sampaio, Srs. Pioneiros, infelizmente, aos 36 anos, Brasília já padece de muitos dos problemas que atormentam as outras grandes cidades brasileiras: crescentes índices de violência urbana, queda de qualidade dos sistemas educacionais e de saúde, graves deficiências no sistema de transporte e desemprego elevado. A situação, aqui, conquanto não tenha chegado ao estado crítico que se verifica em outros pontos do País, é delicada.

A verdade é que, embora planejada, a cidade conviveu sempre com explosivos índices de crescimento demográfico. Nas quatro últimas décadas, o processo de urbanização no Brasil ocorreu em ritmo alucinante. Por mais que se tenha investido nas cidades, foi impossível construir, em tão pouco tempo, uma infra-estrutura adequada em escolas e hospitais.

Brasília, é claro, sofreu muito com esse crescimento acelerado. Já no fim dos anos 60, a cidade atingia a população que originalmente se estimava viesse a possuir no início do próximo século. Mas, por ser protegida desde o nascimento, esses problemas todos, de certa forma, aqui foram enfrentados de um maneira menos traumática. Tanto é assim que, quando colocada em comparação com outras Unidades da Federação, Brasília consegue - em quesitos, como nível de escolaridade, segurança e atendimento à saúde - sair-se bem.

Há poucos anos, a cidade ganhou a sua autonomia política. Mas precisa de plena autonomia econômica, que só será obtida quando tivermos acertado definitivamente os repasses do Governo Federal.

Brasília é carente também de um projeto de crescimento sustentado. A economia local ainda tem parte de sua sustentação nos salários pagos pelas Administrações Federal e Distrital, mas a indústria e o comércio, ano a ano, ganham terreno. É preciso, portanto, estabelecer metas de crescimento econômico e lutar para atingi-las.

Sou otimista quanto ao futuro da nossa Capital. Mas penso que Brasília precisa trilhar caminhos consentâneos com os ventos que sopram no mundo. Estamos na era da globalização, quando as palavras mágicas são eficiência, competitividade e dinamismo. Brasília precisa ajustar-se também a esse novo tempo.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, também no dia 21 de abril, o jornal Correio Braziliense, que nasceu com a nova Capital, comemorou 36 anos de existência. Aproveitando a referência que fiz há pouco sobre globalização, gostaria de destacar o Correio Braziliense como exemplo de como Brasília pode enfrentar os novos tempos.

Como é do conhecimento geral, há pouco mais de dois anos o referido jornal sofreu total reformulação, justamente visando adequar-se ao jornalismo que se faz hoje nos principais Estados brasileiros e nos países desenvolvidos. Uma profunda alteração na postura diante dos fatos políticos e econômicos - mais agressiva, e principalmente mais próxima da expectativa da maioria dos leitores - fez o jornal dar um grande salto de qualidade. Salto que, aliás, pode ser constatado no expressivo aumento de venda em bancas e na ampliação do número de assinaturas.

E as reformulações não param aí! Este ano, há dois dias, durante as comemorações do seu aniversário, o Correio Braziliense passou por novas mudanças, que tornaram seu visual mais leve e mais moderno. O novo projeto gráfico do jornal agradou em cheio à população e, com certeza, colocou o Correio Braziliense em pé de igualdade com os maiores jornais do Continente.

Sob o comando deste baluarte, o Jornalista Paulo Cabral de Araújo, Presidente do Grupo Diários Associados e da Associação Nacional de Jornais, o Correio Braziliense é hoje um periódico que goza de projeção nacional e também internacional. Ganhador, nos últimos dois anos, de inúmeros prêmios de abrangência nacional, entre eles o Esso, o jornal também recebeu troféus de âmbito mundial, como o Prêmio Rei de Espanha, concedido, em 1994, a um fotógrafo, e, em 1995, a uma série de reportagens sobre tráfico de bebês. Alguns de seus lúcidos e corajosos editoriais foram citados por revistas de circulação mundial. Seguidamente, o Correio Braziliense dá grandes furos de reportagem, em especial sobre temas políticos.

O Correio Braziliense é, por tudo isso, justamente uma mostra de como a cidade de Brasília pode enfrentar os desafios da modernidade. Em tempos de busca de maior eficiência, de padrões elevados de competitividade, de dinamismo empresarial, o jornal é um exemplo de excelência, paradigma do que os brasilienses podem realizar.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, concluo aqui este breve pronunciamento, reafirmando minha crença num futuro promissor para Brasília. Estamos, agora, a reunir as condições para alcançar patamares de crescimento compatíveis com a grandeza deste País.

No atual cenário de estabilidade política e econômica, Brasília, seguramente, terá uma importante contribuição a dar ao País. No âmbito da Capital da República, o Correio Braziliense fará sua parte, com isenção, coragem e eficiência. Estou certo disso.

Era o que tinha a dizer. (Palmas)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/1996 - Página 6734