Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO EX-SENADOR CARLOS GOMES DE OLIVEIRA.

Autor
Esperidião Amin (PPB - Partido Progressista Brasileiro/SC)
Nome completo: Esperidião Amin Helou Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO EX-SENADOR CARLOS GOMES DE OLIVEIRA.
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/1997 - Página 16636
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, CARLOS GOMES DE OLIVEIRA, EX SENADOR, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PPB-SC. Para encaminhar a votação.) - Em primeiro lugar, Srª. Presidente, desejo aditar ao requerimento que idêntica comunicação de pesar seja endereçada à Academia Catarinense de Letras e ao Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.

Não vou me alongar neste registro porque estarei, dentro de alguns instantes, colhendo assinaturas de outros Senadores para pedir que o horário do Expediente da sessão do Senado Federal do dia 14 de outubro seja destinado a homenagear a memória do ex-Senador Carlos Gomes de Oliveira, que faleceu na última sexta-feira.

Neste momento, aduzo ao requerimento que já apresentei dois comentários muito breves.

Primeiro, vou propor o dia 14 de outubro, porque no dia 12 de outubro próximo vindouro o Senador Carlos Gomes de Oliveira completaria 103 anos de vida. Ele faleceu aos 102 anos de idade, lúcido.

Tenho em mãos um livro obtido junto à Mesa do Senado, quando seu Presidente era o Senador Mauro Benevides e seu Vice-Presidente o Senador Alexandre Costa, no período 91/92. Trata-se de uma publicação sobre a atuação parlamentar do Senador Carlos Gomes de Oliveira. A capa desse livro é a foto da posse do Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, cerimônia presidida pelo Senador Carlos Gomes de Oliveira, em que o Presidente que entregava o cargo era um outro catarinense, Nereu Ramos, que foi derrotado por Carlos Gomes de Oliveira na eleição de 1950 para o Senado Federal, em Santa Catarina.

Carlos Gomes de Oliveira foi eleito Senador em 1950, depois de ter sido vereador, prefeito, secretário de Estado. Enfim, uma vida que Deus concedeu com generosidade e que foi vivida com dignidade, semeando bons exemplos.

Faço, como segundo comentário deste que acho que resume tudo à foto do livro. É a posse do Presidente Juscelino Kubitschek, bem como do Vice-Presidente João Goulart, presidida pelo Senador Carlos Gomes de Oliveira. O Presidente que saía era outro catarinense, Nereu Ramos, Presidente da Câmara dos Deputados. Nessa condição, Carlos Gomes de Oliveira logrou obter esse mandato, derrotando nas urnas de 1950, este homem ímpar na história política brasileira, o catarinense Nereu Ramos.

Portanto, bastaria isso para enaltecer o papel político do Senador Carlos Gomes de Oliveira. Mas não pára aí. Eu gostaria de fazer minhas - e quero que seja transcrito por inteiro o texto que é a apresentação deste livro "A Atuação Parlamentar", edição da Gráfica do Senado, de 1992, repito, por gestões bem sucedidas que desenvolvi junto à Mesa da época - as palavras de apresentação que o ex-Desembargador catarinense Norberto Ungaretti escreveu. Destaco desta apresentação ao Senador Carlos Gomes, em 1992, este pequeno texto:

      "A vida pública consumiu o melhor da sua existência. Jamais a deslustrou, ´por pensamentos, palavra e obras,´ segundo a fórmula bíblica, que é expressão de plenitude.

      Deus recompensou-o, não apenas com a idade patriarcal a que logrou atingir, mas sobretudo porque não lhe permitiu perder, mesmo no crepúsculo a alegria e a sabedoria de viver.

      Em 1992 - aos 97 anos -, o ex-Senador Carlos Gomes de Oliveira, deslocava-se, em ônibus de linha, para vir de vez em quando a Florianópolis participar das sessões da Academia Catarinense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. E a sua presença, por si só, iluminava as reuniões a que comparecia, pois conservava íntegro o seu interesse pelas atividades intelectuais, do que é exemplo a publicação, faz pouco, do seu livro Integração, percuciente estudo sociológico e histórico sobre aspectos da vida catarinense, notadamente da sua Joinville, a Cidade dos Príncipes, onde ele é agora o próprio príncipe, pela realeza do espírito, da inteligência, do caráter e de tudo o que enobrece o homem para além do tempo.

Ainda como registro, gostaria de anexar para requerimento a edição de 16.08.97 do jornal A Notícia, de Joinville, que noticia a morte e os atos de homenagem que o Estado de Santa Catarina e, particularmente, a cidade de Joinville lhe tributaram.

Hoje, ao conversar com um de seus filhos, disse-lhe: não sei se posso apresentar pêsames, penso que seria egoísmo. Mas devo cumprimentar a família de quem viveu 102 anos, exercendo os mais variados cargos públicos e deixando como legado uma vida irrepreensível, o que nunca poderia servir de pretexto e se lamentar. Lamentamos a perda física, evidente, mas, acima de tudo, como catarinense, quero enaltecer, por meio desse requerimento e do subseqüente que apresentarei, um testemunho de vida do ponto de vista político que é modelar para Santa Catarina e para o Brasil.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/1997 - Página 16636