Discurso no Senado Federal

TRANSCURSO HOJE, DOS 37 ANOS DA ELEVAÇÃO DO ACRE A CATEGORIA DE ESTADO, MOTIVO DE JUBILO PARA SEU POVO.

Autor
Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • TRANSCURSO HOJE, DOS 37 ANOS DA ELEVAÇÃO DO ACRE A CATEGORIA DE ESTADO, MOTIVO DE JUBILO PARA SEU POVO.
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/1999 - Página 15306
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, ELEVAÇÃO DE CATEGORIA, ESTADO DO ACRE (AC).

O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC. Para uma comunicação inadiável.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Acre está festejando hoje 37 anos de sua elevação à categoria de Estado, após várias décadas como Território Federal. Essa comemoração é marcada pela esperança e pela determinação de fazer, na fronteira noroeste do Brasil, um importante pólo de desenvolvimento social e progresso econômico, reafirmando a nacionalidade em terras que, para a imensa maioria dos brasileiros, são absolutamente desconhecidas.  

Isso, todavia, não afeta o orgulho com que o acreano trata suas tradições, venera as raízes amazônicas onde se forjou e afirma altaneiro: "o acreano é o único brasileiro que é brasileiro por opção, que teve de lutar, de armas na mão, para ser brasileiro". Sim, porque a integração daquela importante área ao território nacional é fruto de uma ação conjugada: de um lado, os patriotas que desafiaram a cobiça dos países vizinhos; de outro, o gênio do Barão de Rio Branco, que soube consolidar, em negociações exaustivas e persistentes, a posse das terras dos vales do rio Juruá e do rio Acre.  

A existência do Acre é marcada por exemplos de coragem e obstinação. Nela, encontramos desde gestos pessoais de bravura até uma das maiores sagas da história recente da humanidade, quando dezenas de milhares de pessoas foram transportadas em caminhões, trens, navios, batelões e canoas, na busca do látex destinado a suprir o esforço de guerra do mundo livre, no conflito com o nazi-fascismo, cujas tropas tomaram os grandes seringais cultivados pelos ingleses em suas colônias do Extremo Oriente - e, para que o abastecimento de borracha não ficasse sacrificado, o Brasil ofereceu a seiva de suas árvores nativas, temperada com o suor e o sangue dos que, viajando heroicamente milhares de quilômetros, enfrentaram desde ataques de índios e surtos de doenças tropicais até um violento choque físico, social e cultural, decorrente da troca do semi-árido do Nordeste pela mata fechada da Amazônia.  

Esse processo de integração do Acre à economia e à soberania política do Brasil foi coroado, em 15 de junho de 1962, com a sanção da Lei nº 4.070, assinada por João Goulart e Tancredo Neves, então, respectivamente, Presidente da República e Primeiro-Ministro, que elevaram o Território Federal à condição de Estado.  

A Lei nº 4.070, de 1962, entre outras providências, determinou a realização das primeiras eleições para Governador, Deputados Constituintes Estaduais, Senadores e Deputados Federais, marcado o pleito geral para o dia 3 de outubro do mesmo ano.  

O Professor José Augusto de Araújo, filho de Cruzeiro do Sul, foi escolhido Governador e, para o Senado, foram eleitos os então Deputados Federais José Guiomard dos Santos e Oscar Passos, completando-se a bancada com o grande Médico e Professor Adalberto Correia de Sena, também, a exemplo do Governador, nascido em Cruzeiro do Sul. A representação na Câmara Federal ficou composta por José Ruy Lino, Geraldo Mesquita, Valério Magalhães, Altino Machado, Armando Leite, Jorge Kalume e Mário Maia.  

Integrando a legenda do glorioso PTB, que abrigava, também, o Governador José Augusto, o Deputado Federal José Ruy Lino e os Senadores Oscar Passos e Adalberto Sena, tive a honra de estar entre os 15 eleitos para a Assembléia Legislativa, cuja tarefa inicial era elaborar a Constituição do novo Estado do Acre.  

Foram tempos de muito trabalho e muita confiança, nos quais o Acre forjou uma identidade sem igual na Nação brasileira. As distâncias e as dificuldades, ao invés de quebrar a vontade da cidadania acreana, vieram fortalecê-la e potencializar a determinação de ser um povo marcado pela coragem de se afirmar - mas o preço pago foi terrível: o Acre foi um dos Estados mais atingidos pelas cassações de mandatos e violências semelhantes, durante o regime militar, que, logo em seus primórdios, cortou a promissora carreira política do Governador José Augusto e de tantos outros patriotas.  

Participei, ativa e decididamente, da luta para devolver a democracia ao Brasil e restabelecer plenamente no Acre a dignidade que as violências institucionais tentaram atingir.  

Com orgulho e humildade, em 1982, em eleições livres e diretas, recebi a missão de assumir a cadeira de Governador, de onde José Augusto fora violentamente arrancado, 18 anos antes.  

Muitas conquistas se viram consolidadas, desde então, como uma rede de estradas que tem tudo para crescer e levar o Brasil para o progresso; aeroportos, sistemas de televisão, modernas redes telefônicas fixas e celulares; e, o que reputo particularmente notável, a confirmação da Universidade Federal do Acre como uma das mais importantes instituições da Amazônia, responsável pela formação de milhares de profissionais que hoje emprestam seu dedicado talento à causa do progresso e da justiça.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o curto espaço reservado pelo Regimento Interno para esta comunicação não permite que me alongue.  

Falo também em nome da Liderança e da Direção Nacional do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, cuja bandeira já propiciou aos acreanos alguns de seus melhores momentos de democracia, progresso e paz social. O PMDB e o Estado do Acre têm trajetórias comuns, marcadas pelo respeito à liberdade, pela obediência à vontade do povo.  

Concluo desejando ao povo do Acre, às famílias, aos empresários, aos trabalhadores, aos estudantes, a realização dos projetos e sonhos que darão ao Estado a prosperidade, a paz que seus fundadores tinham em mente quando lutaram para integrar aquelas terras generosas à Nação brasileira. Lamento não poder participar das festas de hoje, porque o dever me prende aos trabalhos do Congresso Nacional - mas, estejam todos certos, minha alma se encontra ao lado de cada cidadão, de cada acreano jubiloso pela passagem desta data.  

Parabéns ao Acre neste seu trigésimo sétimo aniversário!  

Muito obrigado, Sr. Presidente.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/1999 - Página 15306