Discurso no Senado Federal

PREOCUPAÇÃO COM O AUMENTO DA TAXA POPULACIONAL NOS PAISES SUBDESENVOLVIDOS, CONFORME RELATORIO DA ONU. (COMO LIDER)

Autor
Leomar Quintanilha (PPB - Partido Progressista Brasileiro/TO)
Nome completo: Leomar de Melo Quintanilha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • PREOCUPAÇÃO COM O AUMENTO DA TAXA POPULACIONAL NOS PAISES SUBDESENVOLVIDOS, CONFORME RELATORIO DA ONU. (COMO LIDER)
Publicação
Publicação no DSF de 14/08/1999 - Página 20250
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • APREENSÃO, DADOS, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), CRESCIMENTO DEMOGRAFICO, CONCENTRAÇÃO, TERCEIRO MUNDO, RISCOS, INSUFICIENCIA, RECURSOS NATURAIS, EMPREGO, SAUDE PUBLICA, PREVIDENCIA SOCIAL.
  • ANALISE, SITUAÇÃO, POPULAÇÃO, BRASIL, APREENSÃO, PROBLEMA, ALIMENTAÇÃO, EXODO RURAL, INFERIORIDADE, QUALIDADE DE VIDA, CAMPO.
  • DEFESA, INCENTIVO, PRODUTOR RURAL.

O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PPB-TO. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobres Senadores, estudo recente da ONU revela uma situação deveras preocupante com referência à população mundial: a sua curva de crescimento mostra que o planeta, numa avaliação otimista, terá, nos próximos quarenta anos, cerca de oito bilhões de pessoas.  

Já atingimos a cifra de seis bilhões de pessoas. Os países pobres têm revelado uma taxa de crescimento mais elevada, enquanto que os países mais desenvolvidos e mais ricos, em sentido oposto, têm conseguido deter esse crescimento exacerbado e, alguns, até reduzir sua taxa de crescimento.  

Esse crescimento, Sr. Presidente, é deveras preocupante, pois traz consigo algumas conseqüências para os quais passo a lhes chamar a atenção. Mesmo em uma projeção mais rósea - diz a matéria da Veja, referindo-se ao estudo promovido pela ONU -, a perspectiva é quase alarmante:  

"População demais cria pressão crescente sobre os recursos naturais, como as florestas e as reservas de água potável; faltam empregos; falham os programas públicos de saúde e torna-se impensável a Previdência como a que existe no Brasil atualmente garantindo aposentadorias; a poluição aumenta; o caos urbano se intensifica e os países superpovoados, em uma palavra, podem tornar-se ingovernáveis".  

A Veja faz uma referência especial à Índia, que atinge, agora, a cifra de um bilhão de habitantes. Com o crescimento descontrolado, certamente ultrapassará, num espaço muito curto de tempo, o país mais populoso do planeta, que é a China - hoje com 1,25 bilhão de habitantes. Os dados sobre a Índia são deveras impressionantes: dos seus um bilhão de habitantes, quinhentos milhões são de analfabetos. Ledo engano pensar que as pressões sociais desses países pobres não afetarão, futuramente, os países ricos.  

E, aqui, no Brasil, onde a nossa população também cresce quase em progressão geométrica, as preocupações, Sr. Presidente, Srs. Senadores, não poderiam são diferentes, notadamente as preocupações com relação à alimentação. A fome grassa e aumenta no mundo, os estoques de alimentos praticamente inexistem e nós ainda estamos, aqui no Brasil, tratando sem o devido cuidado, como foi comentado aqui pelos Srs. Senadores que me antecederam em outras oportunidades, a agricultura brasileira.  

A população rural brasileira ainda é expressiva, apesar do acentuado êxodo rural que, ao longo de décadas, vem acontecendo no País - justamente porque as elites brasileiras não têm dado ao homem do campo uma condição condigna de vida, semelhante ao que acontece com os habitantes das zonas urbanas.  

Eu comentava há pouco que insumos dos mais comezinhos, que já existem à larga em diversos países e no próprio Brasil, como a energia elétrica, não estão à disposição de toda a população brasileira. Várias regiões desse nosso imenso e querido Brasil ainda não contam com assistência ao homem do campo. Vários produtores e moradores da zona rural ainda não têm energia elétrica, Sr. Presidente, o que poderia atenuar as dificuldades que eles têm à noite para se movimentar em casa.  

Mas não é só a questão da iluminação. O mesmo raciocínio se aplica para os bens que a ciência e a tecnologia podem oferecer ao cidadão, como o ar condicionado, a geladeira, a televisão, o rádio, a possibilidade de aprimorar o desenvolvimento de suas atividades, quer na área agrícola, quer na atividade pesqueira, quer na atividade pecuária, quer na atividade florestal. Enfim, as atividades ligadas ao homem do campo ainda carecem de uma assistência adequada, de uma estrutura mínima que lhes permita viver com dignidade, que lhes permita, efetivamente, dar a contribuição que o setor primário pode dar ao País, já que está nesse setor a nossa vocação econômica natural. Devemos aproveitar o potencial agropecuário de que dispomos.  

Esse alerta feito pela ONU diante de uma curva crescente da população mundial deve também ser ouvido por nós. O crescimento descontrolado da população certamente afetará a demanda de alimentos existente no mundo, o que certamente repercutirá no Brasil.  

Portanto, Sr. Presidente, é importante, é imperativo que dispensemos uma atenção toda especial ao setor agropastoril brasileiro. Veja a movimentação que estão fazendo os produtores, num reclamo candente, em razão das circunstâncias em que vive o setor. São justas as reivindicações dos produtores - mal interpretadas às vezes por alguns setores, mas justas -, porque as condições que lhes são oferecidas para produzir são, efetivamente, incompatíveis com os níveis de risco da atividade e com os resultados que ela produz.  

A população cresce de forma assustadora e, numa projeção otimista, no curto prazo de quarenta anos, estará provocando um verdadeiro caos na administração de muitos países, com reflexos naqueles onde esse crescimento não é tão grande. Esse é um problema que deve merecer a atenção de todos.  

Gostaria de fazer, nesta manhã, Sr. Presidente, um registro sobre essa questão e sobre a importância que o Brasil deve dar à população do meio rural, ao produtor rural, que, com seu suor, com seu sacrifício e o sacrifício da sua família, tem dado uma contribuição para a construção da grandeza do Brasil.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/08/1999 - Página 20250