Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

CONCLAMAÇÃO DA JUVENTUDE BRASILEIRA PARA PARTICIPAR DOS RUMOS DA POLITICA NACIONAL.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • CONCLAMAÇÃO DA JUVENTUDE BRASILEIRA PARA PARTICIPAR DOS RUMOS DA POLITICA NACIONAL.
Publicação
Publicação no DSF de 15/01/2000 - Página 363
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • ANALISE, COMPORTAMENTO, JUVENTUDE, REFERENCIA, SITUAÇÃO, ECONOMIA, POLITICA, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, CRESCIMENTO, DESNECESSIDADE, PARTICIPAÇÃO, MELHORIA, SOCIEDADE.
  • ELOGIO, PROJETO, RESPONSABILIDADE, FUNDO INTERNACIONAL DE EMERGENCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFANCIA (UNICEF), INTEGRAÇÃO, CRIANÇA, ADOLESCENTE, PARTICIPAÇÃO, BUSCA, SOLUÇÃO, PROBLEMAS BRASILEIROS.

O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quando da passagem do "Dia Internacional da Juventude", a 31 de outubro do ano passado, fiz uso da palavra, nesta mesma Tribuna, para registrar a data. Na oportunidade, procurei focalizar aspectos considerados fundamentais para a compreensão do comportamento atual dos jovens, em nosso País e no resto do mundo, bastante diferente daquele observado há três ou quatro décadas atrás.  

Fixei-me, então, numa espécie de "envelhecimento precoce" da juventude, por adotar idéias e comportamentos conservadores, substituindo o anseio por mudanças – que tão bem caracterizara os jovens a partir de meados da década de 1960 – por "um profundo estado de apatia diante do status quo , fazendo entorpecer a grande maioria de nossos jovens". Disso resultaria, como fiz questão de frisar, o acentuado afastamento da mocidade do debate político, vendo nele algo distante e que não lhe diz respeito.  

Volto ao tema, Senhor Presidente, porque estou convencido de que esse quadro não pode perdurar, sob pena de assinarmos a sentença condenatória de nosso futuro. Com efeito, não há como imaginar um Brasil em condições muito melhores das que hoje temos se não houver o engajamento dos jovens no processo de consolidação da democracia e de adensamento do conceito de cidadania.  

Tomo, a propósito, por referência, um acontecimento do final de 1999 que em muito me chamou a atenção. Refiro-me ao Projeto O País que Queremos, esplêndida realização compartilhada pelo Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância; a ANDI – Agência de Notícias dos Direitos da Infância; a Fundação Athos Bulcão – responsável pelo Jornal Radcal, voltado preferencialmente para adolescentes e jovens matriculados na rede pública de ensino; a Fundação Odebrecht; o Cenpec – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária; e a Fundação Padre Anchieta, por sua TV Cultura-São Paulo.  

Após receber mais de mil e trezentos trabalhos, fruto da contribuição enviada por cerca de dois mil e quinhentos jovens residentes nos mais diversos pontos do território nacional, o Projeto produziu seu documento final, a Carta do Adolescente , cujos principais tópicos foram debatidos em programa especial da TV Cultura. Analisando a Carta, síntese do País com o qual nossos jovens sonham, vê-se que os princípios que a embasam estão alicerçados na ética e na vontade de ver vitoriosa uma sociedade fraterna e solidária.  

Em suma, Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, a juventude brasileira anseia por um Brasil que reforce os valores do amor, da fraternidade e da solidariedade; que valorize a Educação, dotando-a de recursos didáticos e práticas pedagógicas que incentivem os alunos a pensar desde cedo, preparando-os para o trabalho e para a vida.  

Mais, ainda: a Carta defende a associação entre empresas e Poder Público para a promoção de cursos de capacitação profissional. Essa juventude espera que, ao mesmo tempo em que lhe sejam oferecidas oportunidades de trabalho, tenha acesso à diversão em paz, com lazer inteligente. Sonha com um País repleto de vilas olímpicas e com atendimento integral para as crianças e os adolescentes, de modo a vencer a barreira da exclusão social.  

Por fim, lembra o documento a necessidade de se valorizar a arte, socializando-a; a urgente renovação dos diversos meios de comunicação, tornando-os verdadeiramente aliados da juventude; a existência de uma justiça igual para todos. Destaco, com a ênfase necessária, o último tópico da Carta: "O País que queremos tem autoridades que abrem portas, janelas e assentos de seus conselhos, comitês, secretarias e ministérios para que os jovens, organizados, façam política".  

Penso ser essa a questão crucial, exatamente por focalizar a política, ou seja, o cerne das relações de poder existentes no interior da sociedade. Nesse sentido, imagino que a primeira medida a ser assumida pelos jovens é substituir a apatia pela participação. Esse será o passo decisivo para dar materialidade aos princípios que defendem. Participar da política para renová-la!  

Este ano, que ora se inicia, é por demais propício a essa participação. As próximas eleições municipais oferecem excelente oportunidade ao exercício da cidadania consciente. Não tenho dúvida de que abertura de "portas, janelas e assentos" do poder estará diretamente ligada à nossa capacidade – aliás, de todos nós, não apenas dos jovens – de escolher criteriosamente nossos candidatos. Nesse sentido, a escolha de prefeitos e vereadores em nossas comunidades assume uma dimensão nova e inovadora: é a chance que temos de discernir os candidatos, avaliar suas propostas e levá-los ao efetivo comprometimento com a causa pública.  

Esse o desafio que está diante da sociedade brasileira. Que todos compreendam seu sentido! Acima de tudo, que os jovens percebam a importância de sua participação, entendendo que "o País que queremos" haverá de ser construído por todos nós, com o esforço de cada um, sem ser jamais uma dádiva caída dos céus!  

Muito obrigado.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/01/2000 - Página 363