Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

IMPORTANCIA DO MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE NO ENFRENTAMENTO DOS GRAVES PROBLEMAS AMBIENTAIS NO PAIS. ESTRANHEZA COM AS CRITICAS DE EDITORIAL DO ESTADO DE S.PAULO, CRITICANDO INJUSTAMENTE O MINISTRO SARNEY FILHO POR TER DESTINADO VERBAS PREVISTAS NO ORÇAMENTO PARA O ESTADO DO MARANHÃO.

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • IMPORTANCIA DO MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE NO ENFRENTAMENTO DOS GRAVES PROBLEMAS AMBIENTAIS NO PAIS. ESTRANHEZA COM AS CRITICAS DE EDITORIAL DO ESTADO DE S.PAULO, CRITICANDO INJUSTAMENTE O MINISTRO SARNEY FILHO POR TER DESTINADO VERBAS PREVISTAS NO ORÇAMENTO PARA O ESTADO DO MARANHÃO.
Publicação
Publicação no DSF de 18/01/2000 - Página 434
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • COMENTARIO, APREENSÃO, CRESCIMENTO, DESMATAMENTO, FLORESTA, PAIS, POSSIBILIDADE, EXTINÇÃO, ESPECIE, MADEIRA.
  • ELOGIO, JOSE SARNEY FILHO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), INICIATIVA, BUSCA, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, COMBATE, DESMATAMENTO, DEFESA, SOBERANIA NACIONAL.
  • CRITICA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REFERENCIA, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, JOSE SARNEY FILHO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), LIBERAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, DESTINAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO MARANHÃO (MA).

O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA. Pronuncia o seguinte discurso.) – Serei breve.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no contexto do estamento administrativo brasileiro, o Ministério do Meio Ambiente alça-se, na atualidade, como um dos mais importantes segmentos do Governo. Cumpre-lhe enfrentar os gravíssimos problemas que, de todos os lados, agridem a majestade da incomparável natureza com o que os desígnios divinos privilegiaram o Brasil. No decorrer das últimas décadas, a ação humana tem dilapidado os nossos maiores tesouros naturais. As mais nobres madeiras brasileiras compõem hoje, especialmente na Europa, o mobiliário mais sofisticado, as artísticas esculturas e as peças entalhadas dos palácios e das famílias provindas dos antigos fidalgos.  

Sr. Presidente, como V. Exª me concede apenas um minuto, peço-lhe que dê por lido o meu pronunciamento nesta tarde.  

Muito obrigado.  

O SR. PRESIDENTE (Carlos Patrocínio) – V. Exª será atendido na forma do Regimento Interno.  

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR EDISON LOBÃO.  

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O SR. EDISON LOBÃO (PFL – MA) – Senhor Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, no contexto do estamento administrativo brasileiro, o Ministério do Meio Ambiente alça-se, na atualidade, como um dos mais importantes segmentos do governo. Cumpre-lhe enfrentar os gravíssimos problemas que, de todos os lados, agridem a majestade da incomparável natureza com que os desígnios divinos privilegiaram o Brasil. No decorrer das últimas décadas, a ação humana tem dilapidado os nossos maiores tesouros naturais. As mais nobres madeiras brasileiras compõem hoje, especialmente na Europa, o mobiliário mais sofisticado, as artísticas esculturas e as peças entalhadas dos palácios e das famílias provindas dos antigos fidalgos.  

Entrementes, praticamente exterminou-se a nossa Mata Atlântica. Os campos ocupados no passado por sua riqueza vegetal transformaram-se em desertos. Ainda nos dias atuais, basta que se percorra o litoral, de Brasília a Bahia, para ainda se encontrar, especialmente no litoral do Espírito Santo, os sinais da parte do tronco vegetal que permanece ligada à terra depois de cortada a árvore. A televisão quotidianamente registra flagrantes das derrubadas ilegais de árvores nobres, faltando-nos meios e condições para interromper esse terrível ciclo de destruição da natureza brasileira. O jacarandá e tantas outras madeiras nobres, até há alguns anos orgulho da nossa riqueza vegetal, já ingressaram no registro histórico como árvores extintas. Agora, caminha rápido para a extinção o mogno, a sedutora madeira procurada pelos países ricos.  

Todos sabemos que os modernos aventureiros da motosserra, após devastarem florestas daqui e de alhures, avançam Amazônia adentro na busca de novas madeiras nobres, algumas até mesmo desconhecidas, despertando preocupações inclusive nas nações que querem a preservação do meio ambiente universal. Muitos dos nossos Colegas amazônidas têm freqüentado esta tribuna para denunciar os riscos que se antepõem à soberania brasileira naquela região, agravados pelas agressões perpetradas contra a natureza.  

As conseqüências dessa insensatez, Senhor Presidente, já repercutem gravemente sobre nossos mananciais. O assoreamento, provocado especialmente pela redução do volume dos rios, que por sua vez reduz a correnteza das águas, vai tornando de difícil navegação o velho Rio São Francisco. No meu Maranhão, o rio Itapecuru já perdeu 60% do seu volume de água. Tudo provocado pela extinção das matas ciliares, com funestas implicações para a agricultura e o bem-estar das populações.  

A avaliação do nosso ambiente, portanto, é grave e, por tal motivo, foi criado o Ministério do Meio Ambiente e, em boa hora, colocado à sua frente o dinamismo de Sarney Filho, um jovem homem público que a cada instante mostra os ímpetos do seu espírito empreendedor.  

Na sua posição de liderança na defesa da nossa natureza, o ministro Sarney Filho tem mesmo de ser criativo, mas, por mais criativo que seja, não pode superar as carências do órgão que dirige.  

O Presidente Fernando Henrique Cardoso tem proporcionado ao Ministério do Meio Ambiente importantes recursos, mas ainda insuficientes para torná-lo absolutamente eficaz na defesa da nossa natureza. É preciso que o Governo Federal, como um todo, compreenda a importância das nossas necessidades preservacionistas e não poupe esforços para manter a integridade do que ainda nos resta, com providências possíveis de uma recuperação que aproveita as futuras gerações.  

Causou-me estranheza, nos últimos dias, um editorial de "O Estado de São Paulo", criticando injustamente o ministro Sarney Filho por ter destinado ao Maranhão, através de uma das suas cinco Secretarias, onze milhões de reais para o governo estadual e 4,7 milhões para prefeituras maranhenses, verbas previstas no Orçamento.  

O editorial referiu-se apenas à Secretaria de Recursos Hídricos, não se dando ao trabalho de analisar a destinação das verbas das outras quatro Secretarias. Se o fizesse, teria constatado que Sarney Filho, como sempre o fez, terá atuado sem bairrismos, discriminações ou privilégios.  

O importante a notar, Senhor Presidente, é a insignificância das verbas assinaladas no referido editorial. O Maranhão, um Estado geralmente esquecido pelos poderes públicos federais, tem problemas gravíssimos vinculados ao meio ambiente: matas ciliares extintas; rios, de grande importância econômica, ameaçados de secarem; falta de saneamento nos seus núcleos populacionais, etc., um conjunto de carências que o governo estadual não tem condições de, sozinho, solucionar. Os recursos que lhe foram destinados, de acordo com as disposições orçamentárias, são uma gota d'água frente ao vulto dos problemas a enfrentar. Estão, pois, plenamente justificados.  

O episódio da injusta crítica talvez possa servir de inspiração ao grande jornal paulistano para se somar àqueles que pleiteiam não só para o Maranhão, mas para as regiões mais carentes do Brasil, verbas consentâneas para o encontro de soluções definitivas. Os expedientes paliativos ajudam a atenuar males e procrastinam crises, mas não impedem que elas eclodam com repercussões sociais e econômicas mais desfavoráveis.  

Era o que tinha a dizer.  

Obrigado.  

 

o~


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/01/2000 - Página 434