O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PPB – TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na noite de ontem, a convite do Governo baiano, estivemos eu, V. Exª e a nobre Senadora Thelma Siqueira Campos, juntamente com Parlamentares e autoridades da Bahia, assistindo a uma das mais bonitas solenidades comemorativas dos 500 anos do Brasil.  

Foi um desfile monumental, com mais de dois mil figurantes, que, trajados a caráter e com coreografia especial, engalanaram as avenidas de Salvador e retrataram a história do Brasil desde os tempos coloniais aos dias de hoje. Empolgados, os figurantes animaram todos os presentes ao rememorar facetas interessantes da história do Brasil.  

Sr. Presidente, mesmo com a chuva, milhares e milhares de populares que conosco assistiam ao evento não se retiraram do local, permanecendo até o fim da festa, numa demonstração da sua participação efetiva nas comemorações que realizávamos pelos 500 anos do Brasil. É de alegria o sentimento pela história que juntos escrevemos deste imenso País que tanto amamos e ao qual dedicamos. Esperamos realmente fazer dele uma terra justa e promissora.  

Sr. Presidente, nesta tarde, buscarei sensibilizar novamente os membros desta Casa no sentido de ajudar a brava gente tocantinense na realização e na materialização de um dos seus mais importantes sonhos: a instalação da Universidade Federal do Tocantins. Esse tema, bandeira de todos os Parlamentares do Tocantins, do Governador daquele Estado e desta Casa – que já emprestou apoio unânime à sua instalação –, já conseguiu impressionar o Presidente Fernando Henrique Cardoso e o próprio Ministro da Educação sobre essa imperativa necessidade. Entretanto, Sr. Presidente, esse objetivo ainda não se concretizou.  

A Universidade Federal do Tocantins é um dos mais fortes anseios daquela gente. É inadiável a sua implantação. Não podemos pensar em desenvolvimento de um povo, de uma nação, sem cuidarmos, primeiro, da sua educação, de sua formação, de investir na inteligência. Mas o Estado do Tocantins, já quase em seu 12º aniversário, ainda padece da inexistência de uma universidade federal, sendo a única Unidade da Federação que ainda não conta com o ensino público superior federal.  

Não foi por outra razão que, ao procurar organizar a estrutura socioeconômica do Estado, o Governador Siqueira Campos, sensibilizado por essa necessidade, procurou evitar conseqüências danosas que criassem obstáculos ao desenvolvimento do Estado e, num gesto corajoso, sabendo das inúmeras prioridades, criou a Universidade do Estado do Tocantins.  

Ao criá-la, o Governo teve como propósito primeiro formar os professores para suas escolas de 1º e 2º graus, qualificar aqueles que ali estavam oferecendo o pouco que conheciam àqueles que ainda nada sabiam. Também procurou evitar que as famílias de meu Estado continuassem a ver o êxodo de seus jovens que, ao completar o 1º e 2º graus, no anseio de dar continuidade aos seus estudos, buscavam aprimorar e ampliar os seus conhecimentos em outros Estados. Não raro, Sr. Presidente, por questões emocionais ou profissionais, esses jovens não retornavam ao Tocantins, ou porque se casavam ou arranjavam um emprego e não davam a sua contribuição no desenvolvimento do nosso Estado. Desse modo, perdiam o Estado e a sociedade, que haviam investido nesses jovens, na sua preparação preliminar.  

Portanto, a Universidade Estadual do Tocantins também teve o propósito de lá manter seus filhos, que tinham compromissos com o Estado e queriam contribuir com a sua inteligência e com o seu trabalho para o desenvolvimento do Estado. Esse propósito, Sr. Presidente, tem sido alcançado.  

Por essa demanda reprimida, por essa dívida da União para com o Estado do Tocantins, não é possível que esperemos mais. Precisamos da decisão política que implante a Universidade Federal no Estado do Tocantins, bandeira que V. Exª tão bravamente levantou, com o nosso apoio, com o nosso concurso, com a participação unanime dos Parlamentares do Estado e dos eminentes Pares. Mas, até agora, não foi possível sensibilizar, de forma definitiva, nem o Presidente da República nem o Ministro da Educação, para que a universidade fosse implementada.  

Não podemos e nem é mais possível esperar. No atual estágio de desenvolvimento, Tocantins tem realizado um esforço hercúleo, temos limitações, para superar as suas dificuldades, para dar um ordenamento adequado às ações traçadas, a fim de estabelecer um processo de desenvolvimento no interior do Brasil, pois não dispomos de uma universidade federal no nosso território. Não há como esperar. É imperativo que o Presidente da República tome essa decisão e determine ao seu Ministro da Educação que instale já a Universidade Federal do Estado do Tocantins.  

Sr. Presidente, farei desta tribuna uma trincheira de luta permanente, de agora para frente, de forma mais acentuada, procurando conclamar o apoio dos eminentes Pares para que esta Unidade da Federação não seja mais postergada, legada ao ostracismo, esquecida.  

O Sr. Romero Jucá (PSDB – RR) – V. Exª me concede um aparte?  

O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PPB - TO) – Ouço, com muito prazer, o nobre Senador Romero Jucá.  

O Sr. Romero Jucá (PSDB – RR) – Caro Senador Leomar Quintanilha, quero manifestar meu apoio ao discurso de V. Exª. É extremamente importante a luta do povo de Tocantins, do Governador Siqueira Campos, dos Deputados e Senadores. Efetivamente, a instalação de um universidade federal no Estado de Tocantins é um fator fundamental de transformação. Fui Governador de Roraima e, durante meu Governo, lá implantei a Universidade Federal de Roraima. Sem dúvida alguma esta foi uma semente, pois deu origem a um setor vital e transformador da realidade do povo de Roraima. Assim também acontece em outros Estados. É injustificável que o Estado de Tocantins, que tem dado exemplos de administração pública, de seriedade, de competência, de caminhos novos trilhados na questão da coisa pública, não tenha ainda uma universidade federal. Tenho presenciado a luta de V. Exª, do Senador Carlos Patrocínio, do Senador Eduardo Siqueira Campos, que agora está licenciado, enfim, de todos aqueles que têm compromisso de buscar uma solução em curto espaço de tempo para essa questão importantíssima. Quero somar minha voz à de V. Exª e a de todos os Senadores do Estado de Tocantins. Estou à disposição para juntos trabalharmos e buscarmos uma solução emergencial que dê condições para que o Estado de Tocantins tenha sua universidade. Parabenizo V. Exª por sua luta e pela consciência de que uma universidade federal será importante para a transformação de um Estado em formação como o Tocantins. Meus parabéns por sua luta.  

O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PPB - TO) – Agradeço a solidariedade, nobre Senador Romero Jucá, e não esperava reação diferente de V. Exª, que sempre tem sido um defensor inconteste das causas justas, e não há nada mais justo, nada mais importante do que investir na inteligência, na educação de um Brasil que se prepara para enfrentar também mais esse desafio que é esse fenômeno da globalização. V. Exª, mais do que ninguém, conhece os reflexos importantes que provocaram a instalação da Universidade Federal no Estado de Roraima, Estado que tão bem representa.  

Neste momento, Sr. Presidente, nobres Srªs e Srs. Senadores, o País se vê diante do fenômeno da globalização e precisa enfrentar questões maiores, problemas maiores, o perfil do emprego está sofrendo uma mudança brutal, rápida com a robótica, com a informática, com a cibernética; entendendo-se como analfabeto contemporâneo aquele que não apresenta familiaridade com a informática, não acessa a Internet. No entanto, o Brasil, o Tocantins, ainda está envolvido com o analfabeto tradicional, aqueles que não sabem nem ao menos ler ou escrever.  

Esses problemas temos procurado enfrentar, tentando erradicar o analfabetismo que ainda existe no nosso Estado, e por isso é imperativo que possamos dar oportunidade aos filhos do povo, aos filhos da brava gente tocantinense de ter também o acesso ao ensino de 3º grau gratuito promovido pela União.  

Era o que tinha a registrar, Sr. Presidente.  

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