Discurso durante a 69ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

CONSIDERAÇÕES SOBRE A INSTABILIDADE ECONOMICA E POLITICA NOS PAISES DA AMERICA DO SUL.

Autor
Roberto Saturnino (PSB - Partido Socialista Brasileiro/RJ)
Nome completo: Roberto Saturnino Braga
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.:
  • CONSIDERAÇÕES SOBRE A INSTABILIDADE ECONOMICA E POLITICA NOS PAISES DA AMERICA DO SUL.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/2000 - Página 11085
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • COMENTARIO, ELEIÇÕES, PAIS ESTRANGEIRO, PERU, ILEGITIMIDADE, REPETIÇÃO, REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PREJUIZO, DEMOCRACIA.
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO POLITICA, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, ARGENTINA, EQUADOR, PARAGUAI, COLOMBIA, SURINAME, QUESTIONAMENTO, DEMOCRACIA, AMERICA LATINA, BRASIL, AMEAÇA, LIBERALISMO, ECONOMIA, GLOBALIZAÇÃO, OBEDIENCIA, FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (FMI).
  • SUGESTÃO, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, INCLUSÃO, REQUERIMENTO, CONVOCAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, ITAMARATI (MRE), SOLICITAÇÃO, ESCLARECIMENTOS, POSIÇÃO, BRASIL, VINCULAÇÃO, MOEDA, DOLAR, AMERICA LATINA, PREJUIZO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).

O SR. ROBERTO SATURNINO (PSB – RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, ouvi atentamente as considerações do Senador Eduardo Suplicy sobre a atuação da política do Itamaraty, do Governo brasileiro, na questão das eleições do Peru. S. Exª tem razão: é preciso convocar o Ministro Luiz Felipe Lampreia.  

Entretanto, chamo a atenção da Casa, Sr. Presidente, para os outros acontecimentos políticos que estão sacudindo o nosso Continente.  

O Peru realiza eleições com a postulação de um terceiro mandato para um presidente, o que fere as tradições da democracia no mundo inteiro. O resultado é que as eleições são consideradas ilegítimas, por uma série de motivos abordados pelo Senador Eduardo Suplicy.  

Por outro lado, na Venezuela, as eleições, que deveriam ter ocorrido no domingo passado, foram adiadas, porque as máquinas não ficaram prontas. Um motivo muito estranho, Sr. Presidente, que nos faz pensar – e é legítimo que suspeitemos – num plano de adiamento das eleições, para que o prestígio do Presidente Chaves diminua e ele não consiga se eleger com sua proposta de renovação política daquele país.  

Também a Argentina é sacudida por um furacão político de protestos, cujo desfecho não se pode prever, mas que põe em risco a estabilidade daquele país irmão, sócio nosso no Mercosul, mercado de extrema importância.  

O Equador também está sendo sacudido por protestos; dolarizou sua economia, mas não conseguiu resolveu os problemas econômicos do povo e da nação. Não sei que fim terá esse processo de agitação política naquele país.  

O Paraguai foi abalado também por uma tentativa de golpe; a Colômbia vive um estado de guerra interna. O Suriname parece que trará de volta o ditador Dési Bouterse.  

Sr. Presidente, aonde vai a América do Sul? Para onde caminha a América do Sul? Que causas fundamentam esses acontecimentos que nos preocupam? Afinal de contas, essas causas também chegarão ao Brasil, pois vivemos cercados por esses países que estão à beira de um cataclismo político, cujo desfecho não se pode prever.  

Sr. Presidente, tudo isso tem raízes na política que todos esses países adotam e que é ditada pelo Fundo Monetário Internacional, a política ultraneoliberal, de globalização sem restrições, sem defesas para as suas respectivas economias. Indefesas, essas economias todas estão soçobrando e por esse mesmo caminho segue a economia brasileira.  

Sr. Presidente, foram chocantes as declarações, hoje publicadas no jornal Valor, do Comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Carlos Baptista, a dizer que "quase 60% dos aviões e helicópteros estão parados por falta de peças, e a liberação de US$3 bilhões para reequipar a Força Aérea Brasileira depende de um sim do FMI". E diz o Brigadeiro: "O Presidente pediu que eu tivesse calma, porque o Malan ia ver com o FMI" se podia ou não liberar. Onde estamos, Srs. Senadores? Aonde vamos com essa submissão cada vez mais escancarada, cada vez mais cínica, por parte do Governo brasileiro, aos ditames do Fundo Monetário Internacional, que estão levando as economias do continente sul-americano a situações de inviabilidade, de agitação política, de verdadeiro terremoto político?  

Sr. Presidente, eram as observações que eu gostaria de fazer, concordando com o Senador Eduardo Suplicy de que temos de convocar o Ministro Luiz Felipe Lampreia, não só para que aborde a questão das eleições no Peru, mas, também, nos fale da América do Sul, do papel do Brasil, da dolarização, algo que parece inevitável na Argentina e que levará ao naufrágio do Mercosul.  

Aonde vamos com essa política? Aonde vamos parar com tal submissão?  

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.  

Muito obrigado.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/2000 - Página 11085