Discurso durante a 131ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Transcrição de artigo do jornalista Luís Carlos Moreira Jorge, do jornal A Gazeta, do Acre, intitulado "O Grito do Silêncio". Leitura de trecho de artigo de S.Exa., publicado ontem no jornal A Gazeta, sobre o novo quadro político institucional criado no Acre a partir das eleições de 1º de outubro.

Autor
Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Transcrição de artigo do jornalista Luís Carlos Moreira Jorge, do jornal A Gazeta, do Acre, intitulado "O Grito do Silêncio". Leitura de trecho de artigo de S.Exa., publicado ontem no jornal A Gazeta, sobre o novo quadro político institucional criado no Acre a partir das eleições de 1º de outubro.
Publicação
Publicação no DSF de 10/10/2000 - Página 20102
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, A GAZETA, ESTADO DO ACRE (AC), AUTORIA, LUIS CARLOS MOREIRA JORGE, JORNALISTA, REFERENCIA, PROCESSO ELEITORAL, MUNICIPIO, RIO BRANCO (AC), VITORIA, FLAVIANO MELO, CANDIDATO ELEITO, PREFEITURA.
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, A GAZETA, ESTADO DO ACRE (AC), AUTORIA, ORADOR, COMENTARIO, EXPECTATIVA, RENOVAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, MELHORIA, EXERCICIO, DEMOCRACIA, PARTIDO POLITICO, POPULAÇÃO, POSTERIORIDADE, RESULTADO, ELEIÇÃO MUNICIPAL.

  SENADO FEDERAL SF -

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SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, o papel desempenhado pelos jornalistas do Acre, nas eleições do último dia 1º, é uma página de grandeza na história da liberdade brasileira, pois os veículos de comunicação do Estado - principalmente os que não se alinham ao Governo - mantiveram atitude de absoluta isenção, exemplar equilíbrio e corajosa determinação, mesmo sofrendo ameaças e até mesmo intervenções de vários tipos, como foi o caso da TV-Rio Branco, que, em mais de uma oportunidade, teve suspensas as suas atividades.

A reação do povo, no episódio, apontou algo que os governistas não tiveram capacidade de apreender: o sentido exato de que uma violência estava sendo cometida, que o objetivo da punição era político-partidário, na vã tentativa de calar a parte da imprensa que não se perfila ante a voz de comando governista.

Dizia-me o empresário Narciso Mendes, diretor do complexo jornalístico O Rio Branco-TV Rio Branco, que nenhum anunciante se queixou da falta de transmissão de suas mensagens nos períodos em que a emissora esteve fora do ar compulsoriamente. Mais ainda: não houve qualquer exigência de reparação ou compensação em outros horários, como, aliás, seria de direito dos anunciantes prejudicados.

Para o Sr. Narciso Mendes, essa era a melhor prova de que a sociedade estava solidária à emissora. Silenciosa, tranqüila, serena e prudente. Mas sempre solidária!

Li, nos últimos dias, muitas análises a respeito das eleições municipais no Acre. Mesmo às vezes divergindo, dentro das respectivas linhas editoriais, seus autores concordavam num ponto: foi um pleito muito importante para a definição dos campos ideológicos e partidários, cujos reflexos eleitorais apontaram caminhos que ninguém poderá ignorar doravante.

Vários desses caminhos, aliás, eram visíveis para qualquer pessoa interessada em realmente escutar a voz do povo, antevendo como ela se expressaria nas ruas no domingo retrasado.

Quem mais me chamou a atenção, porém, foi Luís Carlos Moreira Jorge, em artigo publicado quinta-feira pelo jornal A Gazeta.

Pode-se até não concordar com alguns conceitos por ele emitidos, mas é inevitável o aplauso à seriedade e à argúcia com que o artigo foi pensado e escrito.

Peço vênia à Casa para não lê-lo na íntegra, porque sua extensão tomaria precioso tempo dos demais oradores inscritos. Mas a sociedade brasileira, por seus representantes no Senado da República, precisa tomar ciência de alguns pontos destacados no texto, a começar pelo reconhecimento de que algo novo aconteceu no Estado do Acre, onde adversários até então inconciliáveis se uniram ante a agressividade de alguém que os tratava como inimigos e prometia destruí-los. Foi uma engenharia política de alto nível, articulada em cima de programas e propostas concretas, mesmo em detrimento de projetos e ambições pessoais, por mais legítimas que fossem.

O Governo do Estado não acreditou na seriedade dos que se uniam para lhe fazer oposição. E Luís Carlos Moreira Jorge, em seu luminoso artigo, definiu com perfeição o que aconteceu:

O Governador fez três avaliações que lhe foram fatais: não acreditou, até pilheriou, quando se anunciou a formação do MDA, composto pelo PPB, PFL e PMDB. O passo em falso seguinte foi o de também não crer, em momento algum, que o Prefeito Mauri Sérgio recuperaria sua popularidade. E, o que foi decisivo para sua derrota: descrer da possibilidade de o ex-Senador Flaviano Melo aceitar ser candidato a Prefeito de Rio Branco.

A conclusão que Luís Carlos tira desse tríplice equívoco deve ser profundamente meditada por todos quanto se dedicam à vida pública no Estado do Acre: “Foi fatal. A adversidade transformou o MDA numa couraça de unidade. O Prefeito Mauri Sérgio, vertiginosamente, subiu de popularidade. E Flaviano Melo, no minuto final, anunciou que era candidato.”

Com todo o peso de sua credibilidade, da reputação que construiu em uma carreira vitoriosa como poucas, Luís Carlos Moreira Jorge faz, ainda, uma gravíssima denúncia, que exige esclarecimento cabal e cristalino por parte do Sr. Jorge Viana e seus arautos, acusação que tem como alvo o próprio Governador: “ainda tentou uma cartada final: incumbiu um jornalista, amigo de Flaviano, na véspera da convenção do MDA, de fazê-lo aceitar a proposta de voltar atrás. Em troca, lhe daria apoio para o Senado em 2002”.

É importante frisar que essa proposta indecorosa não chegou a ser transmitida ao candidato do MDA, porque “o próprio jornalista tratou de demover o Governador da absurda idéia”.

Não creio - repito - que o novo Prefeito de Rio Branco, Flaviano Melo, tenha sabido dessa tentativa desesperada do Governador, apavorado com a iminente derrota de seu candidato, que, efetivamente, foi castigado nas urnas, onde o povo manifestou o mais incontestável repúdio à política de medo, ódios, destemperos, agressões e calúnias, implantada no Acre desde janeiro de 1999.

Solicito a V. Exª, Sr. Presidente, a transcrição, na íntegra, do artigo do jornalista Luís Carlos Moreira Jorge, publicado na edição de quinta-feira, 5 de outubro corrente, de A Gazeta, do Acre, intitulado “O Grito do Silêncio”. Mas rogo aos Srs. Senadores aqui presentes que atentem para apenas mais dois trechos da brilhante análise. No primeiro, ele repete algo que tenho proclamado com insistência, aqui, neste plenário:

Não disseram também aos petistas que os tempos são outros, não comportam mais o ataque à honra do adversário. Isso não rende mais votos. Ao contrário, tira. Um dia, Jorge Viana atacava Narciso Mendes e, no outro, Flaviano - esquecendo de falar das propostas de seu candidato. Em certo momento, chegou a parecer que os candidatos a Prefeito eram Narciso e Jorge Viana.

A seguir, Luís Carlos definiu a reação popular, vendo a perseguição movida contra a TV Rio Branco. E afirmou: “A banca de advogados do PT deu um empurrão fundamental à solidificação da candidatura de Flaviano, ao conseguir tirar do ar, várias vezes, a TV Rio Branco. Na última vez, foi em pleno programa de Astério Moreira. O que ficou para a opinião pública era que Jorge Viana, por pura perseguição, mandou tirar a emissora do ar, por criticá-lo”.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero concluir com a leitura de um trecho de outro artigo, este de minha autoria, publicado ontem no jornal A Gazeta, de Rio Branco, no qual também teço comentários sobre o novo quadro político-institucional criado no Acre, com a manifestação popular através das urnas, em 1º de outubro. Em sua conclusão, sintetizei minha postura ante o Governo do Estado, proclamando:

Enganam-se os que vêem em minhas palavras uma declaração de guerra ao atual conjunto de forças governistas no Acre.

O que existe é apenas uma precaução, fundada em dolorosas experiências vividas nos últimos meses, quando normas elementares de ética e respeito foram quebradas por aqueles que se desdobraram em insultos, calúnias, ameaças e retaliações de todos os tipos.

A democracia não permite o poder absoluto, não admite donos da verdade. E, por isso, exige uma oposição aos poderosos. Leal, franca, serena e firme - mas apenas oposição. Se, todavia, continuaram a tratar-me como inimigo, nada poderei fazer. Apenas seguirei coerente com minha norma de conduta, que já dura várias décadas: agir com lealdade, franqueza, serenidade e firmeza.

Porque é assim que o povo do Acre sempre age.

            Era o que eu tinha a dizer sobre a memorável campanha cívica que levou o Movimento Democrático Acreano a uma vitória consagradora e importante para a formação do Acre forte, renovado e mais justo que todos sempre procuramos construir.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR NABOR JÚNIOR EM SEU PRONUNCIAMENTO:

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/10/2000 - Página 20102