Discurso durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

REPUDIO A PESQUISA REALIZADA PELO JORNAL O ESTADO DE S.PAULO, SOBRE A POSSIBILIDADE DE CASSAÇÃO DOS SENADORES ANTONIO CARLOS MAGALHÃES E JOSE ROBERTO ARRUDA. EXPECTATIVA PELA REUNIÃO NA COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, NA PROXIMA QUARTA-FEIRA, PARA OUVIR O DEPOIMENTO DO SENHOR JACQUES GUILBAUD.

Autor
Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. IMPRENSA. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • REPUDIO A PESQUISA REALIZADA PELO JORNAL O ESTADO DE S.PAULO, SOBRE A POSSIBILIDADE DE CASSAÇÃO DOS SENADORES ANTONIO CARLOS MAGALHÃES E JOSE ROBERTO ARRUDA. EXPECTATIVA PELA REUNIÃO NA COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, NA PROXIMA QUARTA-FEIRA, PARA OUVIR O DEPOIMENTO DO SENHOR JACQUES GUILBAUD.
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2001 - Página 6648
Assunto
Outros > SENADO. IMPRENSA. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • DEFESA, ATUAÇÃO, SENADO, PARTICIPAÇÃO, DIRETRIZ, ECONOMIA NACIONAL, APOIO, DISCURSO, PAULO HARTUNG, SENADOR.
  • PROTESTO, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), TENTATIVA, REALIZAÇÃO, PESQUISA, VOTAÇÃO, CASSAÇÃO, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, JOSE ROBERTO ARRUDA, CONGRESSISTA, ANTERIORIDADE, SENADOR, EXAME, PROVA, VIOLAÇÃO, VOTAÇÃO ELETRONICA, SESSÃO SECRETA.
  • CONVITE, DEPOIMENTO, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES (CRE), SENADO, JACQUES GUILBAUD, EX SERVIDOR, DIPLOMATA, ITAMARATI (MRE), DEMISSÃO, MOTIVO, PERSEGUIÇÃO, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, SUPERFATURAMENTO, AQUISIÇÃO, EMBAIXADA DO BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, PORTUGAL, EPOCA, REGIME MILITAR, OMISSÃO, GOVERNO BRASILEIRO, REINTEGRAÇÃO, SERVIDOR.

O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de fazer a minha comunicação, quero fazer duas observações: em primeiro lugar, depreendo do depoimento e da intervenção do Senador Paulo Hartung que essa história de Banco Central independente deve ser enterrada definitivamente. Precisamos de um Senado mais vivo, de uma sociedade mais participante na direção e na condução das diretrizes econômicas do País.

Em segundo lugar, quero fazer uma crítica, que tem ser feita agora. Fui abordado, minutos atrás, por uma repórter do jornal O Estado de S.Paulo, que está fazendo uma pesquisa secreta. Ela me apresentou uma cédula que perguntava se os Senadores Antonio Carlos Magalhães e José Roberto Arruda deviam ser cassados, em face das provas apresentadas sobre a quebra do sigilo do painel do Senado na votação da cassação de Luiz Estevão. Um pouco ligeiro o jornal O Estado de S.Paulo, um pouco irresponsável com a pesquisa, um pouco sensacionalista na intenção, porque essas provas não são do conhecimento dos Senadores ainda, as acareações não foram feitas, e eu, por exemplo, tenho um comportamento extremamente duro com as imoralidades, mas creio que a pesquisa feita, da forma como estão colocadas as perguntas, e neste momento, é rigorosamente irresponsável.

Fica aqui a minha censura ao Estadão. Isso é comportamento de pasquim sensacionalista de terceira categoria, não é comportamento para um jornal da importância e da tradição do O Estado de S.Paulo.

No entanto, Sr. Presidente, a minha intervenção é para chamar a atenção dos Senadores e da imprensa brasileira para uma audiência que ocorrerá na Comissão de Relações Exteriores, na próxima terça-feira, às 17h. Por convocação minha e aprovação unânime da Comissão será ouvido o Sr. Jacques Guilbaud, que é um diplomata brasileiro que foi convocado ou recrutado na época dos governos militares para o Serviço de Informação do Itamaraty.

Esse diplomata tomou conhecimento de alguns desvios de verbas e superfaturamentos ocorridos em Portugal por ocasião da compra da Embaixada brasileira pelo Itamaraty - superfaturamento que teria sido devolvido a algumas figuras importantes da República. Consta que esse diplomata passou a ser perseguido e foi removido para o Canadá. Desesperado, teria pedido asilo ao Canadá. Concedido o asilo, não sei bem em que circunstâncias, ou não concedido, o diplomata foi demitido por abandono de cargo depois de não ter comparecido ao serviço na Embaixada por trinta dias. Até hoje não foi reintegrado. Como a demissão foi por abandono de cargo não foi objeto de contemplação pela Lei da Anistia.

Tem conseguido, na França, apoios importantíssimos ao seu objetivo de ser reintegrado ou aposentado no Itamaraty. Hoje, ele é porteiro de hotel em Paris e foi por muito tempo motorista de ônibus escolares. O diplomata Guilbaud, na terça-feira, na Comissão de Relações Exteriores, vai colocar com toda a clareza as suas razões.

Na França, o famoso Alain Touraine, um dos amigos do Presidente Fernando Henrique Cardoso, tem feito gestões inclusive junto ao Presidente para a sua reintegração. O Itamaraty tem silenciado. Pedi informações, mandaram-me um dossiê secreto, que não faz nenhuma referência ao motivo real do afastamento do diplomata, que foram as denúncias de irregularidades em Portugal. O Itamaraty foge da responsabilidade de apurar com profundidade o fato, omite para este Senador as razões substantivas e faz um relatório de razões adjetivas.

Durante um ano e meio ou dois anos, tentei, administrativamente, fazer com que o Governo reconsiderasse essas posições. As sucessivas evasivas e a continuidade da omissão levaram-me a pedir à Comissão de Relações Exteriores a convocação do Sr. Jacques Guilbaud. E, terça-feira, nós teremos a versão do Sr. Jacques Guilbaud, que oficialmente não foi conhecida até hoje pelo Senado e no Brasil, para que possamos contrapô-la às versões oficiais ou, no caso, à omissão e a covardia do Governo Federal em enfrentar um problema desse porte, se é que o Sr. Guilbaud irá nos convencer dos seus argumentos, que, no dossiê que me apresentou até esse momento, são extraordinariamente persistentes e consistentes. Pelo menos a mim assim parecem.

Terça-feira, às 17h, teremos a oportunidade de ouvir o Sr. Guilbaud que está vindo da França, deixando o seu cargo de porteiro de hotel para explicar ao Senado por que foi demitido e por que, até hoje, o Itamaraty não escuta as suas reivindicações.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2001 - Página 6648