O SR. LEOMAR QUINTANILHA (Bloco/PPB - TO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a repercussão de pronunciamentos que tenho feito desta tribuna, nos quais abordei assuntos relativos às pessoas idosas e à Subcomissão Permanente do Idoso do Senado Federal, que tenho a honra de presidir, coloca em evidência a enorme dimensão desse problema e o muito pouco que se tem feito para ajudar, esse segmento etário, na sua luta pela reinclusão social.

O número de correspondências que recebo aumentou muito nessas últimas semanas. Na sua maioria abordam assuntos relativos ao não cumprimento de leis e o descaso de autoridades, e também da sociedade, que não apóiam os idosos e suas famílias, na luta que travam até pela sobrevivência.

Selecionei especialmente para este pronunciamento o e-mail recebido do Sr. Antônio Helvécio Teixeira, de Belo Horizonte, Minas Gerais. Ele tem 62 anos, foi demitido do emprego há 2 anos, e não está conseguindo outro emprego, devido a sua idade! Na carta que nos enviou, informa que foi demitido pelo Banco do Estado de Minas Gerais, tendo como critério para a demissão a idade dele.

Alega que perdeu o emprego quando o Banco Itaú comprou o Bemge! Revoltado, ele entrou na justiça contra o atual dono do banco!

É inacreditável, Sr. Presidente, que em pleno séc. 21, as pessoas, em sua maioria com formação universitária que dirigem os setores de recursos humanos das empresas, ainda usem como critério para demitir, a idade. Será que não entendem que essas pessoas acumularam enorme experiência de vida e conhecimentos! E que poderiam ser muito úteis na preparação dos funcionários mais jovens?!

O Sr. Antônio, em seu justo desabafo diz: “Ganhei a causa em primeira e segunda instâncias. Agora o processo foi para Brasília e deve estar

“DORMINDO EM BERÇO ESPLÊNDIDO” E, completa decepcionado:  “...talvez nem os meus filhos saberão o resultado final!”

Precisamos corrigir com urgência essas anomalias! Impedir que um ser humano trabalhe só porque alcançou uma idade mais avançada?!

Se faz mister que as nossas autoridades e a sociedade entrem na luta pela valorização das pessoas envelhecidas, seguindo o exemplo de outros países, onde o idoso é respeitado, é valorizado e tem sua a sua cidadania respeitada!

            O Brasil trata muito mal as questões das pessoas idosas. A situação é alarmante. Hoje, temos 14 milhões de pessoas com 60 anos! Agora temos apenas 550 médicos geriatras para cuidar da saúde deles, o que representa um médico para atender 27 mil idosos!

Fico imaginando como será daqui a duas décadas, quando teremos 38 milhões de idosos, e abrigaremos a sexta população idosa do mundo?! 

            É preciso, Sr. Presidente, que o Poder Executivo, o Legislativo, o Judiciário e a sociedade coloquem como prioridade urgentíssima a adoção de ações concretas, cumprindo e fazendo cumprir, as leis em vigor.

            Ou o Brasil desperta para a realidade, a dura realidade do idoso hoje, ou sofrerá as conseqüências dramáticas de ter uma grande população de idosos vivendo de forma desumana, causando dramas familiares, que poderão convergir para convulsões sociais, o que de forma alguma queremos!

A ciência, como já sabemos, ainda não pode afirmar que um ser humano está velho porque tem 40, 50 ou 60 anos. Não é a idade cronológica que torna uma pessoa velha! Só deve ser reconhecido como velho quem viver como tal, tenha a idade que tiver. A realidade é que o ser humano só tem dois caminhos a percorrer: Ou morre quando ainda jovem ou fica velho! Não existe outro caminho.

Aliás, o Brasil inteiro está testemunhando que a idade não conta, quando se tem competência. O treinador Zagallo, prova isso quando, com 69 anos de idade, leva o Flamengo a conquistar o Tri-Campeonato Carioca de Futebol.

A sociedade brasileira precisa aprender a respeitar mais os seus idosos, especialmente quando o Sr. Jorge Lobo Zagallo, que completará 70 anos dentro de alguns meses, comanda com pulso firme o time de maior torcida do Brasil! 

Aproveito, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para renovar o apelo para que juntos lutemos por uma sociedade brasileira que respeite os direitos de cidadania dos idosos. 

Finalizando, volto a convidar o meus Pares, em nome dos membros efetivos da Subcomissão Permanente do Idoso, que tenho a honra de presidir, para que prestigiem-nos com suas presenças para ajudar-nos na luta pela valorização das pessoas idosas de nosso País, eles precisam... E MERECEM!

            Era o que eu tinha a dizer.