Discurso durante a 89ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

CONTRARIEDADE PELA NÃO VEICULAÇÃO DA ENTREVISTA CONCEDIDA POR S.EXA. AO PROGRAMA "ALTA TENSÃO", DA REDE MINAS DE TELEVISÃO, EM QUE COMENTA A POSIÇÃO POLITICA DO GOVERNADOR ITAMAR FRANCO.

Autor
Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • CONTRARIEDADE PELA NÃO VEICULAÇÃO DA ENTREVISTA CONCEDIDA POR S.EXA. AO PROGRAMA "ALTA TENSÃO", DA REDE MINAS DE TELEVISÃO, EM QUE COMENTA A POSIÇÃO POLITICA DO GOVERNADOR ITAMAR FRANCO.
Publicação
Publicação no DSF de 10/08/2001 - Página 16281
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • CONTESTAÇÃO, FALTA, PUBLICAÇÃO, ENTREVISTA, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, PROGRAMA, TELEVISÃO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), INICIATIVA, CARLOS CHAGAS (MG), JORNALISTA, MOTIVO, EXISTENCIA, CRITICA, CONDUTA, GRUPO, APOIO, CANDIDATURA, ITAMAR FRANCO, PRESIDENCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).
  • QUESTIONAMENTO, CONDUTA, RESPONSAVEL, CENSURA, DEPOIMENTO, ORADOR.

O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Sras e Srs Senadores, ocupo a tribuna hoje para ter, daqui do Senado da República, uma conversa franca com o Governador de Minas Gerais, Itamar Franco. É um conselho de Dom Hélder Câmara, meu líder espiritual: “Conversa franca faz bons amigos”.

Gravei ontem, pela manhã, o programa “Alta Tensão”, da Rede Minas de Televisão, desse programa participam dois dos mais importantes jornalistas brasileiros: Carlos Chagas e Sebastião Neri. Foi um programa objetivo e, algumas vezes, duro. Comentei a crise do PMDB e a candidatura de Itamar Franco à Presidência da República e à Presidência do Partido. O PMDB do Paraná apóia sua candidatura à Presidência do Partido, pela sua postura nacionalista e a irrepreensível conduta ética na sua vida.

Mas, ao mesmo tempo em que este apoio se explicitava no decorrer da gravação de um programa de uma hora, fizemos as críticas necessárias à atual conduta do grupo “itamarista” que opera as suas pretensões no Partido. Lembrei, no programa, que se dizia ter o PMDB conquistado uma unidade pétrea sob a liderança do “grupo do caititu”, assim chamado pelo jornalista Ilimar Franco, quando comentava a famosa frase de Jader Barbalho, de que caititu sozinho é comida de onça, que o caititu se protege andando em bando. Deixava no ar um recado a Itamar Franco sobre as articulações que passavam a incorporar esse grupo, composto por Jader Barbalho, Eliseu Padilha, Michel Temer, de conduta absolutamente submissa ao Governo Federal na Presidência da Câmara dos Deputados, aprovando tudo o que não deveria ser aprovado, aprovando, sem discussão e sem contrapartida do mundo globalizado, as liberalizações que nos deixaram nesta situação em que estamos hoje, Sr. Presidente, tomando injeções de dólar do FMI tal como um paciente terminal viciado em cocaína toma injeções da droga na veia, uma situação de euforia momentânea que seguramente leva ao falecimento do organismo em seqüência muito breve. O programa foi gravado com essas críticas, programa que é franco e duro, como é franca e dura a política que se faz no Estado do Paraná.

Ligo a TVE à noite e, para minha surpresa, constato que meu depoimento de uma hora com Sebastião Neri e Carlos Chagas não foi ao ar. Foi censurado, foi retirado do ar pela covardia dos operadores da candidatura de Itamar Franco que não querem crítica.

Eu dizia que o encontro que eles estão procurando com o “grupo do caititu” nesta chapa Jader Barbalho que estão tentando articular na conciliação que chamo de “cumplicidade” no programa, nessa postura de complacência e autocomplacência com a corrupção, seria, com toda a clareza, o desencontro com o PMDB do Paraná. Fiz a advertência, reafirmei o apoio do PMDB do Paraná e fui para casa assistir, às 10 ou 11 horas da noite, ao programa da Rede Minas de Televisão, que foi censurado. Por quem? Por Itamar? Não sei. Por algum aspone? Não sei. Por quem tem medo do debate, do contraditório? Não posso responder.

Mas vim a esta tribuna hoje dizer ao Governador Itamar Franco que à noite vou ligar a Rede Minas de Televisão. E se o programa não for ao ar hoje - é evidente que o espaço dele nem hoje seria -, mas se o programa não for ao ar hoje vou conversar amanhã da tribuna com uma franqueza bem maior do que a que usei no programa com o Governador Itamar Franco. Quero saber se o Itamar Franco é a esperança da ética e da posição nacionalista do PMDB ou se é mais um porco do mato, um caititu no bando comandado por Jader Barbalho. A resposta me será dada pela Rede Minas esta noite. E amanhã, desta mesma tribuna, reiniciarei minha conversa. Temos um governador ético ou temos a molecagem da censura? Como é que um ex-presidente da República e Governador mineiro que pretende voltar ao Palácio do Planalto pode admitir a censura da palavra de um aliado, de um Senador da República, que falava por ele e pelo Paraná? Temos uma articulação ou temos uma molecagem?

Espero, Governador Itamar Franco, as providências. Ou assuma a responsabilidade pela censura ou defenestre esses assessores, esses aspones que mancharam a sua imagem censurando o programa de Carlos Chagas na Rede Minas de Televisão. Amanhã conversaremos aqui desta tribuna.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/08/2001 - Página 16281