Discurso durante a 98ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

IMPORTANCIA DE INVESTIMENTOS NA EDUCAÇÃO E NO TREINAMENTO DOS JOVENS PARA A INSERÇÃO DO PAIS NO MUNDO GLOBALIZADO.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • IMPORTANCIA DE INVESTIMENTOS NA EDUCAÇÃO E NO TREINAMENTO DOS JOVENS PARA A INSERÇÃO DO PAIS NO MUNDO GLOBALIZADO.
Publicação
Publicação no DSF de 23/08/2001 - Página 18226
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • DENUNCIA, FALTA, PRIORIDADE, EDUCAÇÃO, TREINAMENTO, JUVENTUDE, PREJUIZO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, ANALISE, MODELO, BRASIL, INEFICACIA, EPOCA, GLOBALIZAÇÃO, ECONOMIA INTERNACIONAL, DEFESA, REFORMULAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, ENSINO, TECNOLOGIA.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, uma nação tem uma série de componentes imprescindíveis, citarei dois: o território - sem o qual ela não existe - e a população. A população está estratificada, para ser simplista, entre jovens, pessoas de idade mediana e velhos que já estão aposentados.

Sr. Presidente, muitas civilizações e até mesmo filósofos delas - e até mesmo da nossa - preocuparam-se com a educação da juventude, a qual, dentro da perenidade de um país, representa o futuro. Estamos no palco por algum tempo, daqui a pouco sairemos dele e entrarão os que são jovens. Neste País, lamentavelmente, o treinamento, a educação dos jovens não recebe o tratamento que deveria.

Verificamos que alguns países tiveram a coragem de fazer uma modificação brusca no treinamento e educação - vejam que uso as palavras “treinamento” e “educação” - e com isso conquistaram espaço grandioso no mundo. Lamentavelmente, no Brasil, não temos feito dessa forma. Nós acompanhamos a vertente ibérica: cultura superficial, de pouca profundidade, Sr. Presidente. A nós interessa saber quem foi o escrivão da frota de Fernão de Magalhães, o coletivo de borboleta, coisas que não têm significado algum.

Antes podíamos dar-nos esse, mas hoje, no mundo globalizado, não podemos dar-nos a esse luxo. Nele, quem não está treinado para criar, produzir e fazer perde o emprego para quem está em outro continente.

A diferença entre um governante e um estadista é que este vê muito além, enquanto o governante permanece olhando o próprio umbigo. Não podemos ficar olhando o umbigo. Temos de agir seguindo o exemplo de pessoas que pensaram como estadistas. E é dentro dessa perspectiva que, aproveitando este momento em que estou na tribuna - estou encurtando muito um discurso que deveria ser longo e bem exemplificado exatamente para manter o espírito democrático e, com isso, que os companheiros ainda possam falar -, insisto nesse tema, pois não temos investido em nossa juventude.

Pode faltar dinheiro para tudo, mas não para investir no futuro da Nação. Consideremos o meu Estado, o de V. Exª ou qualquer outro, e indaguemos: o que temos feito para que a nossa geração de jovens, os homens de amanhã, possam enfrentar a globalização?

Vejo um País como a Coréia, que fez uma modificação, Taiwan, e está exportando para o mundo todo. Taiwan, com 22 milhões, tem US$900 bilhões investidos na Ásia e US$120 bilhões no bolso para investir. Por quê? Eles tiveram a coragem de fazer uma educação para o mundo globalizado.

Estou criticando o Ministro da Educação? Não. Ele está fazendo um bem, tudo o que é possível dentro do modelo tradicional. É que esse modelo já não nos serve. Precisamos ter coragem de romper os grilhões, quebrar os paradigmas e avançar para um mundo no qual se precisa produzir, exportar.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem, falei na exportação e sobre portos, mas isso não vai acontecer se nós não mudarmos a mentalidade da nossa geração quanto ao treinamento e à educação da próxima geração.

Atualmente, no Brasil - para termos uma idéia do que está ocorrendo -, há uma percentagem gigantesca: 7 milhões de pessoas entre 10 e 17 anos estão trabalhando. Existe uma enorme parcela da nossa população que, por estar na miséria absoluta, não tem como investir na educação dos filhos. E o que estamos fazendo? Estamos criando pessoas dependentes também para o futuro?

Precisamos repensar uma política para a nossa juventude dentro de um mundo globalizado que exige ensino, sim, e onde é considerado analfabeto quem só sabe ler e escrever. É necessário conhecer tecnologia, aprender um ofício e saber produzir nem que seja artesanato de qualidade, que gere recursos, dividendos, para que o progresso no nosso País não perca o ritmo.

Sr. Presidente, nós que somos Parlamentares, que representamos o povo, temos que alertar as nossas autoridades de que é necessário uma educação mais prática para os jovens, mais condizente com o mundo globalizado, que exige o ensino tecnológico, exige o fazer, o ensinar a fazer para que possamos competir. São atavismos e paradigmas que nós vamos ter que quebrar. Não poderemos, de maneira alguma, se queremos que este País vá para frente, deixar de fazer isso.

Voltarei ao tema em outra oportunidade, dada a exigüidade do prazo. Quero deixar na mente de cada um de nós essa preocupação.

Ouvi aqui, há poucos minutos, o Senador Renan Calheiros, levantando uma tese com a qual comunguei na mesma hora, a do Refis, em que todos temiam entrar e hoje chegaram à conclusão de que é uma boa saída. O prazo, todavia, está fechado e a reabertura é necessária, além da expansão para um Refis estadual.

Quero deixar aqui um assunto para pensarmos, qual seja, a reformulação do ensinamento para a nossa juventude. Nós temos que parar com os exemplos antigos. Vamos quebrar esses grilhões e buscar um modelo que sirva para que a nossa juventude receba como investimento esta educação. Que falte tudo, mas não o investimento na juventude. Só vamos conseguir mudar o Brasil quando essa juventude tiver condições de partir para um novo objetivo: o de construir um País que terá um lugar especial neste mundo, e temos tudo para isso. Faltam apenas a vontade e o indicativo da direção.

Finalizo, Sr. Presidente, porque havia prometido ao meu amigo Ricardo Santos que, às 18 horas e 20 minutos, encerraria para que S. Exª pudesse dispor de prazo para também falar.

Voltarei a este assunto porque merece aprofundamento e muita reflexão.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/08/2001 - Página 18226