Discurso durante a 102ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o avanço da AIDS no interior de Goiás.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Preocupação com o avanço da AIDS no interior de Goiás.
Publicação
Publicação no DSF de 29/08/2001 - Página 18708
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • APREENSÃO, ORADOR, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, AUMENTO, INCIDENCIA, SINDROME DE IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA (AIDS), INTERIOR, ESTADO DE GOIAS (GO), ESPECIFICAÇÃO, MUNICIPIO, CORUMBAIBA (GO), PROFESSOR, JAMIL.
  • DEFESA, NECESSIDADE, REFORÇO, ANTECIPAÇÃO, DIAGNOSTICO, POSSIBILIDADE, PREVENÇÃO, DOENÇA.
  • SOLICITAÇÃO, AUTORIDADE, AREA, SAUDE, GOVERNO FEDERAL, GOVERNO ESTADUAL, ESFORÇO, COMBATE, SINDROME DE IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA (AIDS), URGENCIA, CRIAÇÃO, CENTRO DE PESQUISA, REFERENCIA, DIAGNOSTICO, ACOMPANHAMENTO, DOENTE.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            AVANÇO DA AIDS NO ESTADO DE GOIÁS

            O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho acompanhado a divulgação de uma notícia nada agradável para o Estado de Goiás. Dá-se conta de que a Aids, Sr. Presidente, essa terrível doença que já matou 22 milhões de pessoas no mundo, está avançando no interior de Goiás, num ritmo muitíssimo preocupante.

            Na verdade, Sr. Presidente e caros Colegas, a Aids parece que está nos driblando todo o tempo. Quando surgiu, estava circunscrita aos chamados grupos de risco, às comunidades homossexuais, a pessoas que compartilhavam agulhas ou aos hemofílicos. Depois, a contaminação alcançou as mulheres casadas, que contraíam a doença de seu parceiro. As crianças foram as vítimas diretas da voracidade do vírus.

            A tragédia da doença exibia seu maior índice nas metrópoles e cidades grandes. O interior parecia um reduto inexpugnável. A Aids não chegaria ali tão cedo. Ledo engano, senhoras e senhores! Chegou, e se instalou como quem veio para ficar. Muitas cidades do interior de Goiás mostram estatísticas alarmantes proporcionalmente à Capital, Goiânia. Vou expor alguns desses números.

            Vamos começar por Corumbaíba. A cidade tem perto de 6 mil e 650 habitantes. De 1984 para cá, registrou 12 casos da doença em adultos. Esses 12 casos podem parecer pouco, tomado esse numeral como absoluto, mas indicam uma prevalência de 180 casos por 100 mil habitantes. Quase a mesma de Goiânia, com população aproximada de um milhão e 100 mil habitantes, que apresenta um índice de prevalência de 194 casos por 100 mil habitantes. Grave também é a situação da cidade de Professor Jamil, onde a prevalência é de 117 casos por 100 mil habitantes.

            Aliás, Sr. Presidente, a Aids tem avançado sem piedade no Estado de Goiás. No ano de 2000, foram registrados 8 casos por 100 mil habitantes. No ano anterior, a incidência foi de 6,5 casos. A Aids já atingiu 110 crianças em Goiás, com idades entre 2 a 5 anos, desde que surgiu no Estado, em 1984.

            A situação é de preocupar, sim, Sr. Presidente, porque sabemos que, em caso de saúde, a informação é fundamental! Quem sabe que tem a doença pode se cuidar e evitar a transmissão a outras pessoas. O que acontece muito é o portador do vírus só chegar ao diagnóstico da doença quando começam a aparecer os sintomas. Para muita gente, pode ser tarde demais.

            O diagnóstico precoce da infecção pelo HIV tem de ser reforçado em todo o Estado, particularmente nas maternidades, que devem orientar as gestantes a fazerem o teste no período pré-natal. Infelizmente, a grande maioria dos médicos não solicita o exame e a desculpa é esfarrapada: alguns por desatenção, negligência pura, outros por um medo absurdo da reação do paciente, o que não se justifica.

            O diagnóstico precoce é muito importante para a pessoa infectada, que pode monitorar melhor seu estado de saúde; mas, do ponto de vista epidemiológico, é um fator de segurança social, por ajudar na prevenção contra a doença.

            Para terminar, Sr. Presidente, faço um apelo às autoridades da área de saúde do meu País e do meu Estado. Envidem todos os esforços para deter o avanço da Aids! Eu sei que o governo não pode fazer tudo sozinho. Mas cabe a ele, muito bem, incentivar e arregimentar forças capazes de erguer barreiras que impeçam o alastramento desse vírus devastador.

            São muitas as frentes de combate, mas uma me parece imprescindível: a educação. É preciso que chegue ao homem do interior, principalmente das pequenas cidades, informação ampla - mas sobretudo em linguagem acessível e fácil de ser entendida - sobre a doença: como se pega, como se faz para prevenir, como usar preservativos, e assim por diante.

            Pode parecer incrível, Sr. Presidente, mas em Goiás, além da Capital, somente mais dois municípios - Anápolis e Itumbiara - possuem médicos treinados para atender o paciente infectado pelo vírus HIV na rede pública de saúde. Reside aí um dos maiores desafios das autoridades responsáveis pela área no Estado e na União: criar, urgentemente, novos centros de referência para diagnóstico e acompanhamento dos soropositivos. 

            O Brasil tem demonstrado sucesso no combate à Aids. Com vontade política e agrupamento de forças, haveremos de ter sucesso também no combate à Aids no nosso interior e nas pequenas cidades.

            Era o que tinha a dizer. Muito obrigado a todos!


            Modelo17/27/247:29



Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/08/2001 - Página 18708