Discurso durante a 120ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem aos vereadores pelo importante papel na construção da cidadania.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.:
  • Homenagem aos vereadores pelo importante papel na construção da cidadania.
Aparteantes
Maguito Vilela.
Publicação
Publicação no DSF de 26/09/2001 - Página 22760
Assunto
Outros > SENADO. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, VEREADOR, MUNICIPIO, ANAPOLIS (GO), ESTADO DE GOIAS (GO), VISITA, SENADO.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, VEREADOR, AUXILIO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, SOLUÇÃO, DIFICULDADE, SOCIEDADE, ATENÇÃO, BEM ESTAR SOCIAL.

  SENADO FEDERAL SF -

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            O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Senadores, a minha primeira palavra é para registrar a nossa alegria de receber hoje, no Senado, seis Vereadores da minha querida cidade de Anápolis, que vieram fazer uma visita a esta Casa e aos Gabinetes dos Senadores Iris Rezende e Maguito Vilela. E em nome de S. Exªs tenho a certeza de que também me manifesto.

            Sr. Presidente, neste mundo traumatizado pela violência terrorista, tumultuado pelo choque de civilizações, varrido por vertiginosas mudanças sociais e tecnológicas, abalado pela volatilidade dos mercados, a busca de pontos de apoio fixos e de orientações éticas seguras reflete os anseios gerais de reconstruir as bases morais e espirituais da confiança necessária ao convívio humano solidário e produtivo.

            A política e os políticos estão entre os setores mais atingidos por essa desorientação. O avanço das comunicações instantâneas, em todos os quadrantes democráticos, solapou os partidos no seu papel tradicional de intermediário do povo com o poder.

            Nada disso, porém, ainda foi capaz de tirar o Brasil de sua condição de “grande País pequeno”, na frase iluminada do saudoso Hélio Beltrão. Em que pese o gigantismo de um punhado de magalópoles, significativa parcela de nossa população continua vivendo em cidades interioranas de médio e, sobretudo, pequeno portes.

            Pois bem, ali o povo mais humilde e desassistido ainda encontra na figura abnegada e amiga do vereador aquele “ponto de apoio”, cada vez mais raro, ao qual me referi há pouco.

            Pensando bem, Sr. Presidente, “ponto de apoio” é uma expressão insuficiente para designar a presença positiva, confiável e marcante do legislador municipal nas angústias ou nas vitórias, nas tristezas ou nas alegrias, de sua comunidade.

            O vereador é o ombro amigo, o muro de lamentações, “o procurador de partes” (no singular e no plural), o solucionador de problemas, o agente vivo da esperança e da cidadania nesse ambiente imediato de experiência política das pessoas que é o município. Afinal, é nele que os indivíduos efetivamente moram, lutam, trabalham, sofrem e sonham, e não nas abstrações legais do “Estado” ou do “País”...

            Infelizmente, é muito comum que parcelas intelectualizadas da sociedade urbana jurem solidariedade ao ser humano em teoria, mas ignorem ou desprezem as aflições de gente real na vida prática.

            Com o vereador é diferente!

            Ele está sempre ao alcance, para providenciar aquela ambulância; para arranjar às pressas a internação daquela parturiente surpreendida com a chegada do bebê antes da hora; para cobrar da burocracia a solução rápida daquele processo complicado de aposentadoria rural; para solicitar do comércio ajuda na compra daquelas camisas do time de futebol local; para conseguir aquela vaga escolar ou bolsa de estudos; para garantir a cesta básica de quem tem fome e está desempregado, ou o material de construção para a família sem teto; para encorajar doações à festa junina, ao orfanato ou ao lar dos velhinhos; para pagar com dinheiro do próprio bolso pela última morada de quem, caso contrário, seria sepultado como indigente.

            Freqüentemente, as carências são tantas e a vontade de ajudar é tamanha que os próprios entes queridos do vereador - seus pais, seus filhos e, em especial, sua esposa - acabam envolvidos nesse mutirão de assistência humana e comunitária. A casa se transforma em posto de atendimento aberto 24 horas por dia; o carro vira meio de transporte para resolver todo tipo de urgência através de estradas perigosas e escuras a qualquer hora da madrugada; o sacrifício do tempo de lazer no lar torna-se uma constante na vida da família.

            E como se não bastassem tantas microcontribuições ao bem-estar social, o vereador ainda marcha na linha de frente do macroprocesso de construção democrática, pois é ele que troca em miúdos, para os menos instruídos no isolamento das áreas rurais, a complexidade daquelas decisões políticas que mexem com a vida de todo mundo, mas são tomadas “lá longe”, pelos “homens do poder”, aqui em Brasília, ou na capital do seu Estado.

            Se há falhas e erros na produção legislativa ou na atuação parlamentar dos vereadores, boa parte da causa se deve à péssima distribuição das oportunidades educacionais neste País - campeão mundial de desigualdades.

            Já os grandes ou pequenos pecados éticos cometidos por uma minoria de edis incapazes de honrar o mandato popular que lhes foi outorgado, mesmo com o devido desconto dos freqüentes maus exemplos vindos “de cima”, constituem exceções confirmadoras de uma regra honrada e reconfirmada no dia-a-dia por homens e mulheres que conjugam o verbo “servir” em todos os tempos e modos, no interesse maior do povo.

            Com essas palavras de apreço e gratidão aos vereadores do Brasil, em especial aos vereadores do meu querido Goiás, concluo o meu pronunciamento de hoje, Sr. Presidente.

            O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Senador Mauro Miranda, eu gostaria de pedir um aparte a V. Exª antes da conclusão do seu pronunciamento.

            O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO) - Ouço V. Exª, Senador Maguito Vilela.

            O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Senador Mauro Miranda, V. Exª faz um pronunciamento verdadeiro com relação ao vereador, essa figura extraordinária que V. Exª muito bem descreveu. O vereador é o muro das lamentações, o indivíduo que recebe o impacto primeiro do sofrimento das pessoas. O vereador é a pessoa mais bem informada deste País. Aliás, se ele fosse mais ouvido, não teríamos tantos problemas na área social, na educação, na segurança pública, porque ele é quem tem mais conhecimento de tudo o que acontece neste País. Eu tenho a honra e o orgulho de ter sido vereador em 1976, quando do meu primeiro mandato, tendo chegado a presidir a Câmara Municipal da minha cidade, Jataí. Confesso que a Câmara foi a minha universidade. Se não tivesse passado por ela, eu não conheceria com profundidade todos os problemas que afligem os brasileiros. O vereador é sempre injustiçado e criticado, mas é, talvez, o político que mais faz pelo social neste País. V. Exª retratou muito bem as carências de 30% a 40% da população brasileira. São os vereadores os primeiros a acudir o sofrimento do nosso povo. Além de cumprirem a sua obrigação de fazer as leis municipais, fiscalizar os prefeitos, aprovar os orçamentos municipais, transformam-se, também, em um agente social, em um agente que minimiza o sofrimento da sua gente, dos seus munícipes. Portanto, quero cumprimentá-lo pela oportunidade do pronunciamento. Hoje, eu, V. Exª e o Senador Iris Rezende recebemos os vereadores de Anápolis, uma cidade importante, industrializada, acadêmica, universitária. Recebemos vereadores do PL, do PSB, do PTB, do PMDB, o Dr. Aquiles, que é médico e vereador naquela cidade. Todos eles vieram a Brasília em busca de melhorias para a sua cidade, preocupados com o seu povo. Meus cumprimentos a V. Exª. Creio que todos nós, Senadores, políticos brasileiros, deveríamos valorizar ainda mais o vereador, que é, às vezes, tão injustiçado, mas que tantos e relevantes serviços tem prestado à Pátria brasileira. Muito obrigado.

            O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO) - Senador Maguito Vilela, incorporo, com muito prazer, o pronunciamento de V. Exª e lamento profundamente não poder incorporar, também, a sua experiência como vereador de sua cidade.

            Infelizmente, não tive essa oportunidade de ser um vereador, mas sinto muito orgulho de todos e tenho grande carinho pelos vereadores do País e pelo trabalho que realizam diuturnamente a favor das suas populações, dos seus irmãos, da sua gente.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


            Modelo17/27/247:20



Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/09/2001 - Página 22760