Discurso durante a 169ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Prejuízos causados à região Nordeste pela imposição do racionamento de energia elétrica.

Autor
Maria do Carmo Alves (PFL - Partido da Frente Liberal/SE)
Nome completo: Maria do Carmo do Nascimento Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TURISMO.:
  • Prejuízos causados à região Nordeste pela imposição do racionamento de energia elétrica.
Publicação
Publicação no DSF de 07/12/2001 - Página 30361
Assunto
Outros > TURISMO.
Indexação
  • COMENTARIO, PREJUIZO, TURISMO, REGIÃO NORDESTE, MOTIVO, CRISE, ENERGIA ELETRICA, AUMENTO, POBREZA, DESIGUALDADE SOCIAL.
  • SOLICITAÇÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REVISÃO, PERCENTAGEM, RACIONAMENTO, ENERGIA ELETRICA, CIDADE, SERVIÇOS TURISTICOS, REGIÃO NORDESTE, BENEFICIO, TURISMO, CRIAÇÃO, EMPREGO, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

A SRª MARIA DO CARMO ALVES (PFL - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo esta tribuna, mais uma vez, para falar de um mal que há muito atinge o meu querido Nordeste. Não me refiro à seca nem à pobreza, tão faladas, tão decantadas nesta Casa. Refiro-me à falta de políticas planejadas para a Região.

Farei um breve retrospecto do ano de 2001: estiagens, Municípios em calamidade pública e - a grande novidade do ano - o racionamento de energia. Chegamos quase a nos acostumar com as imagens fortes das emissoras de televisão quando mostram a seca, o chão rachado, o sertanejo perambulando à busca de socorro.

O que nos entristece - e é exatamente o motivo da minha fala hoje aqui - é que nada foi feito para se resolver a questão. As secas se repetem e os procedimentos governamentais também: nada antes e nada depois; no momento da crise, cestas básicas e frentes de trabalho.

Pois bem, a nova dificuldade apresentada ao povo do Nordeste foi o racionamento de energia, cuja culpa o Governo costuma atribuir à falta de chuvas. Não, Sr. Presidente, a crise decorreu da falta de planejamento e, sobretudo, de investimentos no setor hidrelétrico.

Passaram-se os meses críticos, mas, no Nordeste, não veio a chuva, como era esperado. Não veio a água do céu, mas, em compensação, vieram os feriados programados, que geraram prejuízos para o setor industrial e para o comércio e trouxeram uma redução drástica do nosso PIB, além do aumento do nível de desemprego.

Já estamos em dezembro e o que concluímos é que 2001 trouxe ainda mais desigualdade regional para o País e mais pobreza para a Região que abriga, lamentavelmente, mais da metade da miséria absoluta nacional.

Normalmente, dezembro é um mês alentador para o nordestino, não só pelo espírito natalino que ilumina o coração dos homens, como também em virtude da nossa vocação turística. Começa a época do turismo, brasileiros e estrangeiros de todo o mundo invadem nossas praias, nosso litoral, com sua ânsia de aproveitar o sol e o mar, trazendo divisas para o comércio e gerando empregos, embora temporários. Tudo isso faz a economia da Região movimentar-se.

Contudo, Sr. Presidente, Srs. Senadores, quem vem às praias do Nordeste quer uma estrutura mínima, quer conforto. Além do refrescante mergulho no mar azul, quer beber algo gelado e dormir em quarto climatizado. E esta seria a chance de reverter um pouco as perdas do ano. O que a seca impediu fosse colhido, o que o racionamento impediu fosse produzido poderia ser reposto com a miscelânea de sotaques, línguas e culturas que visitam o litoral nordestino no verão. Mas, para isso, é preciso energia. É necessário que também as cidades turísticas nordestinas possam utilizar-se do percentual de racionamento de 7%, como está sendo ofertado para as cidades assim classificadas pela Embratur nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.

Não desconheço - e os nordestinos não desconhecem - o fato de os reservatórios estarem baixíssimos. Isso é inconteste. Apenas não entendo por que a região que hoje mais precisa de investimentos e de fluxo de capital deva ser a mais castigada pela errônea visão ensandecida de tecnocratas que, sentados em seus gabinetes - com certeza, climatizados -, decidem seguir uma política econômica que sacrifica o setor produtivo em prol da busca de um superávit fiscal a qualquer preço.

Sei que as dificuldades energéticas não serão resolvidas num passe de mágica. Compreendo que é necessário um longo processo de conscientização no que diz respeito ao fato de a energia ser um recurso precioso. Em breve, viveremos uma situação semelhante em relação aos recursos hídricos se nada for feito nos próximos anos.

Prejudicar a já sensível economia nordestina, impedindo-a de crescer com o turismo, é quase uma afronta às esperanças de um final de ano melhor.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, faço um apelo ao Senhor Presidente da República, ao Sr. Pedro Parente e a todos que participam da Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica para que analisem a situação do Nordeste e compartilhem conosco a nossa realidade. Vamos às ruas. Vamos ver a importância da indústria turística para a nossa região. Essa é a forma que temos de reduzir as grandes desigualdades e dar aos nordestinos melhores condições e mais empregos. Também é necessário rever as metas das cidades turísticas da Região Nordeste. Nós, nordestinos, desejamos ver o País crescer, a despeito de atentados e da crise na Argentina, mas o Brasil como um todo e não somente as já ricas Regiões Sul e Sudeste. E, para que isso ocorra, para o bem de nosso povo, é primordial que especial atenção seja dada aos Estados nordestinos, que sejam exatamente levadas em conta as questões do Nordeste.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, faço um apelo ao bom senso dos mandatários desta imensa Nação brasileira para que cessem a discriminação ao povo nordestino e lhe dêem uma chance de melhorar a retrospectiva do ano de 2001, favorecendo a indústria do turismo e, assim, trazendo mais renda e empregos para nossos conterrâneos.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/12/2001 - Página 30361