O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o turismo é, hoje, a grande âncora da economia mundial, além de fator de inserção no mercado financeiro, responsável pela abertura cada vez maior de novas frentes de trabalho, pautadas na melhoria das condições de emprego e na qualidade social das comunidades.

Em relação à sua importância, pode-se dizer que o Brasil não tem um desempenho à altura do seu potencial em matéria de atividade turística. Muitos fatores concorrem para essa situação e não pretendemos analisá-los neste pronunciamento.

Desejamos, tão-somente, destacar um aspecto que consideramos equivocado na política de divulgação turística e que consiste na insistência dos apelos sobre os mesmos destinos já consagrados: Rio de Janeiro, Bahia, Amazônia...

Não há como negar a enorme atratividade desses centros turísticos, mas não é possível desconhecer o potencial praticamente inexplorado de outras regiões deste enorme País.

É o caso, Srªs e Srs. Senadores, do meu Estado de Goiás, com seu território rico em rios, cachoeiras, grutas, cavernas, vegetação do cerrado ainda preservada, belezas naturais incalculáveis, tudo isso acrescido de uma forte cultura de festas, folclores, costumes e um povo de alma invejável.

Mas, é preciso reconhecer, falta-nos o “pontapé” para que o Estado possa, num todo, ser inserido no mercado turístico nacional e internacional.

Se nos faltam incentivos, sobram-nos potencialidades turísticas. Em primeiro lugar, destaca-se a diversidade de nossas atrações, que oferecem alternativas para todos os gostos e modalidades de turismo: ecológico, esportivo, científico, cultural, místico, terapêutico e outros.

Como exemplo de nossa singularidade, temos o município de Alto Paraíso, localizado na Chapada dos Veadeiros, verdadeiro santuário da ecologia, do misticismo, das terapias naturais, do espiritualismo e da paz. A exuberante natureza esconde cenas quase mágicas, como o pôr do sol, as montanhas, os canyons, as cachoeiras, as minas de cristal, as flores do cerrado e a energia que emana do solo.

Em Alto Paraíso, estão instalados mais de 40 grupos místicos, filosóficos e religiosos, o que a transforma na Capital Brasileira do Terceiro Milênio. O paralelo 14, que atravessa a lendária cidade de Machu Pichu, no Peru, também passa sobre Alto Paraíso, originando fantásticas histórias sobre a região.

O município dispõe de uma crescente estrutura para o turismo, com hotéis, pousadas e áreas para adeptos do campismo.

Aqueles que preferem os esportes aquáticos, a pesca e a agitação noturna dos balneários encontram tudo isso em Aragarças, município localizado à margem direita do rio Araguaia. O município possui quilômetros de praias que, nas férias de julho, atraem milhares de pessoas de todas as regiões do País.

Separada dos municípios mato-grossenses de Pontal do Araguaia e Barra do Garça por apenas um rio - o rio Araguaia -, Aragarças é a única praia daquele rio no território goiano, em zona urbana, oferecendo, assim, infra-estrutura de cidade. A pesca pode ser praticada ao longo do rio Araguaia e de seus afluentes, dentro do território municipal.

Os que procuram a tranqüilidade e as propriedades terapêuticas das termas têm à disposição as fontes termais de Rio Quente, que formam o maior rio de água quente do mundo, com uma vazão de 6,228 milhões litros/hora, 149 milhões de litros/dia, a uma temperatura de aproximadamente 33º graus. O rio de água quente possui uma extensão de 12 km, nasce e deságua dentro do município que leva também o seu nome.

Às margens do Rio Quente, está localizada a maior atração turística de toda a região Centro-Oeste e uma das maiores do Brasil, o complexo “Pousada do Rio Quente Resorts”, com várias atrações de entretenimento e lazer. Além da Pousada, a cidade vizinha de Caldas Novas oferece uma constelação de hotéis, com estrelas de todas as grandezas, proporcionando tranqüilidade e conforto aos visitantes, de acordo com seu estilo de viver.

Os amantes da história e da tradição dispõem de muitas alternativas, entre as quais se destacam as cidades de Goiás e Pirenópolis.

A descoberta das primeiras minas de ouro, no final do século XVII e início do século XVIII, marca o princípio da colonização do que, hoje, conhecemos como o Estado de Goiás.

O contato com os povos indígenas e com os negros foi decisivo na formação da nossa cultura. Antiga capital do Estado, a cidade de Goiás foi fundada por um bandeirante, Bartolomeu Bueno da Silva, e recebeu o nome de Arraial de Santana. Virou paróquia, depois comarca e ficou conhecida como Vila Boa de Goiás, em homenagem aos índios Goyazes, primeiros habitantes da região, e a Bueno, seu fundador.

No fim do ano passado, a cidade de Goiás recebeu o título de patrimônio histórico da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o que atesta a importância de seu conjunto arquitetônico para o registro da história brasileira e universal.

Outra cidade de forte apelo histórico é Pirenópolis, situada próxima a Brasília, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1988.

Nascida de um pequeno arraial minerador do início do século XVIII e incrustada ao pé da Serra dos Pireneus, Pirenópolis manteve-se como testemunho vivo dos primeiros tempos de ocupação do território goiano. Cristalizou-se na forma de arraial das primeiras décadas do século XIX, constituindo um bem histórico de valor inestimável, tanto para o Estado de Goiás quanto para o Brasil, mantendo suas tradições culturais, religiosas e folclóricas, conhecidas internacionalmente, como a “Festa do Divino Espírito Santo”, quando são encenadas as “Cavalhadas”.

Além dessas opções, Goiás oferece, ainda, localidades para a prática do chamado agroturismo, em cidades como Rio Verde, com suas pousadas rurais, e centros para a realização de convenções e grandes eventos, como a cidade de Goiânia, cuja rede hoteleira oferece mais de 7,5 mil leitos para todos os padrões econômicos.

Oferece, também, festas populares, festejos religiosos, uma culinária variada e saborosa, um artesanato rico e original e uma infinidade de trilhas e paisagens aos apreciadores da aventura e do contato com a natureza.

Dispomos de todas as condições para o desenvolvimento da atividade turística em nosso Estado. Mas sabemos que o setor turístico só poderá produzir benefícios sociais, culturais, econômicos e ambientais se for planejado em conformidade com a realidade local, estadual, regional, nacional e até internacional e acompanhado pelos órgãos responsáveis.

Sabemos, também, que o turismo só existirá na região se ela estiver preparada para receber o turista, pois o turista satisfeito volta, faz propaganda do lugar, traz seus amigos e familiares, aumenta ainda mais o número de turistas, gerando mais emprego, aumentando a renda e, conseqüentemente, melhorando a qualidade de vida da população local.

É preciso, portanto, conscientizar, sensibilizar, estimular e capacitar a população de Goiás para que ela desperte e reconheça a importância e a dimensão do turismo como gerador de emprego e renda e para que seja capaz de conciliar o crescimento econômico com a preservação e a manutenção dos patrimônios ambiental, histórico e cultural.

Srªs e Srs. Senadores, promover o desenvolvimento turístico sustentável do Estado de Goiás é encaminhá-lo ao encontro de seu destino natural. E nada melhor que sua localização, ao lado do Distrito Federal, esta capital querida, que tem sido um grande suporte para o crescimento do turismo regional em Goiás.

Sr. Presidente, eram essas as minhas palavras.

Muito obrigado.