O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o motivo que me traz à tribuna é de interesse do Senado da República, do Congresso Nacional e do País. Vou me referir à manipulação de pesquisas eleitorais.

Há três ou quatro dias, o meu Colega Senador Álvaro Dias, nos jornais da Capital - a notícia também foi veiculada em alguns jornais nacionais -, antecipou o resultado de uma pesquisa do Ibope. Isso me leva a uma indagação: o Ibope é um instituto de pesquisa ou uma sucursal do Botafogo Futebol Clube? Falo do Botafogo que foi tão generosamente tratado na CPI do Futebol. O Senador antecipa a pesquisa com declarações extraordinariamente claras. Diz que eu, que sou seu opositor no processo eleitoral, estaria perdendo para ele a eleição por 14 pontos.

Se o Ibope fornecer números que justifiquem essa antecipação do Senador Álvaro Dias, que declarava ter acesso aos números preliminares de uma consulta que sequer havia esgotado o tempo registrado no Tribunal Eleitoral para que o campo fosse finalizado, haverá uma estranha associação entre o Ibope e um candidato, que, por acaso, não é quem paga a pesquisa, que é paga por uma sucursal da TV Globo do Paraná, que é a TV Paranaense Canal 12. Se o resultado não estiver errado, estará desmoralizado o Senador Álvaro Dias pelas suas declarações. Se o resultado se confirmar, será uma questão para a Delegacia de Polícia e para o Tribunal Superior Eleitoral, porque terá sido uma pesquisa supostamente feita por um órgão de comunicação filiado à Rede Globo e revelada, com antecipação de três dias, antes de o campo ser finalizado, por um interessado.

A questão é realmente muito séria. Já tomamos as providências legais cabíveis: acionamos o Tribunal Regional Eleitoral. Agora, espero a pesquisa. É o Ibope um instituto de pesquisa ou um clube de futebol? O Álvaro não achou nada no Botafogo, mas, em compensação, o Ibope encontra votos que talvez ele não tenha.

Não quero violar sigilos de pesquisa, Srªs e Srs. Senadores, porque não quero, da tribuna do Senado, infringir a legislação. Mas esta noite tive um sonho, e, nesse sonho, materializa-se na sala da minha casa um amigo comum meu e do Álvaro Dias, que morreu há algum tempo, amigo comum e querido de nós dois, um guru da política do Paraná, Nassib Jabur.

O Nassib, nessa aparição ecotoplasmática, sugere-me alguns números que me parecem possíveis. O Nassib me diz: “Requião, a pesquisa anterior do Ibope dava para o Álvaro 56% e, para você, 14%”. Ele me adverte: “Isso nunca foi verdadeiro, Requião. Mas não se preocupe. Hoje, numa pesquisa real e espontânea realizada na Paraná, você teria 18,5%, e o Álvaro, 16,4%”. E eu, curioso, logo pergunto: “Mas, meu velho amigo, Nassib, que surge não sei de onde para iluminar o meu caminho eleitoral, e, numa pesquisa estimulada, quanto provavelmente eu teria?”. E ele me diz: “Requião, infelizmente, o Álvaro está um pouco à sua frente. Numa pesquisa estimulada, ele teria 32,5%, e você, 31,7%”. Eu disse ao meu velho amigo, Nassib: “Olha, eu, evidentemente, vou tratar isso como uma revelação sobrenatural e nunca atribuirei isso a um instituto de opinião, mas, seguramente, esse resultado é muito diferente das pesquisas do Ibope”. E perguntei, então, ao meu velho amigo Nassib: “E como estaria, Nassib Jabur, a eleição para a Presidência da República no Paraná?”. O Nassib, de pronto, pergunta-me: “Senador, o seu interesse é pela pesquisa espontânea ou pela estimulada?”. Respondi: “Pelas duas”. Ele, então, disse-me: “Senador, na espontânea, no Paraná, o Anthony Garotinho poderia ter 7,1%; o Ciro Gomes, 20,1%; o José Serra, 9,6%”. Perguntei: “E o Lula?”. O Nassib me responde: “O Lula está melhor. Na estimulada, acredito que ele teria mais ou menos 34,3%; os votos em branco representariam 3,8%, e os dos que não sabem em quem votar, 24%”. O Nassib já sabia tudo quando estava vivo. Imaginem, agora, que ele passou para o outro lado e tem poderes sobrenaturais para saber da opinião do povo! Eu lhe disse: “Mas me falta, então, Nassib, a estimulada”. Ele não se fez de rogado e me disse: “Requião, o Anthony Garotinho teria 9,1%, na estimulada; o Ciro Gomes, 24,2%; o José Serra, 14,5%; o Luiz Inácio Lula da Silva, 38%. Os votos em branco representariam 3,5%; os dos que não sabem em quem vão votar, 9,4%; outras respostas, 0,4%”.

São informações esotéricas, sobrenaturais, não têm nada a ver com a pesquisa, porque, na verdade, Sr. Presidente, o que eu queria saber era se o Ibope é um instituto de pesquisa ou um clube de futebol, destinado a fraudes eleitorais, à indução de comportamento. Eu queria saber do Ibope como é que um candidato tem números numa pesquisa que sequer foi realizada e como uma televisão e um jornal, supostos patrocinadores da pesquisa referida, toleram a violação dos dados. Entre o Montenegro do Botafogo, regiamente considerado na CPI do Futebol, e o meu velho amigo Nassib Jabur, que, vivo, entendia da política, fico com o Nassib morto, que me surge de forma sobrenatural e me informa como está a situação no Paraná.

Sr. Presidente, agora não é nem o Nassib, fraude ou Álvaro Dias, o que quiser. Nós, do velho MDB de guerra, o 15 - no Paraná, o povo o chama de super 15, porque saímos com chapa puro-sangue -, vamos ganhar essa eleição no primeiro turno. E, no primeiro turno, Osmar Dias será Senador da República, e o segundo nome será o do candidato do PMDB, Paulo Pimentel. É um prognóstico meu, não é sobrenatural, é bem concreto.

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