Discurso durante a 41ª Sessão Especial, no Senado Federal

Presta homenagem à cidade de Brasília, pela passagem do seu quadragésimo terceiro aniversário.

Autor
Paulo Octávio (PFL - Partido da Frente Liberal/DF)
Nome completo: Paulo Octávio Alves Pereira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Presta homenagem à cidade de Brasília, pela passagem do seu quadragésimo terceiro aniversário.
Publicação
Publicação no DSF de 23/04/2003 - Página 8209
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, PIONEIRO, ADMINISTRADOR, PRESENÇA, SESSÃO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), ESPECIFICAÇÃO, AFFONSO HELIODORO DOS SANTOS, CORONEL, PRESIDENTE, INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), OPORTUNIDADE, ELOGIO, EMPENHO, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, CONSTRUÇÃO, CAPITAL FEDERAL.

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Quero cumprimentar V. Exª, Senador Paulo Paim, Presidente desta sessão solene; o Exmº Governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz; o Exmº Senador Mauro Benevides, nosso Secretário de Assuntos Parlamentares no Congresso e ex-Presidente do Senado Federal; o Exmº Senador Antonio Carlos Magalhães, que, como eu dizia há pouco, é o quarto representante do Distrito Federal nesta Casa; o Núncio Apostólico, Dom Lorenzo Baldisseri; a Srª Ana Cristina Kubitschek Pereira, Presidente do Memorial JK; o Dr. Álvaro Augusto Ribeiro Costa, Advogado-Geral da União; a Deputada Eliana Pedrosa, representando a Câmara Legislativa; a nossa Vice-Governadora, Maria de Lourdes Abadia; o Deputado Alberto Fraga, representando os Deputados Federais; a nossa Embaixatriz Lúcia Flecha de Lima, representando todos os demais Secretários de Governo do Distrito Federal aqui presentes.

Não poderia deixar de dar um abraço especial no nosso Coronel Affonso Heliodoro dos Santos.

(Palmas.)

Ele é o Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Brasília, e certamente acompanhou todos os movimentos desse filme a que acabamos de assistir.

Para o senhor em especial, Coronel Affonso, deve ser muito emocionante, assim como para outros que aqui estão, depois de 43 anos, assistir a um filme em preto e branco que mostra essa grande epopéia de que o senhor participou, a construção desta cidade. Ao homenageá-lo, quero homenagear todos os demais pioneiros, os administradores aqui presentes e todas as pessoas que acreditam nesta cidade, que por ela trabalham e que lutam pelo seu desenvolvimento. Não posso também deixar de mandar um abraço ao meu pai e à minha mãe, aqui presentes.

(Palmas.)

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ilustres convidados, a história do Brasil se faz por ciclos. Em cada época surge um país diferente, mas as pessoas tendem a esquecer o que havia antes. Por essa razão, Sr. Presidente, é de extrema importância relembrar, neste 21 de abril, as diferentes expectativas existentes em nossa sociedade antes e depois de Brasília e as conseqüências da mudança da capital para o Planalto Central.

É com muita honra que falo, nesta oportunidade, em nome do Partido da Frente Liberal, diante de um plenário tomado por pioneiros, por filhos de pioneiros e por pessoas que acreditaram na possibilidade de, com seu trabalho, contribuir para o desenvolvimento do Brasil. O mundo mudou muito desde aquela já remota década de 50, quando os gênios de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa se encontraram para produzir o milagre de uma cidade em local distante e desabitado.

Talvez houvesse, na época, uma taxa de ingenuidade maior que a atual. As pessoas se dedicavam a causas. Acreditavam que o futuro seria melhor que o passado. E que a força do trabalho seria capaz de modificar a realidade. Brasília é, em uma primeira análise, filha direta da crença, da fé, da decisão e da vontade política. O Presidente Juscelino Kubitschek prometeu e cumpriu. Marcou a data de inauguração da nova capital com muita antecedência. E no dia 21 de abril de 1960 cortou a fita inaugural. À noite, compareceu ao baile de gala.

O Presidente Juscelino prometeu e cumpriu outras metas. Abriu estradas, trouxe a indústria automobilística para o Brasil, alargou o mercado de emprego, gerou novas e melhores expectativas, refundou o País e espargiu esperanças. Há um país antes e há outro país depois de JK. Uma página virou em nossa história, mas a ninguém é dado o direito de esquecer que a coragem dos brasileiros e a fé inquebrantável no futuro produziram o milagre dos “cinqüenta anos em cinco”.

A comemoração dos 43 anos de Brasília não é um evento simples, em que se festeja o surgimento de uma nova cidade. É mais que isso. Aqui surgiu uma nova arquitetura, que, até hoje, impressiona o mundo. Oscar Niemeyer, o mestre incomparável, em plena atividade no alto de seus 95 anos, continua a ser homenageado em todo o mundo - recentemente, na Câmara dos Deputados, houve uma belíssima homenagem ao gênio de Oscar Niemeyer. Os traços da nova capital assombraram especialistas, mas o grande brasileiro segue produzindo peças singularíssimas, com seu traço inconfundível, nas mais importantes capitais do Planeta. Eu diria que, hoje, Niemeyer talvez seja o brasileiro vivo mais importante do nosso País.

O Presidente Juscelino, cuja simples menção faz emergir saudade e admiração, revelou com gestos simples, vocação democrática e determinação inabalável ser possível conduzir um país no caminho do desenvolvimento. JK gerou obras, criou empregos, construiu uma nova capital. No entanto, fez mais que isso ao realizar seu plano de metas: resgatou a auto-estima do povo brasileiro. É nessa época que surge a nova música brasileira, quando aparecem Tom e Vinícius de Moraes. Os dois, posteriormente, invadiriam o mundo musical. É nessa época também que o Brasil vence sua primeira Copa do Mundo.

Os “cinqüenta anos em cinco” colocaram o Brasil no mundo, seja nos esportes, seja na política, seja na arquitetura. Havia algo de novo ocorrendo na América do Sul. Brasília é, sem dúvida, a obra do século XX nas Américas. É o fato mais importante ocorrido num continente assolado por ditaduras, por desilusões permanentes ou temporárias, e temperado pela moléstia do subdesenvolvimento. A luz que brilhou no horizonte foi a fé dos brasileiros em reescrever sua história a partir da epopéia ocorrida no Planalto Central.

Há, portanto, Sr. Presidente, muito a ser comemorado neste 21 de abril. Um Brasil novo surgiu no início dos anos 60 e não mais permitiu que o brasileiro vivesse dentro dos estreitos limites de um determinismo que o colocava como cidadão de segunda classe no mundo. O desenvolvimento tornou-se possível, a vontade nacional se fez mais forte e novos caminhos se abriram. Brasília carrega - e sabemos disso - consigo todo esse simbolismo. É mais que uma cidade. É muito mais que uma cidade, é um projeto de país, é a crença na capacidade criativa deste povo mestiço. É um retrato do Brasil que planeja, produz e faz; que promete, como fez JK, e cumpre.

Eu estava há poucos minutos numa sessão solene, no Memorial JK, em homenagem a Brasília. Lá estavam meninos de alguns colégios, que foram convidados para a sessão. Foi emocionante ver aquela criançada sentada, assistindo a uma sessão solene em homenagem à cidade onde a maioria nasceu. Nós não nascemos em Brasília. A grande maioria dos que estão hoje nesta sala não nasceu em Brasília. Mas nós, que somos líderes nesta cidade, temos uma grande responsabilidade com Brasília.

O Governador Joaquim Roriz, que, pela quarta vez, governa com competência a nossa cidade, tem uma grande responsabilidade com Brasília; os Deputados Federais aqui presentes; nós, Senadores; os Deputados Distritais, que fazem as leis que vão dirigir esta cidade no futuro. Todos nós temos que ter em mente todos os dias que temos um compromisso com as novas gerações de candangos, e com o Brasil todo, porque Brasília tem o papel importantíssimo de criar uma nova mentalidade que se estenda por todo o País. Brasília tem o compromisso de dirigir bem este grande Brasil. Por isso, Sr. Governador Joaquim Roriz, é muito grande a responsabilidade de todos nós, de todos que estão aqui, de todos os que vieram assistir à sessão solene: pioneiros, empresários, administradores e secretários. Vamos preservar Brasília. Vamos cuidar para que os nossos filhos tenham a mesma qualidade de vida que tivemos e que temos hoje. É esse o nosso compromisso mais forte com esta cidade.

(Palmas.)

Tenho a honra de estar aqui, na tribuna, falando em nome do PFL, para saudar os brasilienses e homenagear a cidade que adotei como minha. Vim de Lavras, sul de Minas, ainda garoto. Trabalhei e cresci aqui. Fundei minha empresa com esforço. Gerei empregos, abri empreendimentos e sempre investi nesta cidade. E somente nela. Tive o privilégio de ter sido eleito Deputado Federal por duas vezes pelo Distrito Federal. E, hoje, represento a Capital da República no Senado. É, portanto, com muito orgulho, porém com humildade diante das tremendas responsabilidades, que me dirijo a esse Plenário.

Brasília, Sr. Presidente Paulo Paim, assistiu e sobreviveu a todas as crises políticas dos últimos 40 anos. Viu a renúncia do Presidente Jânio Quadros, observou a fugaz experiência do parlamentarismo, conviveu com os governos militares e assistiu a agonia e morte do inesquecível Tancredo Neves, o mártir da abertura política brasileira. Torceu pelo sucesso da Assembléia Nacional Constituinte e recebeu a sua carta de alforria política. Os brasilienses passaram a escolher seus representantes no teatro da política local e nacional.

Faltava apenas a autonomia financeira. Esta veio por intermédio do Fundo Constitucional, que estipula as verbas que a União deve repassar para o Distrito Federal, com o objetivo de manter em pleno funcionamento o sistema de saúde, o ensino e a eficiência do aparato policial. Tive o privilégio de trabalhar no assunto, de relatá-lo em algumas de suas diversas fases e levá-lo à sanção do Presidente da República.

Neste momento, não posso deixar de fazer alguns agradecimentos: ao Presidente Fernando Henrique Cardoso, que enviou ao Congresso Nacional essa lei que nos deu a verdadeira independência econômica; ao Governador Roriz, que foi incansável (palmas) na luta por essa autonomia; aos Deputados Federais, que estiveram ao meu lado, Tadeu Fillipelli e Fraga; aos Senadores Lindberg Cury e Valmir Amaral, que lutaram para que tudo corresse bem e essa lei fosse aprovada, na Câmara e no Senado, em menos de vinte dias. Foi um trabalho bonito, que valeu a pena, Deputada Maria de Lourdes Abadia, então Deputada e hoje vice-Governadora. Valeu a pena. Ganhamos a independência. O ano de 2002 será sempre lembrado pelos brasilienses, será sempre um ano importante para a nossa cidade.

Esta é a grande novidade dos últimos anos: Brasília cresceu e ultrapassou todas as crises políticas. Venceu os problemas. Entrou na idade adulta como cidade testada e comprovada. Agora, assume sua inteira dimensão por intermédio das verbas do Fundo Constitucional. O Governo local passa a ter a garantia de oferecer um serviço de qualidade a seus habitantes, além de assumir a responsabilidade de bem hospedar os Poderes da União.

Hoje é um dia de festa para Brasília, Sr. Presidente. Festejamos a capacidade dos brasileiros de escrever sua própria História. O Presidente Juscelino é o ícone deste momento especial e Brasília é o símbolo da criatividade nacional.

Vivemos, todos nós, um Brasil diferente, moderno, maduro, capaz de enfrentar os inúmeros desafios do novo século, porque, anos atrás, um punhado de bravos - que estavam no vídeo a que assistimos - ensinou-nos que o trabalho é capaz de modificar os caminhos e abrir as trilhas para o desenvolvimento.

Eu acredito no Brasil. Viva o Brasil!

Eu amo Brasília. Viva Brasília!

Eu sou brasileiro. Viva o povo brasileiro! Vivam todos vocês!

Que Deus nos acompanhe. Que Deus nos ilumine.

Parabéns, Brasília, pelos seus 43 anos!

Muito obrigado a todos.

(Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/04/2003 - Página 8209