Discurso durante a 56ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelo às autoridades do Estado de Goiás para que retomem o diálogo e as negociações com o Sindicato do Transporte Alternativo do Aglomerado Urbano de Goiânia - Sintrago.

Autor
Íris de Araújo (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Íris de Araújo Rezende Machado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Apelo às autoridades do Estado de Goiás para que retomem o diálogo e as negociações com o Sindicato do Transporte Alternativo do Aglomerado Urbano de Goiânia - Sintrago.
Publicação
Publicação no DSF de 16/05/2003 - Página 11358
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • LEITURA, NOTA OFICIAL, SINDICATO, TRABALHADOR, ALTERNATIVA, TRANSPORTE COLETIVO, TRANSPORTE COLETIVO URBANO, MUNICIPIO, GOIANIA (GO), ESTADO DE GOIAS (GO), ESCLARECIMENTOS, MOBILIZAÇÃO, PRAÇA DOS TRES PODERES, GREVE, FOME, MOTIVO, IMPOSSIBILIDADE, NEGOCIAÇÃO, VIOLENCIA, REPRESSÃO, GOVERNADOR.
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE GOIAS (GO), NEGOCIAÇÃO, SINDICATO.

            A SRª IRIS DE ARAÚJO (PMDB - GO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por diversas oportunidades, tenho assumido a tribuna - talvez até demais -, sempre para apresentar propostas que dizem respeito ao meu País.

Hoje, mudando relativamente o tom do meu discurso, falo sobre o Estado de Goiás. O Senador Demóstenes Torres, também representante de Goiás, sabe que uma pequena parcela da população goiana está praticamente acampada em frente ao Senado Federal.

Por isso, passo a ler um comunicado que considero importante:

Desde ontem - na verdade, desde o dia 13 -, 17 trabalhadores integrantes do Sindicato do Transporte Alternativo do Aglomerado Urbano de Goiânia, o Sintrago, entraram em greve de fome para protestar contra o impasse estabelecido nesse sistema na Capital de Goiás, o que tem gerado nos últimos meses desemprego em massa, discriminação a uma categoria que tem como propósito prestar serviços à comunidade e realizar o seu ganha-pão e de suas famílias.

Esses trabalhadores, Senhor Presidente, já tentaram manter contato com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e estão acampados aqui em Brasília, a poucos metros do Palácio do Planalto, onde pretendem levar a greve de fome às últimas conseqüências. Lá estão ao relento, precariamente alojados, enfrentando o sol e o frio, vivendo o sofrimento, mas dispostos e obstinados a continuar a luta iniciada em 1997 cujo objetivo é assegurar o legítimo direito ao trabalho que lhes garante, como já disse, o ganha-pão e o sustento de suas famílias.

Os trabalhadores do transporte alternativo de Goiânia estão em Brasília, Senhoras e Senhores Senadores, porque simplesmente não mais encontram junto ao governador Marconi Perillo os canais democráticos de diálogo e de entendimento. Esses trabalhadores tornaram-se vítimas de incontáveis prejuízos financeiros, materiais e morais devido à truculência do governo, que passou a tratá-los com o uso da violência ao invés de tentar o inesgotável recurso da negociação.

O impasse se arrasta através dos anos e já registra tristes passagens. Em 1999, esses trabalhadores acamparam na porta do Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano, e ficaram em greve de fome durante 13 dias. No sétimo dia do movimento, quando um grupo de motoristas realizava movimento no Campus II da Universidade Federal de Goiás, defendendo a legalização do transporte alternativo, o governador Marconi Perillo ordenou que a Polícia Militar invadisse o local. Durante o confronto, o motorista José Marcos Ferreira da Silva era morto na plenitude de seus 36 anos, vítima de disparo de uma escopeta calibre 12.

Em agosto de 1999, a Câmara Municipal de Goiânia aprovou a regulamentação do transporte alternativo que, no princípio, tinha 300 veículos rodando sem autorização. Finalmente, em janeiro de 2001, o sistema foi legalizado com 740 microônibus.

Agora, em 2003, surgiram novos e dramáticos embates que geraram o colapso e uma crise sem precedentes no sistema. A população ficou sem meios de locomoção. No dia 28 de abril, surgiu um novo conflito. O resultado: 32 motoristas e cobradores que estavam trabalhando foram presos. Como protesto, a Praça Cívica, onde está instalado o Palácio das Esmeraldas, foi fechada pelos microônibus. Mais uma vez, o Governo mandou a tropa de choque com seus cachorros, cavalos e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar o movimento. E a situação permanece sem saída até os dias de hoje.

Assim, Sr. Presidente, faço neste momento um apelo às autoridades de meu Estado, para que retomem o mais rápido possível as negociações, colocando fim à greve de fome e impedindo novas tragédias.

O diálogo é o único recurso que não pode esgotar aos administradores realmente sérios e responsáveis. Esperemos que as autoridades goianas assim compreendam e atuem com discernimento diante desse fato, agindo, sobretudo, com equilíbrio e ponderação.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/05/2003 - Página 11358