Pronunciamento de Íris de Araújo em 31/07/2003
Discurso durante a 22ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Despedida de S.Exa. do Senado Federal.
- Autor
- Íris de Araújo (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
- Nome completo: Íris de Araújo Rezende Machado
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA SOCIAL.
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
- Despedida de S.Exa. do Senado Federal.
- Publicação
- Publicação no DSF de 01/08/2003 - Página 20871
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIAL. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
- Indexação
-
- COMENTARIO, SITUAÇÃO, PAIS, APREENSÃO, AUMENTO, VIOLENCIA, SOCIEDADE, NECESSIDADE, ANALISE, UTILIZAÇÃO, OPINIÃO, ESPECIALISTA, BUSCA, SOLUÇÃO, PROBLEMA.
- EXPECTATIVA, MELHORIA, BRASIL, RECONHECIMENTO, AUMENTO, CONSCIENTIZAÇÃO, NATUREZA POLITICA, POPULAÇÃO, PROBLEMA, CRESCIMENTO, PAIS, EMPENHO, PARTICIPAÇÃO, SOCIEDADE, REIVINDICAÇÃO, AGILIZAÇÃO, SOLUÇÃO, PROBLEMAS BRASILEIROS.
- COMENTARIO, IMPORTANCIA, TRABALHO, CONGRESSO NACIONAL, EMPENHO, DEFESA, INTERESSE, ESTADOS, AGRADECIMENTO, SERVIDOR, SENADO, SENADOR, APOIO, PERIODO, EXERCICIO, MANDATO, TROCA, EXPERIENCIA, CONTRIBUIÇÃO, ATIVIDADE POLITICA, ORADOR.
A SRª IRIS DE ARAÚJO (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nos últimos dias, tanto no plenário do Congresso quanto no texto de grandes jornalistas ou nas declarações de personalidades, fala-se sobre o aquecimento do debate político e os episódios de enfrentamento e violência social.
Há uma espécie de consenso que diz: olha o perigo! E há acerto nesse alerta, porque há grande perigo para a paz, quando a política segue a trilha do enfrentamento.
Mas, se é necessário estar atento para o perigo da violência social, também é preciso serenidade, não se deixar levar pelas emoções. Para uma análise serena, precisamos abrir a escuta e o olhar, tentar enxergar a nossa realidade não apenas de um ângulo, mas pelo maior número possível de pontos de vista. Que, dependendo de mudança de ponto de vista, a paisagem também muda.
Eu mesma tenho falado da minha angústia. Inúmeras vezes, ao assomar esta tribuna, Sr. Presidente, de uma maneira sadia e verdadeira. Tenho procurado alertar, por intermédio do meu conhecimento, pelo contato que travo com as pessoas no dia-a-dia, pela leitura dos jornais, enfim, pela realidade do povo brasileiro, para determinadas circunstâncias em que vive o País e em relação as quais não podemos, como Senadores, representantes desse grande povo brasileiro, ficar omissos.
Hoje, quero mudar meu ponto de vista. E falar da minha esperança. É verdade que, na paisagem brasileira atual, o movimento das forças políticas, o debate áspero, certas indecisões do Governo, o avanço sobre limites legais falam de uma certa turbulência. E, se nós não ficarmos atentos, poderá se transformar numa turbulência para valer, que é o que nós não queremos. A Nação brasileira, o cidadão brasileiro não quer viver essa turbulência.
Mas, felizmente, não estamos vivendo apenas de enfrentamento e de turbulência. A maioria do povo brasileiro está em paz, quer produzir em paz. O brasileiro é um povo pacífico. Pela sua índole, pela sua formação, pelo seu jeito de ser, o brasileiro é de paz. Uma paz que leva em conta a melhoria da qualidade de vida de todos nós.
O Brasil inteiro se discute, Senador Sibá Machado, felizmente. O Brasil, hoje, é um País consciente, como há muito não acontecia. E cada vez mais, Senador, tem gente querendo participar dessa discussão. Eu sinto que isso é importante, porque diz respeito à consciência de uma Nação, que se fortalece na democracia. Demonstra que o debate político não se trata apenas nos plenários das Assembléias Legislativas, das Câmaras de Vereadores ou aqui no plenário do Senado. Demonstra que, em qualquer lugar desta Nação, seja nas pequenas ou nas grandes cidades, as pessoas se reúnem e discutem um Brasil que querem para si.
Essa é a grande riqueza do momento histórico, refletido aqui nos debates deste plenário. Porque nós, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, representamos o sentimento da Nação. A discussão de cada projeto de lei não trata apenas de uma questão pontual, uma tecnicalidade; cada ato legislativo nasce do reconhecimento do direito de todos e de cada um.
Não tenho dúvida nenhuma de que o Brasil todo quer a democracia. Em períodos recentes da nossa história, já demos mostra de saber defender e garantir as instituições democráticas, seja no campo da política ou no da economia. E isto acontece porque estamos avançando no campo legal, combatendo as desigualdades regionais e sociais.
Por isso, ao correr o meu olhar pelas fileiras que formam esse auditório, seja aqui, dentro do plenário, seja nas galerias, que ocasionalmente nos assiste - muitas vezes são colégios inteiros, grupos inteiros, segmentos inteiros que lotam as galerias ou aqui, mais embaixo, com o segmento do próprio Senado, com os funcionários que aqui nos assistem - eu me sinto otimista. Sem eles, certamente, desde o cameraman, lá em cima, aos que trabalham nos gabinetes, aos que nos assessoram no cafezinho ou aqui dentro deste plenário, em todo este Senado, certamente, Srs. Senadores, não teríamos como fazer o nosso trabalho.
Hoje é um momento de despedida. Estou me despedindo e aproveitando a oportunidade para homenagear todos aqui dentro, como parte de um contexto que significa muito à Nação.
Ao olhar ao redor, sinto-me otimista, porque esta é uma Casa plural, constituída por homens e mulheres, maduros ou moços, das mais diferentes origens e vivências políticas. O Brasil como um todo é muito diferente. Cada Estado tem a sua cultura. Ao adentrarmos o plenário, nós, Senadores, trazemos a representatividade do nosso Estado. Compomos, dentro deste universo, a face verdadeira do Brasil.
Nestes poucos meses de convívio, aprendi muito aqui dentro. A mulher que entrou pela primeira vez neste plenário, decidida, mas muito insegura, sai fortalecida e conhecendo muito o Brasil, por intermédio de V. Exªs.
O criterioso e democrático sistema de comunicação social desta Casa, -- observo que o Senador Presidente Eduardo Siqueira Campos, todas as vezes, faz questão de saudar a Nação, porque S. Exª sabe que não fala apenas para o Plenário; falamos para uma grande platéia, que é a comunidade brasileira, que acompanha os nossos passos, as nossas palavras e que espera muito de nós - divulga tudo o que aqui se faz. Por isso, quando falamos neste microfone, como acabei de dizer, não são apenas os nossos Pares que nos ouvem, mas milhões de cidadãos brasileiros. Sempre que uso da palavra, faço-o com esta consciência. Sei do projeto que pretende levar também para a tevê aberta o registro das ações do Senado. Dou o meu apoio a essa idéia, porque ela democratiza o conhecimento. Se já é bom para muitos, que o seja para todos.
Para todos os que me ouvem, ao vivo, neste momento, pela rádio ou pela televisão, quero deixar o testemunho do quanto aqui se trabalha, neste momento, para o desempenho da missão que é a de representar o interesse de cada Estado e o equilíbrio da federação. Aquilo que justifica a existência do Senado Federal é exatamente o núcleo de toda discussão, hoje, sobre o Brasil: o combate às desigualdades, que ameaça o equilíbrio desta Nação.
Nesta Casa, Senhoras e Senhores que nos assistem neste momento, o debate é sério, fundamentado. Às vezes se torna apaixonado até a exaltação, mas se mantém sempre sob a normalidade do Regimento. Um debate que não é feito de subjetividades apenas, mas que se fundamenta em números, em idéias e, principalmente, em ideais.
Foi ouvindo esse debate que cresci e amadureci politicamente. E, ao deixar, hoje, esta Casa, levo comigo muito mais consciência da riqueza deste momento histórico e a certeza de que o Senado Federal, tanto como instituição quanto em relação às pessoas que o compõem, está à altura da riqueza e da complexidade deste momento.
Nobres Senadoras e Senadores, a partir de amanhã, estarei ausente deste plenário, mas continuarei participante, como sempre, da vida política; estarei sempre atenta ao que aqui se polemiza e decide, sabendo o que o povo quer, e que o Brasil pode mudar para melhor.
Neste momento, ao deixar este plenário e a condição de Senadora, levo comigo muito mais responsabilidade do que eu já tinha quando aqui entrei. A responsabilidade, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores que compõem as galerias, de saber que as decisões do que pode acontecer de bom e de importante para o povo brasileiro estarão sendo tomadas aqui, neste recinto; de saber que um dia participei dessas discussões, que pude lutar para decidir; que ajudei, com projetos, a formatar, de maneira melhor e mais equilibrada, a vida do cidadão brasileiro. Tudo isso me enche de honra. Assim, honrada, despeço-me, neste momento, deste Plenário.
Que Deus nos abençoe e nos guarde a todos nesta hora.
Muito obrigada, Sr. Presidente.