Discurso durante a 139ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Estranheza com relação às declarações do Controlador-Geral da União, Sr. Waldir Pires, de defesa da viagem da Ministra Benedita da Silva à Argentina. (como Líder)

Autor
José Jorge (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
Nome completo: José Jorge de Vasconcelos Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Estranheza com relação às declarações do Controlador-Geral da União, Sr. Waldir Pires, de defesa da viagem da Ministra Benedita da Silva à Argentina. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 10/10/2003 - Página 31057
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REPUDIO, DECLARAÇÃO, CHEFE, CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO (CGU), DEFESA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA ASSISTENCIA SOCIAL, ACUSAÇÃO, IRREGULARIDADE, VIAGEM, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, PARTICIPAÇÃO, ENCONTRO, RELIGIÃO, UTILIZAÇÃO, RECURSOS, SETOR PUBLICO, ALEGAÇÕES, FALTA, ETICA, AUSENCIA, CORRUPÇÃO.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria, em primeiro lugar, de agradecer a gentileza de V. Exª em me conceder a palavra já no encerramento da sessão. Prometo que farei meu pronunciamento em cinco minutos.

Trago a esta Casa um assunto que diz respeito à tão falada viagem da Ministra Benedita da Silva à Argentina.

Estranhei a declaração, em todos os jornais de hoje, do Controlador-Geral da União, Waldir Pires, que defende a Ministra Benedita da Silva.

Ora, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Ministra realizou uma viagem completamente irregular. S. Exª se deslocou daqui para Buenos Aires, pagando diárias e passagens de avião com dinheiro público, a fim de participar de um café da manhã anual da oração. Quer dizer, V. Exª sabe melhor do que eu que, na realidade, se a pessoa quer orar - e a oração nada mais é do que falar com Deus -, não precisa viajar, Sr. Presidente. V. Exª, que é do Piauí, pode falar com Deus no Piauí, em Brasília, em qualquer lugar, porque Ele está em todo canto - aqui no plenário, como diz o Senador Heráclito Fortes. Então, se a Ministra Benedita da Silva queria orar, não precisava se deslocar para a Argentina. S. Exª podia rezar no Rio de Janeiro, em Brasília, em qualquer lugar.

Agora, o mais grave, Sr. Presidente, é que ela se deslocou com dinheiro público, e o Presidente Lula perdoou. Lógico, o dinheiro não era de sua Excelência. É muito fácil perdoar quando o dinheiro não sai do seu bolso.

E a própria Controladoria Geral da União, encarregada de fiscalizar essas ações, defende a Ministra. Ora, se o Controlador-Geral da União defende a Ministra, quem vai acusá-la?

S. Exª defendeu a Ministra e disse que isso não era um pecado, não era corrupção; era falta de ética. Na realidade, não sei a diferença entre corrupção e falta de ética.

Vou ler uma declaração do Ministro Waldir Pires que achei interessante, se V. Exª me permitir: “Fica mais fácil, mais simples para a ministra devolver o dinheiro, defender-se e recebê-lo de volta, na medida em que comprovar que a ação pública foi realizada”. A ação pública que apareceu agora foi uma audiência com uma Ministra do Governo argentino, quando, na realidade, todos sabem que essa audiência foi marcada exatamente para uma tentativa posterior de justificar a viagem.

Então, Sr. Presidente, trago este assunto para levantar não somente a questão da viagem da Ministra, que já foi muito discutida - foi errado, se S. Exª queria participar desse café da manhã, teria todo o direito de ir, mas com recursos próprios -, mas também para dizer ao Ministro Waldir Pires que o Controlador-Geral da União é o Controlador-Geral do Governo. Não lhe cabe defender o Governo. S. Exª tem que controlar as ações dos Ministros, ver se estão certas ou erradas, mas não defendê-las. Cabe talvez a outro Ministro defender, mas não ao Controlador-Geral da União.

Gostaria de agradecer mais uma vez, Sr. Presidente, a sua deferência.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/10/2003 - Página 31057