O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na realidade, V. Exª disse que vou falar até os Líderes chegarem. Como estamos esperando, junto com esse povo todo aqui, desde às 15 horas, acredito que vou falar, pelo menos, por 40 minutos, porque não estou vendo nenhuma perspectiva de os Líderes chegarem, para começarmos essa votação.

Gostaria, Sr. Presidente, de aproveitar a oportunidade para dizer que vi, com muita estranheza, o que aconteceu no fim de semana, em Brasília.

O Presidente Lula convocou uma reunião com Governadores, Prefeitos e Ministros do PT. Isso está correto; reunir-se com Governadores, Prefeitos e Ministros de seu Partido é um direito que assiste ao Presidente da República. No entanto, considerei estranho o fato de Sua Excelência fazer essa reunião, com mais de 30 pessoas, escondido da mídia e da população brasileira. Sua Excelência saiu do Palácio da Alvorada, sua residência, deslocou-se para a Granja do Torto de forma secreta, escondida. Os Ministros, os Governadores, os Prefeitos, o Presidente do Partido, os Líderes do Governo no Senado e na Câmara diziam que a reunião não se realizaria. Enquanto isso, o Presidente Lula deixou hasteada a bandeira no Palácio da Alvorada, para enganar os jornalistas que porventura acreditassem que isso seria indicativo de sua presença. Esse é um fato grave, Sr. Presidente; os jornalistas de Brasília são experientes e não vão ser enganados por algo tão simples.

O Presidente da República não pode fazer reuniões secretas cujo conteúdo seja desconhecido da população. Na realidade, foi um desrespeito à imprensa brasileira. Há jornalistas que perdem o seu fim de semana, permanecendo de plantão nas redações, para cobrir as atividades do Presidente da República, de Ministros e Líderes. Eles ficaram sem saber o que estava acontecendo; apenas recebiam notícias de que o Presidente estava reunido com seus Ministros. Enquanto isso, o Assessor de Imprensa afirmava que o Presidente estava no Palácio da Alvorada e que não havia reunião.

Hoje, li que houve um pedido de desculpas por parte da Assessoria de Imprensa, o que não resolve o problema. Houve seguidos pedidos de desculpas. Primeiro, houve a questão dos velhinhos com mais de 90 anos, que tiveram seus salários cortados e que foram obrigados a participar de um recadastramento nos postos do INSS, sem receberem nenhum cuidado. O Ministro Berzoini recusou-se a pedir desculpas no “Bom Dia Brasil”, da Globo; posteriormente, por determinação do Ministro José Dirceu, S. Exª se escusou. Depois, houve o veto ao projeto que beneficiava, com recursos do Fundef, os alunos do ensino especial, ou seja, as crianças excepcionais, com problemas físicos e mentais, alunos de APAEs. Tendo como Relator o Senador Flávio Arns, o projeto foi aprovado por unanimidade na Comissão de Educação e vetado pelo Presidente da República. E dizem que vão pedir desculpas, alegam que houve engano e prometem apresentar um novo projeto, uma medida provisória - o que, aparentemente, não foi feito, embora todos estejam aguardando. Agora, o Presidente tenta esconder-se da imprensa, como se isso fosse possível.

Em meu nome e no dos companheiros do nosso Partido, PFL, eu gostaria de prestar solidariedade à mídia nacional, principalmente aos jornalistas que passam o final de semana de plantão, para cobrir as atividades do Presidente da República, porque, de agora em diante, não se pode mais confiar na palavra da Assessoria de Imprensa do Presidente, quando diz que Sua Excelência está no Alvorada.

Era apenas isso, Sr. Presidente.

Muito obrigado.