Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a declarações do Deputado Fernando Ferro, do PT. (como Líder)

Autor
José Jorge (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
Nome completo: José Jorge de Vasconcelos Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários a declarações do Deputado Fernando Ferro, do PT. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 18/02/2004 - Página 4656
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, DECLARAÇÃO, DEPUTADO FEDERAL, PUBLICAÇÃO, IMPRENSA, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), CONFIRMAÇÃO, EXISTENCIA, PESSOAS, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), SEMELHANÇA, EX SERVIDOR, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ACUSADO, CORRUPÇÃO, NECESSIDADE, AMPLIAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA.
  • DEFESA, NECESSIDADE, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), APURAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, EX SERVIDOR, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente, agradeço aos nobres Senadores Mozarildo Cavalcanti e Aelton Freitas a gentileza de me deixarem falar em primeiro lugar, e evidentemente a V. Exª, Sr. Presidente, porque em seguida presidirei a reunião da Comissão de Serviços de Infra-Estrutura.

Trago para este plenário uma declaração publicada ontem num jornal de Pernambuco, do Deputado Fernando Ferro, do PT, que diz o seguinte: “Temos PCs dentro do PT”.

Considerei essa uma declaração muito grave. Inclusive, ontem, não me referi a ela porque achei que ele poderia desmenti-la. Mas, na realidade, ele não o fez. Então, conversei com outros Deputados, e inclusive com Ministro do próprio Partido, e todos disseram que ele não desmentiu.

É a seguinte a reportagem:

Ferro: “Temos PCs dentro do PT”.

Deputado avisa que o caso Diniz não será único

Com a língua afiada, ontem, no desfile do Bloco da Parceria [é um bloco de carnaval], o deputado federal Fernando Ferro (PT) afirmou que o Partido cresceu demais e, como conseqüência, surgiram pessoas de vários tipos. Para ele, o subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz, demitido na última sexta-feira, acusado de corrupção, “é apenas um dos vários PCs (Paulo César Farias, tesoureiro do ex-presidente Collor) que existem na legenda”. “Essa pedra já havia sido cantada para mim há algum tempo. E acho que ele (Diniz) não será o único. Vai haver muita gente ainda, infelizmente, para dar problema ao Governo Federal”, afirmou.

Nem a agitação da folia, ontem, foi capaz de barrar os comentários a respeito da denúncia contra o ex-assessor do ministro José Dirceu, publicada na revista Época desta semana. O assessor é acusado de pedir dinheiro para campanhas eleitorais do PT, além de propina para ele mesmo. Apesar de destacar que o episódio aconteceu em 2002, o Deputado Fernando Ferro disse que o caso tinha que ser investigado e esclarecido, “a fim de que a ética, que sempre foi característica do PT, fosse restabelecida”.

Destacando que o financiamento de campanhas por particulares gera esse tipo de contravenção, Ferro mandou um recado para o PT. “Tomara que o PT abra o olho e amplie a apuração sobre o assunto. Espero que as investigações sejam intensificadas e que o caso deste cidadão sirva de exemplo para ensinar aqueles que estão querendo se aproveitar do Governo em situações semelhantes”, concluiu.

Portanto, Sr. Presidente Paulo Paim, Srªs e Srs. Senadores, essa é uma declaração da maior gravidade, feita por alguém que tem história no Partido dos Trabalhadores, o Deputado Fernando Ferro, que já está no terceiro mandato, se não me engano. Não é a declaração de um irresponsável qualquer.

Por conta disso, Sr. Presidente, considero que temos que ter a CPI, para que possamos efetivamente investigar o que aconteceu. O Sr. Waldomiro Diniz, na verdade, não é nada, não é ninguém; ele é um assessor do Ministro José Dirceu. Quem é poderoso, quem efetivamente tem as rédeas do Poder, quem está efetivamente governando o Brasil é o Ministro José Dirceu. Ele acumulou uma tal gama de poderes que, na realidade, não pode ficar sob suspeição.

Há ministros sob suspeição, mais de um, que de vez em quando são acusados de uma coisa ou de outra, mas o Sr. José Dirceu é o Presidente da República, é ele quem decide. O Presidente Lula se dedica a viajar para o exterior e a fazer discursos; já fez mais de cem discursos, passou a maior parte dos dias viajando. Quem fica com o dia-a-dia do Governo é o Ministro José Dirceu.

O Sr. Waldomiro Diniz morava na casa do Ministro José Dirceu. Era pessoa da intimidade dele. Então, aquilo que ele fez durante o período anterior ao Governo, no período de campanha, ele deve estar fazendo agora. Ele devia estar recolhendo dinheiro para as campanhas políticas também agora.

Penso que para esclarecer isso, inclusive para que o Ministro José Dirceu possa voltar a ter a credibilidade que ele por acaso tinha, ele vai ter que ser favorável a que a investigação seja a mais completa possível. Por isso assinei a proposta de criação da CPI - e acho que todos os companheiros deveriam assinar. Para que passássemos isso a limpo.

Quanto ao Sr. Waldomiro Diniz - isso sim -, ele pode prestar contas à Polícia, porque o problema dele já está esclarecido. Ele realmente pediu dinheiro a bicheiro, arrecadou dinheiro de bicheiro para a campanha do PT e para outras campanhas. Isso está claro. É preciso saber o que ele fez mais, o que o Sr. Waldomiro Diniz fez durante o ano em que passou como assessor direto do Ministro José Dirceu.

O Deputado Fernando Ferro, que é um membro do PT, tem razão. É necessário que se investigue. Os critérios de nomeação utilizados vão dar margem a que aconteçam outras coisas como essa.

Deixo aqui a minha posição a favor dessa CPI. Dizem que hoje o PT vai se pronunciar por uma CPI mais ampla, que possa investigar outras coisas. Está sendo chamada de CPI do Mercadante. Não sei se V. Exª sabe, Sr. Presidente, mas dizem que vai haver a CPI do Mercadante, que vai investigar isso e outras coisas. Sou a favor também.

Sou a favor da CPI do Ministro José Dirceu, do Waldomiro Diniz, mas sou também a favor da CPI que por acaso for proposta pelo Senador Mercadante. Esta é a minha posição. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/02/2004 - Página 4656