O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Eduardo Siqueira Campos, Srªs e Srs. Senadores, hoje, a Senadora Ideli Salvatti leu a Nota do Presidente Nacional do PT, José Genoíno, e do Secretário de Relações Internacionais, Deputado Paulo Delgado, em que o PT expressa a importância da vitória do Partido Socialista Operário Espanhol nas eleições de ontem e também a sua solidariedade ao povo espanhol.

Na última quinta-feira, inclusive, aprovamos, por unanimidade, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, requerimento do Senador Tião Viana expressando ao povo espanhol nossa indignação diante do sofrimento das famílias de aproximadamente duzentas pessoas falecidas em razão dos ataques terroristas nas estações e nos trens do metrô de Madrid, e das centenas de feridos das mais diversas nacionalidades, inclusive brasileira.

É importante refletirmos a respeito da vitória do Partido Socialista Operário Espanhol, que levará para o cargo de Primeiro-Ministro José Luis Zapatero, Líder do Partido Socialista, e sobre os motivos da derrota do Primeiro-Ministro José Maria Aznar, que tem mantido uma excelente relação com o Presidente Lula.

Sr. Presidente, aquilo que se passa na Espanha, nos Estados Unidos da América e no Reino Unido é muito importante, pois quando o Presidente George Walker Bush resolveu iniciar a guerra contra o Iraque, para derrubar o Governo do Presidente Saddam Hussein, foram muitas as vozes que o alertaram de que seria muito melhor haver um procedimento que não significasse o uso da violência, da guerra, das armas e da destruição física de Bagdá e de outras cidades, o que provocou tantas mortes.

Nós mesmos, no Brasil, tivemos o exemplo de como foi possível transformar um regime ditatorial num outro democrático, com uma transição pacífica e, nesse sentido, exemplar para o mundo. Será que não poderia o povo iraquiano também transformar as suas instituições, ainda mais com a pressão da opinião pública mundial a favor de que houvesse isso?

Pois bem, para justificar aquela ação bélica, houve o anúncio de que o Iraque estava produzindo e tinha escondidas armas de destruição em massa. Até hoje, elas não foram achadas e tanto o governo do Presidente Aznar, como o do Primeiro-Ministro Tony Blair e o de George Walker Bush estão passando por enormes dificuldades políticas. E ainda, na semana passada, quando houve esse ataque do terror, inteiramente condenável, em Madri, o governo de Aznar resolveu divulgar, ainda sem ter comprovação, que aquele ato era decorrente de ação do ETA, movimento pela autonomia da região basca, ainda que pudesse haver sinais, e agora mais fortes, de que a responsabilidade fosse da Al-Qaeda.

Sr. Presidente, todos pudemos ver a indignação do povo espanhol com respeito ao fato de o governo da Espanha não revelar a verdade. Por causa disso, houve a vitória do Partido Socialista Operário Espanhol. A lição que fica, Sr. Presidente, é a do quanto é importante para um governo sempre estar dizendo a verdade e contribuindo para que ela venha inteiramente à tona. E isso vale também para nós, brasileiros, para todo e qualquer governo, inclusive para o do Presidente Lula, que sempre tenho apoiado, Sr. Presidente.

Muito obrigado.