Discurso durante a 24ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise dos índices econômicos no país. (como Líder)

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • Análise dos índices econômicos no país. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 26/03/2004 - Página 8469
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE), INFORMAÇÕES, PRESIDENTE, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), DEMONSTRAÇÃO, RETOMADA, CRESCIMENTO, PAIS, AUMENTO, NUMERO, EMPREGO, CARTEIRA DE TRABALHO, ACORDO, NATUREZA TRABALHISTA, RECUPERAÇÃO, INFLAÇÃO, REVERSÃO, PERDA, PODER AQUISITIVO, TRABALHADOR, SUPERIORIDADE, SALDO, BALANÇA COMERCIAL, MELHORIA, VENDA, COMERCIO VAREJISTA, REDUÇÃO, JUROS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vou fazer hoje o pronunciamento que tinha preparado para ontem e, que, infelizmente, tendo em vista a votação ter ido até tarde, não tive oportunidade de usar a palavra.

Temos vivido, nestas últimas semanas, algumas situações que têm sido apelidadas de “tiroteio”, “fogo amigo”, “estilingue de aliados”, “bombardeio dos inimigos”, “cpizite”, “boataria”, “piti”. Esse é o clima.

Tenho chegado à conclusão que é o 3 de outubro que está vindo aí. É esse clima eleitoral antecipado, preocupante e turbulento que tem tomado conta das mentes e dos corações de todos. Nesse clima, tudo tem uma tendência a aumentar: são os ruídos que aumentam, os ânimos, os ataques, as defesas, as angústias, enfim, lá vamos nós nesse clima antecipado, preocupante e turbulento.

Mas tenho tido a preocupação de buscar, além das turbulências, as outras questões que estão postas na conjuntura. Talvez não precisasse ter tido tanto trabalho de procurar, já que, hoje, o Presidente do Banco Central esteve na Comissão de Assuntos Econômicos, em um belíssimo debate, com a participação de quase 40 Srªs e Srs. Senadores. E como os números que S. Sª trouxe apenas confirmam aquilo que já tinha pesquisado para o dia de ontem, vou reproduzi-los aqui.

O IBGE e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Brasil atestam que, neste primeiro bimestre, os empregos com carteira assinada foram os mais elevados dos últimos 12 anos. Ou seja, nos últimos 12 anos, não tínhamos tido, em janeiro e fevereiro, um volume tão grande de empregos com carteira assinada.

O Ministério do Trabalho também atesta que 58% dos acordos trabalhistas do último trimestre de 2004 foram acordos que ou recuperaram a inflação integral, ou foram superiores à inflação, revertendo a curva de perda do poder aquisitivo dos trabalhadores brasileiros.

Outro dado que está nos jornais dos últimos dias é que, mesmo com a greve dos fiscais - e o problema do Paranaguá, que, felizmente, a greve ontem foi superada -, tivemos, neste início do ano, novo recorde US$5,1 bilhões de saldo da nossa balança comercial.

O IBGE também atesta que, depois de 12 meses seguidos de queda nas vendas, ou seja, desde o final de 2002 até novembro de 2003, nos meses de dezembro e janeiro o comércio varejista já acusou a retomada do crescimento, e é o melhor resultado das vendas desde janeiro de 2000.

A revista Veja apresentou um gráfico que bem demonstra, apesar dos juros elevados, como tem havido queda nos juros reais. O Presidente do Banco Central trouxe esses números mais detalhados, e quero aqui aproveitá-los.

De 1997 a 1999, os juros reais tiveram como média 21%; de 2000 a 2002, tiveram como média 15%; em 2003, foram 13% de juros reais; e, em 2004, a prática e a projeção ao longo do ano é de 9% de juros reais. Ainda é alto? É óbvio que é alto, mas é indiscutível a sua queda. E a revista Veja apresentou um gráfico contundente da queda dos juros reais praticados e que conseguimos manter caindo neste último período.

O próprio documento do Banco Central atesta que os juros, na ponta, para o tomador, no sistema financeiro, têm o menor valor percentual dos últimos três anos. Ainda é alto? É altíssimo: 64,2% de juros ao ano, para quem toma empréstimo - o nosso “papagaio” tradicional, o nosso empréstimo pessoal. Mas é a menor taxa dos últimos três anos. Isso também está documentado.

E o próprio Financial Times, no editorial da edição de ontem, sob o título “O desafio de Lula” , afirma que as realizações do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, nos primeiros 15 meses, são “impressionantes” e que o Presidente não deve deixar que “os ventos desfavoráveis o afastem de seu curso”.

Portanto, os números trazidos hoje pelo Presidente do Banco Central e as notícias que permeiam o noticiário dos jornais de grande circulação são fontes incontestes da retomada do crescimento. E essa turbulência - mais uma vez volto a afirmar -, todo esse fogo amigo, estilingue aliado, bombardeio adversário, do meu ponto de vista, deve-se ao clima de antecipação do 3 de outubro para o cenário do Congresso e das nossas relações.

O debate hoje na Comissão de Assuntos Econômicos foi de altíssimo nível. Tenho certeza de que a vinda do Ministro Antonio Palocci, confirmada para a próxima terça-feira, contribuirá para que todos nós, Situação e Oposição, possamos vivenciar o momento político e econômico tanto interna quanto externamente. E apelo mais uma vez para que discutamos, debatamos, façamos críticas e contundentes contraposições entre os partidos do Governo e da Oposição, sem perder o rumo, para que possamos aproveitar o momento e fazer com que a perspectiva de crescimento do nosso País realmente se consolide.

Muito obrigada, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/03/2004 - Página 8469