Discurso durante a 39ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Proposta de união das lideranças nordestinas para pressionar o governo federal por maiores investimentos na região. (como Líder)

Autor
Sergio Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Severino Sérgio Estelita Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Proposta de união das lideranças nordestinas para pressionar o governo federal por maiores investimentos na região. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2004 - Página 10503
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, CRITERIOS, NOMEAÇÃO, CARGO PUBLICO, FALTA, COMPETENCIA, PREJUIZO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, AUMENTO, FRUSTRAÇÃO, CIDADÃO.
  • PROTESTO, INFERIORIDADE, INVESTIMENTO PUBLICO, REGIÃO NORDESTE, PARALISAÇÃO, OBRA PUBLICA, IMPOSSIBILIDADE, ATUAÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE), ORGÃO REGIONAL, INEFICACIA, INCOMPETENCIA, CARGO DE CONFIANÇA, FALTA, AUXILIO, CALAMIDADE PUBLICA.
  • REPUDIO, PARALISAÇÃO, PROJETO, FERROVIA, LIGAÇÃO, INTERIOR, LITORAL, REGIÃO NORDESTE, ATENDIMENTO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, SUPERAVIT.
  • ANALISE, NECESSIDADE, INVESTIMENTO PUBLICO, INFRAESTRUTURA, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, CONCLAMAÇÃO, UNIÃO, LIDERANÇA, OPOSIÇÃO.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, retomo as últimas palavras do Senador Antonio Carlos Magalhães, que faz referência à indicação e nomeação de lideranças políticas para cargos no Governo Federal ou nas empresas estatais do Governo Federal.

Para nós, essa situação compõe plenamente o cenário de um País que não se encontrou. Não que partidos não devam participar com indicações do Governo. Mas, evidentemente, a vulgarização desse processo, sem considerar o conteúdo dessas indicações, que deve ser o seu mérito técnico, é uma marca dos últimos meses desse Governo, que promete ser agora aprofundada, quando há uma ampla e provável instabilidade. Não me parece que seja esse o caminho para enfrentar um problema nas ruas, um problema de desemprego, de falta de reforma agrária e de desrespeito a direitos adquiridos.

Várias situações vão se generalizando e criando nas ruas um ambiente de ampla insatisfação refletida nas pesquisas e numa certa e crescente insubordinação civil.

Desconhecer esse fato no País de hoje é fechar os olhos à realidade. Sobre a realidade, que era o tema desta nossa pequena intervenção, eu quero dirigir uma palavra, especialmente aos Senadores da nossa região, do Nordeste brasileiro, e de outras regiões periféricas do Brasil, que necessitam mais do que outras da ação e do investimento público federal.

O caso do Nordeste é revoltante. Um ano e meio de Governo e nenhum tostão. Obras, pequenas, médias e grandes estão paralisadas e as instituições absolutamente desmoralizadas, como a antiga e a nova Sudene. As outras instituições regionais também estão desmistificadas. Se ainda tinham uma certa simbologia, hoje não têm mais nenhuma e não foram substituídas por uma nova realidade, e sim por uma fraude organizacional.

Pessoas que não se consideram, que não se entendem, que não têm competência técnica assumem funções para não fazerem rigorosamente nada. Dinheiro federal ninguém vê; recursos para o enfrentamento dos problemas decorrentes das últimas chuvas são desconhecidos.

No tempo dos militares, havia enorme proliferação de números fantasiosos que, nos jornais, anunciavam bilhões e bilhões de recursos que iam para o Nordeste e que os nordestinos nunca viram.

Este Governo começa bem! A cada dia anuncia um programa bilionário que não tem conteúdo, forma nem projeto. Darei um exemplo típico: a ferrovia transnordestina. Ao longo dos últimos catorze ou dezesseis meses, o Ministro Ciro Gomes organizou um grupo interministerial para cuidar do assunto.

Sem essa ferrovia, não há integração econômica do interior do Nordeste com as possibilidades de crescimento econômico do litoral, no qual foram feitos, no passado, investimentos. Esse grupo chegou a um modelo que viria refletir a vontade do Governo inteiro. Esse modelo foi aceito pelo Presidente da República, que comunicou publicamente a sua decisão de realizar a construção da ferrovia transnordestina. Esse modelo foi ao Ministério da Fazenda, e não foi autorizado sob o argumento generalizado do superávit primário.

O Fundo Monetário Internacional resolveu - e nós resolvemos também no Brasil - que não se pode fazer ferrovia no Brasil, que não se pode fazer investimento público em áreas de periferia e pobreza - e o Estado precisa fazer esses investimentos, porque na sua falta ninguém irá fazê-lo.

Essa é a realidade, que está muito além desse processo contaminado e prolífero de nomeações e interesses combinados. Está muito por fora de tudo isto: por fora da fantasia do crescimento econômico que o Presidente anunciou; por fora das centenas e dezenas de entrevistas que são dadas todos os dias pelo Presidente do PT, anunciando um novo ciclo de desenvolvimento econômico no Brasil, uma retomada da expansão econômica.

Ora, nenhuma expansão econômica tem conteúdo e sustentação se não for suportada por investimentos na infra-estrutura, na educação e na saúde. Este Governo não investe em nenhuma dessas áreas! Portanto, o anúncio dessa retomada nada mais é do que uma bolha eventual de crescimento e não tem consistência. Na prática, regiões como a nossa estão mais fora do núcleo de poder do que estavam antes deste Governo, intrinsecamente paulista e concentrador, que reflete no Brasil interesses que não são da maioria do povo brasileiro.

Esse é o discurso de sempre do PT; e essa é a situação com a qual nos deparamos hoje sem reação nenhuma concreta. É preciso reagir; é preciso que Lideranças de todos os Partidos que tenham compromisso com a realidade, e não com pequenos interesses, se juntem para promover mudanças que precisam ser feitas, para que o Nordeste e áreas de pobreza do Brasil deixem a situação de sempre, exploradas, sem voz e sem chance de melhorar!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2004 - Página 10503