Discurso durante a 50ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Recomenda o filme "Diários de Uma Motocicleta", do diretor Walter Salles, que romanceia parte da juventude de Che Guevara, quando realizou uma viagem de motocicleta pela América Latina. Posicionamento contrário ao direito de reeleição das Mesas da Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. CONGRESSO NACIONAL.:
  • Recomenda o filme "Diários de Uma Motocicleta", do diretor Walter Salles, que romanceia parte da juventude de Che Guevara, quando realizou uma viagem de motocicleta pela América Latina. Posicionamento contrário ao direito de reeleição das Mesas da Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 06/05/2004 - Página 12268
Assunto
Outros > HOMENAGEM. CONGRESSO NACIONAL.
Indexação
  • ELOGIO, FILME, TRECHO, BIOGRAFIA, ERNESTO CHE GUEVARA, VULTO HISTORICO, REVOLUÇÃO, SOCIALISMO, INTEGRAÇÃO, AMERICA LATINA.
  • REGISTRO, HISTORIA, POSIÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), OPOSIÇÃO, REELEIÇÃO, MESA DIRETORA, SENADO, CAMARA DOS DEPUTADOS, DEFESA, REVEZAMENTO, CONGRESSISTA, ESCLARECIMENTOS, ATUAÇÃO, ALOIZIO MERCADANTE, SENADOR.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador José Sarney, antes de tratar do tema principal de meu pronunciamento, o direito de reeleição das Mesas do Senado e da Câmara, quero recomendar às Sras e aos Srs. Senadores o filme de Walter Salles, “Diários de Motocicleta”, a que assisti ontem.

O filme trata da viagem que Che Guevara e seu amigo fizeram da Argentina à Venezuela. Passando por momentos muito bonitos e interessantes, esses jovens buscavam conhecer a realidade e a verdade com muita honestidade, principalmente Che Guevara, que demonstrou sua generosidade, ao buscar saber das coisas, e seu sentimento de compaixão, quando dedicou algumas semanas para tratar de leprosos na Ilha de São Paulo, no Peru.

O filme é extremamente belo. Cumprimento o Diretor Walter Salles e recomendo a todos que assistam ao filme. V. Exªs vão gostar, principalmente o Senador Teotônio Vilela Filho, que gosta muito de andar de motocicleta e retorna hoje a esta Casa.

Sr. Presidente, há pouco, estive com o Presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, com quem tratei da reeleição das Mesas das duas Casas. Havia transmitido essa minha intenção ao Presidente José Sarney, a minha Líder, Senadora Ideli Salvatti, e ao Líder Senador Aloizio Mercadante.

Tomei essa iniciativa, porque percebi que a Imprensa tem sobrecarregado o Senador Aloizio Mercadante com a responsabilidade de estar articulando uma posição nesta Casa contrária ao direito de reeleição da Mesa.

Esclareço que, na verdade, se trata de uma posição histórica do Partido dos Trabalhadores desde 1991, quando eu era o único Senador do PT. Em 1995, os Senadores José Eduardo Dutra, Heloísa Helena, Benedita da Silva tínhamos também posição contrária ao direito de reeleição. Quando nos tornamos oito, com Senador Tião Viana e outros Senadores, também fomos contrários ao direito de reeleição da Mesa.

Recordo que, quando se considerou a reeleição da Presidência do Senador Antonio Carlos Magalhães, fui eu próprio que solicitei à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania que examinasse se poderia ou não haver o direito de reeleição. E ali perdemos, porque considerávamos que, mesmo de uma legislatura para outra, não deveria haver o direito de reeleição.

Então, trata-se de uma posição histórica do Partido dos Trabalhadores no Senado.

Há pouco mais de uma mês, tivemos uma reunião de Bancada e não foi iniciativa do Senador Aloizio Mercadante. Digo isso em defesa de S. Exª. A iniciativa foi nossa, de diversos Senadores, e os que estiveram presentes à reunião da Bancada podem testemunhar. Eu mesmo lembro-me bem de ter dito isto: “Como é que nós do PT podemos aceitar o direito de reeleição se sempre tivemos posição contrária?”

Naquela reunião, a maior parte dos Senadores e Senadoras, senão todos os presentes, manifestaram-se contrariamente ao direito de reeleição. O Senador Aloizio Mercadante teve inclusive o cuidado de sugerir que não nos manifestássemos publicamente a respeito do assunto e esperássemos que as coisas fossem conhecidas aos poucos, na hora adequada. Mas o fato de não termos divulgado a nossa posição à imprensa, à opinião pública ou ao plenário acabou provocando que o assunto viesse à tona com toda essa carga.

Presidente José Sarney, tenho por V. Exª uma grande amizade, consideração e respeito e quero informar-lhe que se trata de uma posição histórica do PT. Sempre entendemos que o rodízio é muito saudável, pois entre os 81 Senadores e 513 Deputados, obviamente, há muitos parlamentares com capacidade extraordinária para presidir o Senado e a Câmara. Trata-se, então, de uma questão de princípio da Bancada do Partido dos Trabalhadores e não de uma questão pessoal e de competição do Senador Aloizio Mercadante.

Faço esse registro como forma de restabelecer a verdade.

O Senador Tião Viana pode ser minha testemunha em relação a esses fatos.

O Sr. Tião Viana (Bloco/PT - AC) - Permite-me V. Exª um aparte, Senador Eduardo Suplicy?

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Sim.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha)

O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - O tempo do orador já terminou e nas comunicações inadiáveis não são permitidos apartes.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/05/2004 - Página 12268