O SR. ARTHUR VIRGILIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a imprensa brasileira abre espaço hoje para o assunto que, ontem, nesta Casa, foi objeto de pronta reação dos Senadores, diante da matéria do jornalista Larry Roht, do The New York Times, considerada ofensiva ao Presidente da República e ao próprio Brasil.

É bom, Sr. Presidente, que passe a constar dos Anais do Senado da República a nota publicada na edição de hoje de O Globo, que passo a ler:

Rio, 11 de maio de 2004

Reportagem consegue unir governo e oposição

Lydia Medeiros, Isabel Braga e Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA E SÃO PAULO. Governo e oposição se uniram ontem na defesa do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e condenaram a reportagem publicada no jornal The New York Times domingo afirmando que o país está preocupado porque o presidente estaria exagerando no consumo de bebidas. Com apoio dos partidos, o Presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deve submeter à Casa um voto de censura ao jornal americano pela publicação da reportagem de autoria do jornalista Larry Rohter. A iniciativa do protesto foi da Líder do PT, Senadora Ideli Salvatti (SC).

Sarney classificou a reportagem de preconceituosa e inverídica. Para ele, o texto é um exemplo de um péssimo jornalismo que atinge não apenas Lula, mas a imagem do país.

-- É uma coisa preconceituosa, inverídica, que chega perto da difamação. Isso é grave, porque não é somente o Presidente da República que está em foco, mas a imagem do Brasil -- condenou.

Sarney diz que texto “é uma coisa mesquinha”

Sarney evitou vincular a publicação com a vitória do Brasil em disputas na Organização Mundial do Comércio:

-- Não quero fazer ilações. É uma coisa tão mesquinha que foi feita com o presidente que não pode ser atribuída se não a um péssimo jornalismo, que não devemos apoiar.

O Líder do PSDB, Senador Arthur Virgílio (AM), foi o primeiro a defender Lula no Senado.

-- Conheço o Presidente Lula há anos e nunca vi nele nada que cheirasse a descontrole nesse campo. O jornalista resvalou na grosseria e não daria para tirar casquinha disso.

O Governador de São Paulo, o também tucano Geraldo Alckmin, foi mais incisivo:

-- O Presidente tem a nossa total solidariedade. A reportagem é injusta e maldosa e o governo federal está corretíssimo na sua indignação.

Na Câmara, o Líder do Governo, Professor Luizinho (PT-SP), disse que o jornal americano já deveria estar escaldado porque acabou de enfrentar um escândalo internacional por falsear reportagens -- numa referência a textos fictícios do repórter Jayson Blair. Ele se disse horrorizado e perplexo com a idéia passada pelo The New York Times de que existe um clima de comoção nacional com o comportamento do Presidente: -- O que nos estarrece é que ele sabe o papel que o Presidente está tendo na América Latina, de abertura de mercados com países árabes, com China, Rússia, a negociação na Alca, com o Mercosul. Talvez seja isso. Por que tanto ódio, tanto rancor e preconceito em tão poucas linhas?

Era o que eu tinha a dizer.