Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-governador Leonel de Moura Brizola.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-governador Leonel de Moura Brizola.
Publicação
Publicação no DSF de 23/06/2004 - Página 19035
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LEONEL BRIZOLA, EX GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Srªs Senadoras e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiras, Sr. Presidente José Sarney, V. Exª tem hoje as responsabilidades aumentadas. Senador Ramez Tebet, poucos são os estadistas deste País. Perdemos um, Presidente Sarney, que ajudava V. Exª a carregar os princípios da democracia.

Senador Papaléo, tinha que ser do Rio Grande do Sul. Quis Deus entrasse o bravo gaúcho Paulo Paim. O Rio Grande do Sul, histórico, nos anos da Independência, começou a pensar na República e na liberdade do negro, na Guerra dos Farrapos, com Bento Gonçalves. Agigantou-se o ideal do Rio Grande do Sul e, um século depois da Independência, Senador Paulo Paim, nasceu o mais independente dos homens deste País.

Senador Geraldo Mesquita, posso falar muito à vontade porque já neste Parlamento fiz uma homenagem a Leonel Brizola. E recebi telefonemas de agradecimento e até um convite para ingressar no partido dele.

Senador Paulo Paim, mulher só tenho uma: Adalgizinha. Mas partido temos que ter vários. Quis Deus estar aqui um líder da minha cidade, o Presidente da Associação de Vereadores, o Vereador Napoleão. Então, como prefeito, recebi na minha cidade, Brizola em campanha, porque esse partido era meu coligado. Como foi quando governei o Estado. Senador Ramez Tebet, eu diria assim: se o PMDB é o meu legítimo Partido, o PDT é a amante mais perigosa, pela admiração que tenho por seus princípios.

Vamos fazer uma homenagem concreta a Leonel Brizola. Oh Congresso!, Oh Câmara dos Deputados!, não se transforme em câmara de gás a diminuir o salário do trabalhador brasileiro. Homenagear Brizola é respeitar o salário mais justo dado pelo Senado, levantado por outro gaúcho, o Senador Paulo Paim. Essa é a homenagem que o Congresso, se tiver dignidade, fará a Brizola. Senão é melhor fechar esta Casa para que seja desmoralizada por frustrações e recalques, pois que não têm espírito moderador, revisor.

Senador Presidente Sarney, não sei se foi V. Exª que fez esse museu histórico. Mas quando aqui adentrei - Senador Suassuna, V. Exª que é intelectual -, todo dia eu aprendia um nome escrito em um daqueles quadros. Dezenas e dezenas de presidentes da República. Já esqueci a metade, embora os tenha estudado recentemente. Se formos perguntar a qualquer brasileira ou brasileiro, ninguém saberá dizer o nome de dez presidentes. Eu sei, Presidente Sarney. Mas todos nós, toda criança sabe respeitar o nome de Rui Barbosa, que, como Brizola, lutou, conquistou. A destinação de Brizola para a história é a mesma.

Senador Arthur Virgílio, onde estiver, pela primeira vez, quero contestá-lo: V. Exª disse que ele não deixou herdeiro. Pelo contrário, Brizola deixou. Herdeiros somos todos nós que acreditamos na coragem de que ele foi exemplo.

Ulysses dizia: tira a coragem, acabam-se todas as virtudes. Nenhum brasileiro teve tanta coragem como Brizola. Coerência, manter-se na verdade, honestidade, que exemplo! Durante a quase secular existência, nenhum escândalo, nenhuma mancha de corrupção.

E mais, o grande ensinamento de que a liberdade, a igualdade e a humanidade, aquele grito do povo nas ruas da França, derrubando o absolutismo, todos os reis, têm início com a educação. Ninguém mais do que ele deu esse ensinamento. Aí estão os escolões, os Cieps, e Brizola convocou aquele extraordinário Senador Darcy Ribeiro para levantar essa bandeira.

Esta Casa e o Brasil têm que homenageá-lo, mas a primeira homenagem é da Câmara Federal, pelo salário do trabalhador; uma homenagem pelo que representava esse homem que foi discípulo do PTB de Getúlio, do seu cunhado Presidente João Goulart. Getúlio, a cada 1º de maio, anunciava um salário digno.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, a homenagem que Câmara deve prestar é não atrapalhar aquele sonho de Brizola, que, depois, passou para outro partido, que engrandece os trabalhadores, que é o PDT.

Essas são as nossas palavras, uma homenagem do Piauí em respeito àquele grande estadista. Com a ajuda de Deus, com o exemplo de Brizola, de coragem, de coerência, de honestidade e de crença na educação, haveremos de fazer deste País uma sociedade mais justa, digna e livre.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/06/2004 - Página 19035