A SRª FÁTIMA CLEIDE (Bloco/PT - RO. Para encaminhar a votação. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não poderia deixar de me unir aos demais Senadores que vieram a esta tribuna prestar suas homenagens ao grande brasileiro que foi Leonel de Moura Brizola.

Ao iniciar minha homenagem simples e singela, peço permissão à Mesa para fazer o registro da nota emitida pelo Partido dos Trabalhadores:

O Partido dos Trabalhadores manifesta publicamente seu pesar pela morte de Leonel Brizola. Tratou-se de um líder político que marcou a história do Brasil na segunda metade do século XX e no alvorecer do século XXI.

Coerente com seus princípios e contundente em suas lutas, influenciou toda uma geração de políticos, de militantes e de ativistas. Como Governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, deixou realizações administrativas consagradas na história desses Estados. Sua participação na vida política foi marcada pela mais profunda vocação, orientada por um inquestionável compromisso com as causas populares.

O PT e Brizola estiveram juntos em muitos momentos e em muitas lutas. Nessas caminhadas comuns, aprendemos a admirá-lo. Divergimos em outros e nunca deixamos de respeitá-lo pela firmeza com que conduzia seus pontos de vista.

Homem de espírito público, Brizola, sem dúvida, teve sua carreira política e sua liderança prejudicadas pelo regime militar e pelo exílio. Com sua morte, o Brasil perde um dos seus mais importantes líderes políticos dos últimos 50 anos.

José Genoino - Presidente do Partido dos Trabalhadores.

São Paulo, 21 de junho de 2004

Sr. Presidente, Leonel Brizola foi, como disse a nota do PT e como nós, do Partido dos Trabalhadores, reconhecemos, um grande brasileiro, um patriota que marcou sua vida política pela forte defesa de suas idéias e de suas convicções, sendo protagonista de importante momento de nossa história ao defender a posse de João Goulart na Presidência da República.

A Cadeia da Legalidade, reunindo 104 emissoras de rádio do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, foi um movimento que triunfou sobre os militares que hostilizavam a democracia e queriam vetar Jango na Presidência, após a renúncia de Jânio Quadros.

Somente esse fato, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, já inscreve Leonel de Moura Brizola como um dos maiores homens públicos que o País teve no Século XX.

Como funcionária pública do quadro da educação e Parlamentar que entende ser a educação o instrumento transformador da sociedade, centralizo minhas homenagens nesse aspecto, como já o fizeram os Senadores Cristovam Buarque, Ideli Salvatti e Maguito Vilela.

Brizola sempre pautou o exercício do cargo de Governador - no Rio Grande do Sul e, por duas vezes, no Rio de Janeiro - pela defesa intransigente da educação, que colocava como a prioridade das prioridades.

Brizola introduziu a educação no centro do debate político, ao instituir os Centros Integrados de Educação Pública, os CIEPs, implantando mais de duzentos deles no Rio de Janeiro. Unidades de atendimento integral à educação de crianças carentes, os CIEPs inspiraram modelos que, infelizmente, ficaram pelo caminho.

Desde muito antes, porém, a educação marca sua trajetória - teve a façanha de construir, como bem lembrou o Senador que me antecedeu, quase seis mil escolas públicas no Rio Grande do Sul.

São mais do que justas as homenagens a Brizola. Creio que morre com ele, Srªs e Srs. Senadores, um conceito e prática política marcados profundamente pela coerência, pela exposição do pensamento doutrinário com toda a sua verdade e controvérsia.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigada.