Discurso durante a 74ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a segunda versão da reforma universitária apresentada pelo MEC. Programa Livro Aberto.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ENSINO SUPERIOR. EDUCAÇÃO.:
  • Considerações sobre a segunda versão da reforma universitária apresentada pelo MEC. Programa Livro Aberto.
Publicação
Publicação no DSF de 03/06/2005 - Página 17724
Assunto
Outros > ENSINO SUPERIOR. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, TEXTO, APRESENTAÇÃO, TARSO GENRO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), CONTRIBUIÇÃO, ENTIDADE, SOCIEDADE CIVIL, AMPLIAÇÃO, PROPOSTA, REFORMA UNIVERSITARIA, AUMENTO, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, CRESCIMENTO, VAGA, ENSINO SUPERIOR, FINANCIAMENTO, INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO, MELHORIA, QUALIDADE, ENSINO.
  • COMENTARIO, DIVERGENCIA, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), PROPOSTA, CONVERSÃO, PARCELA, DIVIDA PUBLICA, ESTADOS, GOVERNO FEDERAL, INVESTIMENTO, ENSINO SUPERIOR.
  • ELOGIO, PROGRAMA, INCENTIVO, LEITURA, ABERTURA, BIBLIOTECA PUBLICA, MUNICIPIOS, PAIS, AUMENTO, ACERVO, LIVRO, DEFESA, ORADOR, INCLUSÃO, ACESSO, INFORMATICA.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao apresentar a segunda versão do texto da Reforma Universitária o Ministro Tarso Genro lembrou:

O texto é fruto de intenso debate ocorrido no país e compreende o universo da educação como bem público que atende a sua função social por meio das atividades de ensino, pesquisa e extensão.

É realmente um texto inovador, que acolheu sugestões dos mais variados segmentos ligados ao sistema educacional. Participaram da proposta mais de 230 entidades acadêmicas, científicas e da sociedade civil organizada. O novo texto propõe ampliar, significativamente, os investimentos na área educacional.

Três artérias importantes indicam os novos rumos da Reforma Universitária: a ampliação de vagas no ensino superior; o financiamento das instituições federais e a melhoria da qualidade do ensino prestado.

A educação é um bem social, um direito de todos! Segundo os preceitos constitucionais: “...será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho.” (art 205 caput)

Nesse sentido, é que defendo toda e qualquer iniciativa que promova a universalização do conhecimento e a democratização de acesso à educação. Esse deve ser um desafio de toda a sociedade brasileira.

Uma das propostas do anteprojeto da reforma Universitária lançada pelo Ministério da Educação é a troca da dívida dos Estados com o Governo Federal por investimentos na educação superior. Proposta defendida em diversos fóruns internacionais.

Países como a Costa Rica, a Bolívia, o Equador, a Guatemala e o México, conseguiram a conversão de um percentual de suas dívidas em investimentos na preservação ambiental.

Já a Argentina conseguiu da Espanha o perdão de uma dívida de 60 milhões de Euros, para aplicar tais recursos na educação.

Vejam, embora a idéia seja antiga, a pretensão é bastante atual e, ao meu ver, se enquadra perfeitamente no panorama político-econômico brasileiro de escassez de recursos para investimentos na área educacional.

A proposta, porém, esbarrou nas críticas do Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Bernardo Appy, justificada pela necessidade de respeito aos contratos firmados, e por ser uma forma inadequada de estimular investimentos na educação.

Sr. Presidente, independente das divergentes opiniões entre o Ministério da Fazenda e o Ministério da Educação, é importante que sejam assegurados recursos públicos suficientes para os investimentos que o Brasil precisa realizar na seara educacional.

Não é mais possível convivermos com a baixa escolaridade brasileira. Temos mais de 9 milhões de analfabetos. Apenas 10% de nossos jovens entre 18 e 24 anos estão cursando o ensino superior.

As políticas educativas contribuem para a valorização do ser humano e para a redução das desigualdades sociais, contribuindo sobremaneira para o desenvolvimento das sociedades democráticas. É lamentável a realidade educacional brasileira! Precisamos mudar estas estatísticas! Já não podemos mais adiar esta luta!

Outro assunto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que trago à reflexão desta Casa, nesta tarde, diz respeito ao Programa Livro Aberto.

O livro é o caminho essencial para a formação cultural e intelectual de um país.

Com ele, viajamos pelas estradas da história e pelo mundo da fantasia. O livro é instrumento pedagógico, é prosa, é verso, é lembrança, é poesia na recordação daqueles que já se deleitaram com uma boa leitura.

Acredito na literatura como forma de inclusão e transformação social.

É preciso democratizar o acesso ao livro mediante implantação e revitalização das bibliotecas públicas municipais e estaduais. Precisamos permitir que nossas crianças e jovens tenham acesso à leitura.

O Governo Federal, em parceria com a Biblioteca Nacional, pretende que cada Município tenha uma biblioteca.

O Programa Livro Aberto pretende que todos os Municípios brasileiros tenham uma biblioteca pública, possibilitando o acesso da população à informação e ao conhecimento, desenvolvendo o enriquecimento cultural. É objetivo do Programa, também, dinamizar as bibliotecas já existentes. Sem dúvida, é preciso estimular a leitura.

Isso significa que toda cidade, por menor e mais distante, terá um espaço para disseminar a cultura e despertar o gosto pela leitura. O acervo inicial para a implantação da biblioteca conta com um acervo de dois mil títulos, mobiliário e um computador com o acervo cadastrado.

Segundo reportagem veiculada no jornal Zero Hora, de 30 de maio, só o Estado do Rio Grande do Sul possui 93 Municípios sem bibliotecas públicas.

Se o Programa conseguir zerar o número de Municípios sem bibliotecas teremos dados grandes passos para garantir à população atual e às gerações futuras, o acesso à leitura e à informação.

As metas do Programa para 2005, segundo dados do Ministério da Cultura, incluem a implantação de 400 novas bibliotecas. É louvável a iniciativa, o livro trabalha a criatividade, a imaginação.

É evidente que, mesmo depois do surgimento das grandes e poderosas mídias audiovisuais como o computador e a televisão, o livro continua cumprindo seu papel de entreter, formar e ensinar.

Porém, a meu ver, é importante também que acompanhemos o desenvolvimento tecnológico, por isso acredito que as bibliotecas públicas devam funcionar como centros geradores de conhecimento e para isso é necessário, além de um bom acervo, que se instalem nesses espaços telecentros de informática, permitindo que toda a população possa participar da inclusão digital.

Essa é uma idéia desafiadora, capaz de impulsionar a educação brasileira. A comunicação digital é uma nova forma de disseminação de informação e cultura, que precisa de investimentos públicos.

Parabenizo o Ministério da Cultura e a Biblioteca Nacional pelo projeto. Acredito que iniciativas como esta permitirão que toda criança brasileira se torne um cidadão com capacidade de ser um ser atuante e participativo.

Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/06/2005 - Página 17724