Discurso durante a 77ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Recomenda o afastamento do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, Delúbio Soares, do cargo até a finalização das investigações das denúncias do Deputado Roberto Jefferson.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). POLITICA PARTIDARIA.:
  • Recomenda o afastamento do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, Delúbio Soares, do cargo até a finalização das investigações das denúncias do Deputado Roberto Jefferson.
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães, Flávio Arns, Leonel Pavan.
Publicação
Publicação no DSF de 08/06/2005 - Página 18263
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • COMENTARIO, PESQUISA, ORADOR, OPINIÃO, CIDADÃO, DIVERSIDADE, CLASSE SOCIAL, ASSUNTO, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), APOIO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
  • RECEBIMENTO, APOIO, CIDADÃO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, ASSINATURA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
  • CONFIRMAÇÃO, DECLARAÇÃO, SUGESTÃO, LICENCIAMENTO, TESOUREIRO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PERIODO, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, ROBERTO JEFFERSON, DEPUTADO FEDERAL, PAGAMENTO, PROPINA, COLABORAÇÃO, ESCLARECIMENTOS.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, pelo art. 14, porque fui citado.

Sr. Presidente, também quero expressar meu sentimento de amizade e de respeito por V. Exª, Senador Tião Viana. Agradeço, porque me sinto na necessidade de esclarecer alguns pontos.

Em primeiro lugar, é fato que, nesses últimos dias, andei por muitos lugares do Brasil. E gostaria de ir a Rio Branco, no Acre, para ali ouvir as pessoas que votaram no meu amigo Tião Viana, porque tenho certeza de que perceberia a mesma coisa que senti em Capão Redondo, quando ali percorri as favelas.

Senador Efraim Morais, é fato que fui cumprimentado por diversas pessoas, mas quero lhe dizer que, naquela tarde ainda, o Líder do Governo, Senador Aloizio Mercadante, iria... Mas eu não sei ainda o conteúdo da reunião, mas acredito que o que disseram ao Senador deve ter contribuído para a decisão que hoje a Bancada aqui tomou. O Senador Aloizio Mercadante percorre também as ruas de Capão Redondo.

Em outro dia, domingo, fui levar minha mãe à missa na Igreja São Gabriel, onde um segmento que freqüenta a Igreja, muito cheia, é de pessoas de renda relativamente mais alta em relação às do Capão Redondo.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Ali também muitas pessoas vieram me cumprimentar. Estive, no sábado à noite, em uma cerimônia da revista Franca S/A, que distribuiu o Troféu Destaque Empresarial para 33 empresários, na qual havia 1.300 pessoas. Como fui patrono, fiz um pronunciamento de cinco minutos no início da cerimônia e, no final da noite, pedi outra vez a palavra e disse: “Gostaria de perguntar a todos os presentes algo que queria mostrar ao Presidente Lula. Quem aqui avalia que deveríamos nós, Senadores do PT, não assinar o requerimento de CPI?” Ninguém levantou a mão. “Quem aqui avalia que foi correta a decisão de assinar, a despeito de toda a circunstância que descrevi, o requerimento?” As 1.300 pessoas levantaram as mãos.

Estive em muitos outros lugares, inclusive nos próprios diretórios das cidades de Franca e São Joaquim da Barra, onde, após um prolongado debate com pessoas, algumas das quais com visão semelhante ao do Diretório Nacional e que ali, assim como eu, expuseram seu ponto de vista - na proporção de 3 para 1, em Franca, quase 50 e, em São Joaquim da Barra, cerca de 120 -, todas deram razão a que eu tivesse assinado a CPI.

Estou transmitindo isso, porque, ainda ontem, fui a Campo Grande, Capital do Mato Grosso do Sul do meu amigo Delcídio Amaral. Ao chegar, perguntaram-me: “Senador Eduardo Suplicy, após o pronunciamento do Senador Delcídio Amaral, V. Exª ainda virá para apoiar a candidatura dele para Governador no ano que vem?” Claro que sim, até porque tenho certeza de que ainda hoje à noite, quando fizer a minha palestra sobre Dorcelina Folador e a probidade na administração, na Universidade do Desenvolvimento Regional do Pantanal, vou poder esclarecer e perguntar aos presentes qual a recomendação que eles teriam. Sabe o que aconteceu? Mais de 300 pessoas naquele auditório, presentes o Vice-Governador, três Deputados Estaduais do PT e outros Parlamentares, a comunidade acadêmica... E pedi ao Vice-Prefeito de Mundo Novo, o viúvo, marido de Dorcelina Folador, infelizmente assassinada há algum tempo, que ele fizesse a pergunta: Quem avaliava, depois da palestra, que eu e os demais Senadores do PT não deveriam assinar o requerimento de CPI? Ninguém levantou a mão. Depois ele perguntou quem avaliava que os Senadores do PT deveriam ter assinado? Todos levantaram as mãos.

A própria esposa do Senador Delcídio Amaral soube do acontecimento e também lhe transmitiu... Senador Tião Viana, reafirmei para os meus companheiros - e Dorcelina teria feito essa pergunta para saber como ela iria proceder - que aquele episódio deveria ter contribuído para a decisão hoje tomada.

Senador Tião Viana, a decisão hoje tomada, felizmente, foi a mais certa. A jornalista Fernanda, da Folha, perguntou-me se os Senadores do PT tinham me pedido desculpas pelas palavras de outro dia. Respondi que a melhor notícia era eles firmarem um documento comigo e com palavras semelhantes ao que eu estava dizendo.

Finalmente, sobre o que mencionou o Senador Arthur Virgílio há pouco. É fato que, no Hotel Blue Tree, a imprensa me perguntou a respeito de qual seria minha recomendação ao Diretor-Tesoureiro, Delúbio Soares, do PT. Eu digo, com toda sinceridade. Diante de toda essa situação, seria adequado que ele, primeiro, tivesse a disposição de esclarecer todo e qualquer episódio a respeito do que o Deputado Roberto Jefferson falou. Se eu estivesse em seu lugar, assim procederia. Eu, também, se estivesse no seu lugar, diria ao Presidente José Genoíno e aos meus companheiros de Partido que eu gostaria de esclarecer o assunto integralmente, cabalmente, como deseja o Presidente Lula. Iria esclarecer completamente e, durante esse período, pediria licença do cargo de Tesoureiro do PT, dada a gravidade das denúncias. E por quê? Porque para todo e qualquer Deputado Federal, ou Senador, ou qualquer um dos 800 mil e tantos filiados ao Partido dos Trabalhadores, é uma questão de honra que isso seja integralmente esclarecido. E a melhor pessoa para esclarecer isso, em benefício do Partido dos Trabalhadores e do Presidente Lula, neste momento, é o Sr. Delúbio Soares.

Então, em seu lugar, solicitaria licença para, integralmente, esclarecer... Daria entrevistas à imprensa, com o sossego necessário, mas também me disporia a vir ao Congresso Nacional. Por quê? Porque falou o Deputado Roberto Jefferson que Deputados Federais de outros Partidos, como PL e PP, estariam - em algum momento - recebendo recursos. Então, ninguém melhor do que ele sabe os fatos sobre os quais o Deputado Roberto Jefferson falou. E, portanto...

O Sr. Flávio Arns (Bloco/PT - PR) - Senador Eduardo Suplicy, eu só quero dizer que essa também foi a recomendação do PT, hoje cedo, na reunião. Foi a mesma recomendação que V. Exª está formulando.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Então, eu agradeço-lhe muito. Como eu estava na Comissão de Assuntos Econômicos, quando ocorreu a reunião, eu não sabia disso. Assim, agradeço muito a informação que o Senador Flávio Arns me traz neste instante.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador Eduardo Suplicy, o José Genoíno, Presidente do PT, acabou de defender na imprensa o Delúbio.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Eu também defendo o Delúbio. E a melhor forma de ele esclarecer...

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Mas ele está contra a declaração de V. Exª.

O Sr. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Eduardo Suplicy, peço a V. Exª que conclua.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Também confio no Diretor-Tesoureiro Delúbio Soares. Ele terá condições de esclarecer, integralmente, os fatos. Se eu estivesse no lugar dele, contribuiria o mais rapidamente possível para esses esclarecimentos para o bem do PT e do Governo do Presidente Lula.

Muito obrigado, meu querido amigo Tião Viana. Meu respeito por V. Exª. Se eu fiquei um pouco bravo àquela hora, eu sabia que V. Exª iria de pronto fazer com que as coisas estivessem novamente muito bem entre nós dois.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - V. Exª sabe que eu sempre o chamo de um irmão mais velho.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - V. Exª é meu irmão também.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/06/2005 - Página 18263