Pronunciamento de Jefferson Peres em 02/06/2005
Discurso durante a 74ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários sobre o encontro do Presidente do Senado com o Presidente da República, para discutir uma agenda de interesse nacional.
- Autor
- Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
- Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA NACIONAL.
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
- Comentários sobre o encontro do Presidente do Senado com o Presidente da República, para discutir uma agenda de interesse nacional.
- Publicação
- Publicação no DSF de 03/06/2005 - Página 17699
- Assunto
- Outros > POLITICA NACIONAL. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
- Indexação
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- ELOGIO, INICIATIVA, PRESIDENTE, SENADO, DIALOGO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, QUESTIONAMENTO, RESULTADO, MOTIVO, CRISE, NATUREZA POLITICA.
- APREENSÃO, TENTATIVA, EXECUTIVO, PARCERIA, LEGISLATIVO, ERRO, ADMINISTRAÇÃO FEDERAL, DIFICULDADE, IMPLEMENTAÇÃO, PAUTA, INTERESSE NACIONAL, CRISE, OBSTACULO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Pela ordem.) - Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros, louvo a iniciativa de V. Exª. É uma tentativa de evitar o pior, evitar que o País entre num período muito turbulento, que não sabemos onde desembocará.
Vou dizer de público o que já disse em particular a V. Exª: V. Exª tem-se conduzido com isenção, com equilíbrio, com correção como Presidente desta Casa. Mas o Executivo pode estar cometendo um erro de cálculo se pensar que V. Exª, em algum momento, será cúmplice dos erros do Executivo. E eu devo lhe dizer com toda franqueza, Senador Renan Calheiros, que a sua tentativa pode ter sido em vão porque o Governo está subestimando o tamanho do potencial de crise que existe no País. Nós estamos na iminência não de uma crise institucional, mas de uma crise de legitimidade, com o povo não acreditando mais nos seus homens públicos.
Sintomático o que aconteceu ontem, com carteiros pedindo ao Congresso a CPI dos Correios, lavando a entrada da sede da estatal e cantando, Sr. Presidente: “Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão”. Essa imagem, transmitida à sociedade, que pode se espalhar em todo o corpo social do País, pode ter conseqüências, em médio prazo, muito graves. E, de imediato, com a tentativa do Governo, que parece que será vitoriosa, de derrubar a CPI na Câmara, criar-se-á uma atmosfera tão envenenada nesta Casa e na outra, Sr. Presidente, que receio muito que a agenda de V. Exª, proposta com tanto patriotismo, seja inaplicável, até porque a tarefa a que o Governo se entrega na Câmara é vã, inglória e inútil.
Em duas horas, Sr. Presidente, eu colhi dezessete assinaturas para a CPI neste Senado se a de lá cair, já com uma promessa de mais treze. Então, terei essas trinta assinaturas, até terça-feira próxima. Então, ou o Supremo Tribunal Federal julgará, como todos esperam, o mandado de segurança impetrado por alguns partidos, ou então V. Exª se verá na obrigação de julgar se aplica ou não o Regimento do Senado, que dispõe que, em casos omissos, se aplica o Regimento do Congresso.
Não quero que V. Exª seja obrigado a decidir essa questão. Penso que ela será deslindada pelo Supremo. Apenas me desculpe se digo a V. Exª que, em uma atmosfera envenenada, não haverá condições de se fazer nada de positivo neste Congresso daqui por diante.
Muito obrigado.