O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Presidente Lula, hoje, em uma solenidade em Luziânia, Goiás, disse o seguinte: “Ninguém tem mais autoridade ética do que eu para combater a corrupção.” Isso é uma meia verdade, Sr. Presidente. Antes desse fato, o passado do Presidente Lula lhe permitiria combater a corrupção. Mas, infelizmente, não é o que Sua Excelência está fazendo neste caso. Desde o inicio deste processo, no caso Waldomiro, depois na entrevista do Maurício Marinho, depois na entrevista do Deputado Roberto Jefferson, o Governo tem trabalhado não no sentido de fazer uma apuração limpa, aberta, mas de tentar impedir, de todas as maneiras, que a CPI funcionasse. Primeiro, não deu as assinaturas necessárias, depois, quando as conseguimos, tentou, até a meia-noite daquela noite negra, retirar as assinaturas, para que a CPI não funcionasse. Posteriormente, Senador Jefferson Péres, como não conseguiram, tentaram minimizar a CPI na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e conseguiram aprovar um parecer restringindo a atuação dela.

Acontece que, para valer, esse parecer deveria ser aprovado pelo Plenário do Congresso Nacional. Mas, aparentemente, eles esqueceram do parecer; ninguém fala mais nisso. Como dissemos na época, aquilo não teria nenhuma importância, porque, como diria o Presidente Ulysses Guimarães, numa CPI, o que vale é Sua Excelência o Fato.

Posteriormente, veio a parte que considero mais grave: transformar esta CPI em chapa-branca. No Senado, nas duas CPIs mistas que temos, sempre o Relator é da Oposição; ou o Presidente é da Oposição e o Relator é do Governo. Infelizmente, nesta agora, não. O Relator é um deputado do Governo, o Presidente é o Líder do PT aqui na Casa, o Senador Delcídio Amaral, e o Vice-Presidente é o Senador Maguito Vilela, da Bancada do PMDB, que, todos sabemos, é talvez o que mais apóia o Governo. Então, temos uma CPI que podemos chamar de chapa-branca. E o interessante disso é que a primeira reunião da diretoria da CPI, quer dizer, Presidente, Vice-Presidente e Relator, deu-se na sala do Líder do PT, e somente essas pessoas foram chamadas. Então, foi uma reunião interna da base do Governo dentro da CPI, e com a presença da Senadora Ideli Salvatti, que não tem nada a ver com a CPI, é um membro igual a todos nós, e nenhum de nós foi convidado. Portanto, a CPI já começa sob suspeição. Precisamos ter uma atenção muito grande, para que a população brasileira não venha a se decepcionar mais uma vez com a atuação dos políticos nessas investigações.

Outra questão que eu considerei bastante grave foram as declarações do ex-Ministro José Dirceu na reunião que o PT fez para se solidarizar com ele. Na realidade, penso que a reunião de solidariedade é importante, pois o Ministro José Dirceu deixou de ser o Ministro mais importante do Governo Lula, chamado de “Primeiro-Ministro”, que mandava até mais que o Presidente, para virar um simples Deputado. O Ministro José Dirceu foi a pessoa que montou o PT. Portanto, era previsível que o Partido fizesse uma grande reunião em sua homenagem, uma espécie de enterro de luxo. Isso era esperado, foi feito, e ninguém tem nada contra isso.

Entretanto, as palavras do Ministro José Dirceu, naquele momento, realmente deixaram o País surpreso. Em primeiro lugar, disse que está havendo uma tentativa de golpe no Brasil e que a Oposição - no caso, o PFL e o PSDB; creio que ele esqueceu o PDT e a Senadora Heloísa Helena - estava querendo tirar o Presidente Lula. Infelizmente, para nós da Oposição, essa crise do Governo Lula é gerada somente pelo próprio Governo. Não somos aliados de Roberto Jefferson, não nomeamos Maurício Marinho, não nomeamos Waldomiro. Somos vítimas do próprio Governo. Ao contrário, ficamos prejudicados visto que não pudemos exercer o nosso direito de fazer oposição, porque, ao mesmo tempo, o Governo exerce o direito de ser Governo e de ser Oposição a si mesmo.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Vou encerrar, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PMDB - AP) - V. Exª já está na prorrogação de seu tempo. Não é mais permitido conceder apartes.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Concederei um aparte a Sibá Machado, mas antes lerei uma frase...

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PMDB - AP) - Não é mais permitido, pois V. Exª já está na prorrogação do tempo.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Então, vou apenas ler uma frase. O Senador Delcídio Amaral, na sexta-feira, disse desta tribuna a seguinte frase: “O maior adversário do PT não é a Oposição” - infelizmente, porque, para nós, o prazer seria que o maior adversário do PT fôssemos nós, mas não somos. O maior adversário do PT não é a Oposição. Quem está dizendo isso é o Líder do PT na Casa e Presidente da CPMI “Chapa Branca”. E continuou: “O maior adversário do PT somos nós mesmos, alguns companheiros que nos acusam injustamente, que querem pôr nas manchetes homens dignos. Esses bacanas que plantam dossiês sistemáticos em revistas de jornais nunca saíram de São Paulo.”

Senador Sibá Machado, V. Exª tem 30 segundos para fazer o seu aparte.

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PMDB - AP) - Senador, não é permitido aparte.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Desculpe-me. Serei disciplinado, atendendo ao apelo do Presidente e do Senador Jefferson Péres.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, essa é a nossa idéia. Vamos fazer uma CPMI correta para que tudo possa ser apurado da melhor maneira possível.

Muito obrigado.