Discurso durante a 108ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Esclarecimentos como membro da Igreja Universal, sobre a origem do dinheiro apreendido pela Polícia Federal no aeroporto de São Paulo em posse de deputado federal.

Autor
Marcelo Crivella (PL - Partido Liberal/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
RELIGIÃO.:
  • Esclarecimentos como membro da Igreja Universal, sobre a origem do dinheiro apreendido pela Polícia Federal no aeroporto de São Paulo em posse de deputado federal.
Publicação
Publicação no DSF de 12/07/2005 - Página 22995
Assunto
Outros > RELIGIÃO.
Indexação
  • QUALIDADE, PARTICIPANTE, IGREJA EVANGELICA, LEITURA, NOTA OFICIAL, ESCLARECIMENTOS, APREENSÃO, POLICIA FEDERAL, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), DINHEIRO, OFERTA, MEMBROS, TRANSPORTE, AEROPORTO, OBJETIVO, CONTABILIDADE, MATRIZ, AUSENCIA, IRREGULARIDADE.
  • REGISTRO, DADOS, ATUAÇÃO, IGREJA EVANGELICA, REGIÃO AMAZONICA, IDONEIDADE, APLICAÇÃO DE RECURSOS, DOAÇÃO, MEMBROS, AUSENCIA, VINCULAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, CRITICA, TENTATIVA, CALUNIA, DIFAMAÇÃO.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho hoje à tribuna do Senado Federal prestar um esclarecimento, não como Senador do Rio de Janeiro, mas como membro da Igreja Universal, da qual participo desde a sua fundação.

Tivemos um numerário apreendido pela Polícia Federal em Brasília, em malas que transportavam ofertas de membros da igreja da região da Amazônia e da região de Brasília. Desejo dizer que a Igreja fez um comunicado oficial nessa manhã:

A Igreja Universal do Reino de Deus (URD) é uma entidade religiosa devidamente inscrita, com sua sede nacional sito a Av. João Dias, 1.800, Santo Amaro, São Paulo, onde centraliza os pagamentos de despesas (impostos, aluguéis, empregados, conta de água, luz telefone, aquisição de bens móveis e imóveis etc.) dos seus templos em todo o Brasil, sendo que todos os controles contábeis e financeiros são efetivados exclusivamente em sua Matriz. Esta é uma decisão administrativa da IURD em função da burocracia do sistema bancário.

O dinheiro transportado no avião, apreendido pela Polícia Federal, tinha como finalidade o depósito em São Paulo, e isso foi declarado no embarque desse numerário na cidade de Manaus para o pagamento das despesas referidas no parágrafo anterior.

O dinheiro é resultado de doações dos fiéis em uma comemoração especial ocorrida nos templos da Igreja no sábado, dia 9 de julho, quando a Igreja comemorou 28 anos de existência.

A Igreja Universal do Reino de Deus, por meio de sua diretoria constituída, autorizou por escrito que pessoas transportassem os valores, uma vez que as agências bancárias não ofereciam condições nos Estados.

Todo valor transportado para depósito em São Paulo era em moeda nacional e não caracteriza nenhum ato criminoso, sendo que teve origem categoricamente comprovada e amparada pela Constituição Federal.

O Deputado Federal e Bispo João Batista, do Partido da Frente Liberal, e os demais presentes no avião portavam autorização expressa da Igreja para o transporte de dinheiro, inclusive com descrição da origem e finalidade dos valores.

O Bispo João Batista, Deputado do Partido da Frente Liberal, portava tal autorização, porque também responde como Presidente da IURD.

Sr. Presidente, desejo fazer esclarecimento de maneira categórica. A Igreja Universal do Reino de Deus tem mais de 10 mil igrejas no Brasil; só na região da Amazônia, mais de mil. No sábado, fez 28 anos de idade, reuniram-se nos templos, e foi feita uma coleta. Ora, mil igrejas, com média de 500 pessoas, e muitas delas têm muito mais do que 500 membros, com cada um dando R$5,00 (cinco reais), só aí já são R$2,5 milhões de reais! Todo esse dinheiro apreendido pela Polícia Federal tinha origem: a Igreja que tinha mandado. Os valores eram em notas pequenas, R$5,00 (cinco reais), R$10,00 (dez reais), R$20,00 (vinte reais), 70% do numerário; os outros 25% eram em notas de R$50,00 (cinqüenta reais), e apenas 5% eram em notas de R$100,00 (cem reais). A Igreja tem mais de 10 milhões de fiéis; a maioria são pessoas simples, que dão à Igreja R$5,00 (cinco reais), R$10,00 (dez reais), como fazem também os membros da Igreja Católica e das demais igrejas.

Não é possível pegar R$3 milhões ou R$4 milhões , em notas de R$5,00 (cinco reais) e convencer uma agência de banco, em Manaus, ou no Pará, ou no Rio Grande do Norte, a contar todo esse numerário e depois mandar para São Paulo, onde todos os pagamentos são centralizados. Nenhum gerente de banco há de querer manter quatro, cinco, seis funcionários contando notas tão miúdas, para depois esse dinheiro não ficar na agência e ser transportado para São Paulo, onde se faz o pagamento dos aluguéis, da compra de imóveis, dos salários, da luz, do telefone, de mais de dez mil templos que envolvem, pelo menos, dez milhões de pessoas no Brasil.

Fiquei satisfeito, Sr. Presidente, porque me lembro que, quando a igreja se iniciou, fizemos uma grande reunião no Maracanã e, naquela época, foi capa do Jornal O Globo uma fotografia que mostrava obreiros da igreja carregando sacos de dinheiro oriundos da oferta. Naquela época, a igreja era pequena e pairava uma grande desconfiança se aquele dinheiro teria a destinação para a qual o povo deu. Hoje, não pode mais haver essa desconfiança, a não ser por pessoas movidas de má-fé, que acho não é o caso das pessoas daqui.

São mais de dez mil igrejas, catedrais construídas em todas as capitais para, no mínimo, cinco mil pessoas. É uma igreja que alcançou 105 países com brasileiros. É tese no Itamaraty de vários Ministros que querem galgar o cargo de Embaixador, por ser uma entidade brasileira com representação internacional sem precedentes na história recente do País.

É, portanto, dinheiro de doação. Não tem nada a ver com dólares escondidos em cuecas, não vem de corrupção e foi transportado por um Deputado Federal que não se licenciou e continua sendo o Presidente do Partido.

A Polícia Federal interceptou esse dinheiro em Brasília, porque ele foi declarado em Manaus. Ele não entrou no avião sem que fosse do conhecimento das autoridades. E foram eles que avisaram à Polícia Federal e esperaram as ofertas em Brasília. Esse dinheiro foi levado à Polícia Federal não por desconfiarem da origem, mas porque achavam que poderia haver nota falsa. Até o momento, contaram todas essas notas e não encontram nenhuma falsa. Se, por acaso, encontrarem, é de alguma pessoa que deu uma oferta sem saber que se tratava de nota falsa. Mas é claro que, num valor de milhões, poucas notas falsas jamais poderão comprometer o restante.

Portanto, Sr. Presidente, venho a esta tribuna para prestar hoje um esclarecimento. Sei que o contexto dos fatos é conturbado, sei que muitas pessoas apressadas, caluniosas, e outros, por outros interesses - até porque a igreja tem parceria com a TV Record, e isso desperta nos adversários, na concorrência, expectativas -, podem querer difamar, mudar, dar outras interpretações.

O Bispo João Batista é um economista, é uma pessoa que conheço há mais de 25 anos - a igreja foi inaugurada há 28 e ele, possivelmente, participa há 25 -, é uma pessoa ilibada, um Deputado que jamais faltou com o decoro, e ele prestou esse serviço porque não havia outra possibilidade.

É um dinheiro que é necessário à igreja, que tem despesas enormes, e envolve milhões de pessoas. Esse transporte não podia ser feito de outra maneira. Quisera que a igreja não precisasse pagar aluguel de avião para transportar esse dinheiro.

Mas, como eu disse, agências estaduais não aceitam que um volume tão grande, em notas tão pequenas, seja depositado, tenha de ser contado e, depois, transferido para São Paulo, onde, por questões estratégicas e até de custo, toda despesa é centralizada, é feita e é paga.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ) - Sr. Presidente, esses eram os esclarecimentos que me cabiam, como membro da Igreja, não como Senador do Estado do Rio de Janeiro, onde tive 3,2 milhões de votos. Os membros da Igreja no Rio de Janeiro não passam de quinhentos mil.

Portanto, venho aqui dar um testemunho de quem participa, de quem conhece os fatos. Já avisei tudo isso ao Sr. Ministro da Justiça, logo de manhã, a Igreja preparou uma nota. Eu até gostaria de pedir à Polícia Federal que tratasse o assunto da maneira certa, sem exploração política. Sei que, neste momento, existe talvez uma rivalidade do partido do Governo contra o PFL, e as notícias dão foco sempre como um Deputado do PFL. Não era na situação de Deputado do PFL que ele estava no avião; ele estava ali como Presidente da Igreja e com documentos que o autorizavam a isso.

Qualquer exploração política poderá causar risco de vida a milhares de pastores, que poderão ter as suas igrejas invadidas porque noticiários ou policiais em busca de não sei o quê - de repente a glória - querem expor os fatos e transformá-los num escândalo que não se constitui. Os fatos não se constituem em nenhum escândalo, em nada ilegal. Não existe nada que proíba uma igreja de transportar suas ofertas para fazer o pagamento de suas despesas onde ela tem a sede.

Sr. Presidente, espero ter prestado os esclarecimentos necessários, esclarecido os fatos, e que um trabalho tão bonito feito em 28 anos e que alcança 105 países não sofra com todo o contexto da situação política que vivemos hoje no País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/07/2005 - Página 22995